O Construa Minas reservou a tarde desta terça-feira (18) para tratar das anomalias em construções. O evento ocorreu no espaço The One, na região Centro-Sul de Belo Horizonte.
A palestra inicial, “Principais Patologias em Fundações”, foi ministrada por Anderson Antonio Gervásio. Ele é diretor na Sergio M.P. Velloso Engenheiros Consultores e secretário de Eventos Técnicos da ABMS-NR MG. Para ele não existe projeto geotécnico sem investigação geotécnica. “E geotecnia não se faz só dentro do escritório”, acrescentou.
Anderson citou a necessidade de uma maior fiscalização na sondagem do terreno por parte do contratante. Pular essa etapa, entre outras coisas, gera gastos maiores no futuro. “O estudo do terreno é fundamental, independentemente do tamanho da obra. E não tem essa de ‘é só um murinho’! Contenções de até 1,5 m são as que mais dão problemas”, finalizou.
Na palestra sobre “Principais Patologias em Estruturas”, Leonardo Braga Passos, diretor de Relacionamento da Abece, chamou atenção para mais sensibilidade na engenharia. “É preciso investir mais tempo na análise de projetos. O envelhecimento natural de uma estrutura não é defeito, como é o caso do corpo humano. Anormal são defeitos em estruturas novas, de 2 anos, ou ainda em construção”.
Entre as etapas principais na vida de uma estrutura, o palestrante falou sobre Planejamento e Projeto e da carga excessiva de trabalho e falta de profissionais especializados como agravantes. Segundo Passos, os softwares desenvolvidos para área são ferramentas passíveis de erros, assim como o ser humano.
Sobre Fabricação e Execução, destacou a importância do tecnologista para a compra do concreto, e ainda para a indicação sobre o melhor concreto a ser usado e em um dia específico. No caso da necessidade de furos com a estrutura já pronta, a dica é consultar um calculista.
O diretor da Abece disse que a vida útil mínima de uma construção é de 50 anos, e listou erosão, corrosão, incêndio com explosão e impactos como danos mais comuns às estruturas. “Acidentes dificilmente acontecem por um motivo só. Investir na qualidade de materiais e no treinamento contínuo são parte da prevenção”.
“Principais Patologias em Vedações” foi o tema abordado por Roberto de Araújo Coelho – Delegado ABECE (2000-2002) e diretor da Racional Sistemas Construtivos. Ele lembrou que a vedação não é projetada para receber carregamento no seu plano e que a movimentação inerente aos materiais está relacionada às variações de umidade, térmica e à retração química.
Na sequência, o palestrante Márcio Luiz Martins Neto (MBA Gestão e Liderança, Engenheiro Químico, Gerente Técnico Fassa Bortolo) falou sobre Desperdício e ineficiência que geram patologias nas edificações. Os eventos mais comuns nessa anomalia, ele aponta, são a perda de materiais e de mão de obra; perda de maquinário (por não detectar o momento certo para aluguel e uso); perdas por espessura (revestimento interno) e o desperdício de argamassa.
Neto apontou como solução mudar a tecnologia dos produtos para minimizar perdas, e otimizar a obra com uso de gruas, elevadores. Medida adotada pela Fassa Bortolo, o Sistema de Silos reduz a área de estocagem e de resíduos, tem processo automatizado de dosagem eletrônica na fábrica, gerando maior produtividade e segurança para o trabalho, entre outras vantagens.
A palestra “Principais Patologias em Revestimentos Argamassados”, de Otávio Luiz do Nascimento, doutor em Materiais, mestre em Ciências dos Materiais, diretor da Consultare Engenharia de Desempenho, começou relembrando uma publicação de 1992 (Sinduscon-MG) sobre cerâmicas. Vitou o centenário da construção do Hotel Glória (RJ) em 2022 (o hotel foi vendido em 2008 e está desativado) e o Memorial de Brumadinho (obra do arquiteto Gustavo Penna em homenagem às vítimas do rompimento da barragem da Vale em 2019. Concreto de resíduo cimentício – com base nos rejeitos da tragédia – é usado no Memorial).
Otávio destacou ainda a importância do Estudo de base, citando as interferências de base e material e as de projeto e execução. Um outro ponto mencionado foi a condição climática, pouco observada no nosso país. “Portugal é um país pequeno e ainda assim tem seis subáreas climáticas. O Brasil não diferencia o uso de materiais em razão da condensação (vapores de água que penetram na fachada ou cobertura das edificações, formando gotículas de água nos vidros, paredes e revestimentos cerâmicos). Temos que redobrar o cuidado no entorno da montanha (em referência ao relevo no limite entre BH e Nova Lima).
O último palestrante do dia, Antônio Neves de Carvalho Júnior (doutor em Engenharia Metalúrgica e coordenador do Laboratório de Materiais Metálicos e de Concreto e Argamassas da UFMG), falou sobre as “Principais Patologias em Revestimentos Aderidos”. Neves abordou a especificação de materiais (argamassa colante, revestimento cerâmico, secantes e materiais, juntas de assentamento, juntas de movimentação e sobre técnicas de assentamento) e deu a dica: “manifestações patológicas têm que ser corrigidas por sua causa e não pelo efeito”.
Gustavo Lameira – Agência Interface