Lorenza Coelho/Interface Comunicação

Cerca de 180 pessoas lotaram a Arena Sebrae, no Sebrae Minas, para assistir as palestras do 6º Seminário BIM – SeBIM, uma realização conjunta da CBIM-MG, Sebrae Minas e Sinduscon-MG, com correalização de Women in BIM, Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) e Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra). O evento integra a programação do Construa Minas, realizado pelo Sinduscon-MG e CBIC com apoio do Sebrae.

Confira, a seguir, alguns pontos de destaque de cada painel:

Coordenação de projetos e planejamento BIM

A coordenação tem papel fundamental no planejamento BIM, já que gera todo um resultado baseado em todas as etapas do processo. 

Segundo a palestrante Adriana Gouvêa, CEO da Villa BIM, o desafio é alcançar ótimos resultados dentro das organizações. Por isso, os envolvidos devem questionar sobre os seguintes tópicos: como mensurar os resultados dentro dos projetos? Como conseguir integrar a tecnologia com projetos que já usa dentro da organização? O que a empresa quer alcançar com a tecnologia? O que quer entregar aos clientes?

Mas, antes de tudo, é essencial conhecer bem a empresa e entender se sua atuação ocorre de forma eficiente, englobando toda a equipe. Mapear os processos da  empresa e levantar o investimento necessário para gerar resultados para o projeto, são questões que, segundo Adriana, devem ser questionadas pela coordenação.

“O BIM abrange tudo isso quando partimos dessa base de planejamento, de saber o que queremos.  Por isso, o grande papel da coordenação BIM é orquestrar todos os processos, validando as entregas e fazendo a ponte entre todos os envolvidos e contratados”, ressalta. 

A tecnologia nos processos BIM

O palestrante Lucas Bicalho, consultor BIM da Verum Partners, mostrou como a tecnologia pode ajudar nos processos BIM.  Ele citou alguns exemplos utilizados pela empresa e como o uso de ferramentas de realidade virtual proporcionam imersão e resultados significativos durante todo o planejamento de cada projeto.

 Entre alguns resultados da tecnologia, ele destacou:

 ·         Aumento da colaboração e imersão das artes interessadas nas dinâmicas de construviabilidade da metodologia Advanced Work;

·         Maior integração das partes nas sessões de designers review, por meio da integração de gamificação com modelos BIM;

·         Maior qualidade no levantamento de informações de projetos Brownfields, através de captura de realidade com escaneamento a laser 3D;

·         Redução do fluxo de trabalho de modelagem com aplicações de Inteligência Artificial;

·         Maior velocidade e assertividade na tomada de decisão com o uso de GIS e BIM em projetos de alto impacto social;

·         Maior eficácia na obtenção de informação e maior colaboração dos interessados através das seções de Last Planner, integração de AWP, Lena Construction, BIM e PowerBI;  

·         Maior assertividade para a gestão de materiais e controle de avanço físico por meio da gestão visual com o uso de BIM e AWP;

·         Tomada de decisão mais assertiva e sustentável por meio de uma gestão de risco apoiada a soluções integradas de GIS, BIM 4D, AWP e ESG;

·         Tecnologia como ponte para unir pessoas, colaboração e transformar resultados.

A experiência MRV com BIM

O painel “BIM para fora do escritório” contou com a participação de  Isadora Branquinho, coordenadora BIM da MRV, que falou sobre a experiência da empresa. Ela  destacou que a MRV utiliza o BIM desde 2014 e as principais entregas estão focadas em digitalização e colaboração; layout de canteiro e a utilização do BIM 4D.  Tudo é baseado em três pilares: prazo, qualidade e custo.

Isadora conta que a organização possui um repositório único gerenciando toda a  documentação, num ambiente de dados comum a todos os envolvidos.  “Isso propicia o fácil acesso a todas as informações inseridas no modelo, bem como documentos, comunicação e rastreabilidade”, destaca.

Atualmente, a MRV conta com mais de 1.200 projetos em diversas fases, passando por obras no início do desenvolvimento até as já encerradas. São mais de 12 mil usuários de 15 áreas envolvidas conectados.

Com o BIM, a empresa aposta nas rotinas de comunicação que geram valor para as obras: compatibilização de projetos, do registro da comunicação dentro do ambiente comum de dados. Além disso, consegue detectar interferências para a fase de projetos evitando, consequentemente, o retrabalho antes da execução.

No quesito layout do canteiro, encontraram uma oportunidade de padronização do processo. O objetivo dessa entrega é promover a segurança dos canteiros, por isso, conseguem fazer uma modelagem do caminho seguro de toda a obra, levando em consideração a realização de fluxos diferentes entre colaboradores e demais envolvidos; materiais e equipamentos no canteiro, minimizando acidentes e despesas extras geradas pelas obras.

Segundo Isadora, o layout de canteiro surgiu entro da estratégia do BIM 4D, o que gerou muito valor entre as equipes de produção, em relação ao cronograma de planejamento, vinculadas ao modelo.

BIM para o usuário final

Rafael Morais, coordenador de projetos B&A da Norsk Hydro, contou sobre a sua experiência em contratar as empresas e o que espera receber de cada empresa contratada. Segundo ele, os prestadores de serviço devem oferecer uma estabilidade operacional que entregue o ativo performando como o que foi desenhado durante o projeto. Por isso, tanto os contratantes quando os contratados devem entender sobre BIM e como eles o usam.

“Não queremos receber só papel, mas precisamos do ‘I’ da inteligência dos modelos. Por isso, a forma de contratação dos modelos deve ser adaptada”, salienta. “O BIM preconiza um modelo inteligente com menos revisão e mais assertivo. Não posso pedir aos meus fornecedores o BIM, mas saber as etapas do seu projeto específico”, ressalta Morais.  

Segundo ele, o BIM traz uma visão do sequenciamento construtivo, priorizando algumas áreas, identificando as tarefas e dividindo-as entre as equipes. É um trabalho extremamente colaborativo. “Por isso, é importante colocar todas as partes interessadas nas simulações e promover uma união dos times de suprimentos, construção, projetistas e até a comunidade local, para colocar a discussão na mesa”, finaliza.

BIM para obras industriais 

Lucas Fukuda, arquiteto master na Retro Engenharia trouxe um case da empresa que conseguiu levar para o campo a tecnologia digital. A obra apresentada foi um canal de drenagem com mais de 1km, de extensão.

Assim, pensaram em um modelo BIM para oferecer uma realidade aumentada por meio do 4D.  Nesse sentido, foi desenvolvido um modelo que integrasse todo o cronograma, integrando equipes a um planejamento minucioso e um forte treinamento entre os envolvidos, além de testes da plataforma para a utilização da realidade 4D.

O próximo passo foi integrar todos os envolvidos dentro de uma plataforma e cada um com sua própria assinatura digital, onde conseguem expor cada etapa, cronograma e outras questões e, ainda,  antecipar problemas que possam surgir, tudo em tempo real.

“Todo o planejamento e qualidade, além das aplicações ocorrem de forma remota e digitalizada, facilitando todos os nossos processos internos”, comenta. 

BIM na Espanha e México

Em sua participação, o fundador da BIM Academy, Ignasi Perés, contou sobre como implantou o BIM na Espanha. Ele comentou que, em 2014,  ocorreu em Barcelona a European BIM Summit, um congresso internacional de caráter anual sobre Building Information Modelling (BIM), com o objetivo comum de divulgação das boas práticas no uso de BIM, assim como o compartilhamento de metodologias e o alinhamento internacional para o uso dessa tecnologia. “Foi um evento muito importante para o âmbito europeu que contou com a presença de cerca de 500 pessoas”, comentou.

Péres destacou ainda sobre o EuBIM, observatório criado para fiscalizar o governo e as contratações e licitações BIM. Assim, criaram indicadores KPIs para confrontar se tudo está indo conforme as normas BIM.  “Com isso, foi possível implantar BIM em grandes obras na Espanha, que engloba com 36 prefeituras distintas, englobando o planejamento de todo tipo de infraestrutura como bibliotecas, centro cívico, parque, dentre outros tipos de obras”, explicou o especialista.

No México, Moisés Bustos, integrante da iniciativa BIM e do BIM Task Group México, mostrou uma construção em um país que sofre com desastres naturais como os furacões. E destacou o fato de que as pessoas retomam sua atividade cotidiana nas horas ou dias posteriores a eles. Assim, destacou que “o BIM deve ser a metodologia que integra esses critérios e conceitos para levá-los à sua materialização. Este processo é considerado o modelo digital de todas as especialidades, o trabalho colaborativo entre elas, a geração de uma grande base de dados durante as etapas de planejamento, design, construção e gerenciamento das edificações”, ressaltou.

O Construa Minas 2023 tem patrocínio da TopMix Concreto (Diamante), Confea (Prata), Copasa (Prata), Sicoob Imob.Vc (Prata), Plan Radar (Prata), Mais Controle (Cota StartUp) e apoio institucional da ABRH-MG, CMI/Secovi MG, CREA-MG, Sinaenco-MG, Sindicer-MG, Ibmec, UFMG/DEMC e Tia Lia Lanches.