Elemara Duarte Repórter Unir o útil ao agradável. Projetos de reciclagem de resíduos motivados por interesses complementares de atores sociais, que trabalham dentro de um objetivo comum, podem apresentar possibilidade maior de efetivação. Assim é o «Banco de Terra, Banco de Entulho e Agregado Reciclado» – novas categorias de resíduos inseridas por meio de uma parceria do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG) com os responsáveis pelo site da «Bolsa de Recicláveis», da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). «É um serviço virtual, em que os interessados poderão anunciar suas ofertas, comprar, fazer doações ou a troca de resíduos,» diz o vice-presidente da Área de Materiais, Tecnologia e Meio Ambiente do Sinduscon-MG, Eduardo Henrique Moreira. O mecanismo é simples. No primeiro passo, ofertante e demandante (pessoas jurídicas) devem se cadastrar na Bolsa de Recicláveis. Após o cadastro, receberão um login e uma senha para realizar suas operações. A pessoa física poderá utilizar os serviços do Banco de Terra mediante apoio de uma pessoa jurídica. Em um segundo momento, será feito o cadastramento dos resíduos que serão ofertados ou demandados. Na terceira fase, a Bolsa divulgará os anúncios em sua página ou em seu informativo, o Boletim Fiemg Ambiental, quando os gerenciadores da Bolsa aproximam os interessados. «Originalmente, o projeto era da Comissão de Meio Ambiente do Sinduscon-MG, da qual fazemos parte junto com outras entidades,» comenta o especialista em gestão ambiental e coordenador da Bolsa de Recicláveis da Fiemg, Eduardo Martins da Costa. A idéia já existia, a ferramenta é que precisava ser pensada. «O site, que existe há pouco mais de um ano, trouxe a combinação perfeita.» Costa informa que o endereço eletrônico tem aproximadamente 900 empresas cadastradas para a procura e oferta de outros tipos de resíduos da indústria, sendo a maioria de Minas Gerais. Com a parceria com o Sinduscon-MG, ele acredita que mais 200 empresas passem a integrar a iniciativa. «É uma solução, por exemplo, para a destinação da terra, um dos resíduos que são ofertados em maior quantidade em Belo Horizonte. Quanto mais anúncios existirem no Banco, mais eficiente será o serviço,» convoca o assessor técnico do Sinduscon-MG, Roberto Matozinhos. Qualquer empresa cadastrada pode usar todos os serviços do site, que são gratuitos. Pessoas físicas podem utilizá-lo por meio de um CNPJ de alguma empresa. A parceria para divulgação no site tem por objetivos dar uma destinação ambientalmente correta aos resíduos da construção civil, principalmente a terra. Agregado reciclado é o resultado do beneficiamento do entulho, o que possibilita a sua reinserção no processo produtivo, como por exemplo, a utilização em artefatos de concretos ou pré-moldados sem função estrutural, passeios, meios-fios entre outros. Em 2007, o total de entulho e terra recebidos pela Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) da Prefeitura de Belo Horizonte foi de aproximadamente 700 mil toneladas, sendo 46% de terra (cerca de 320 mil toneladas) e 54% entulho (quase 380 mil toneladas), conforme dados da Superintendência. A SLU, um dos parceiros do projeto, utiliza o entulho (concreto e cerâmica) para reciclagem em três usinas. Nelas são produzidos brita zero, brita 1 e pó de brita nas usinas localizadas no Bairro Estoril, na Região da Pampulha e na Central de Tratamento de Resíduos Sólidos, próxima da BR-040. «A brita vendida pela Superintendência custa um terço do material equivalente em pedreiras convencionais,» compara o diretor operacional da SLU, Edmundo Martins. Projeto de BH é pioneiro no país Nesse projeto, visto pelos organizadores como pioneiro no Brasil, o gerenciamento de resíduos de ofertantes (construtores, transportadores) para demandantes (aterros licenciados, receptores e geradores de resíduos em geral) é uma prática que atinge positivamente e em grande parte o meio ambiente. Com essa ação, o projeto possibilitará a redução de custos, a destinação ambientalmente correta e a redução da emissão de gases motivada pela otimização da destinação do resíduo, assim como, a ampliação da vida útil dos aterros. Entre os benefícios da parceria, podem ser listados a aproximação de ofertantes e demandantes que farão aterro e desaterro. A iniciativa visa, além da redução dos custos oriundos da destinação dos resíduos gerados pelo setor da construção civil, contribuir de forma significativa para amenizar os impactos ambientais. Outro benefício tem caráter educativo, conscientizar a sociedade para inibir a deposição irregular dos resíduos em margens de vias, rodovias, leitos de rios e mananciais ou lotes vagos. A economia gerada pela proposta visa ainda contribuir com as ações do poder público em vários níveis. Um exemplo é a redução de custos operacionais na remoção de deposições clandestinas. Depois da implantação definitiva, os organizadores esperam sensibilizar a sociedade, empresas e geradores para a destinação correta dos resíduos – ação que tem sido trabalhada pela Comissão de Meio Ambiente do Sinduscon-MG mais efetivamente desde 2003. «O objetivo primordial são práticas para evitar a geração de resíduos. Caso não seja possível uma redução em 100%, a saída é a correta destinação dos mesmos,» diz Roberto Matozinhos, do Sinduscon-MG. Além do Sinduscon-MG, da SLU e da Fiemg, outras instituições também participam do projeto. O lançamento do «Banco de Terra, Banco de Entulho e Agregado Reciclado» será em 13 de junho, às 8h30, no auditório térreo da Fiemg. As ofertas e demandas poderão ser cadastradas no endereço www.bolsadereciclaveis.com.br.