Com os preços do atacado, do varejo e da construção civil em aceleração, os repasses para consumidor final são inevitáveis. Representantes dos segmentos explicam que não há como absorver a pressão, mas esperam que a medida adotada pelo governo – elevação da taxa básica de juros – desacelere os índices inflacionários. A evolução dos preços pode ser verificada na inflação de maio medida pelo Índice Geral de Preços – Disponiblidade Interna (IGP-DI), apurado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), subiu para 1,88%, ante alta de 1,12% em abril. O economista do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Daniel Furletti, informou que as negociações salariais para o segmento impactaram sobre os custos de maio. Ele destacou ainda a pressão das commodities metálicas no mercado internacional, o que acaba refletindo sobre os preços de produtos de construção civil. O superintendente técnico da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Afonso Damásio, disse que a elevação dos preços dos alimentos é apenas uma parte da pressão, que também e feita pelos aumentos dos insumos agrícolas e pecuários, além dos custos com transporte e produção. “O repasse dos preços é natural. Não há como fugir. Mas, não há um descontrole”, informou. O superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, acredita que o pior momento já passou e informou que as negociações entre o setor e os atacadistas já foi feita. Segundo ele, houve redução de 7,35% nas vendas do segmento mineiro em abril na comparação com março e no acumulado do ano há desaceleração. O presidente da Associação Comercial de Minas (ACMinas), Charles Lotfi, disse que é necessário conter as pressões inflacionárias para que a população não seja prejudicada. “Não podemos voltar aos repasses constantes. O governo tem que adotar outras medidas além da elevação da Selic. É preciso conter os gastos públicos e normalizar os preços”, ressaltou. O gerente da Divisão de Pesquisas da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Fernando Sasso, acredita que se a economia continuar aquecida vai continuar havendo espaço para reajustes nos preços. “A elevação da Selic deve conter esse aquecimento e, conseqüentemente, a elevação dos preços”, observou. A gerente do setor de Estratégias e Diretrizes do Sebrae Minas, Margarida Fantoni, disse que o lado negativo da pressão dos preços é a possível redução da expectativa de crescimento da economia. “O governo já está reforçando a política monetária conservadora, com ampliação da taxa básica de juros”, explicou. ALINE LUZ