Graças à reativação do Aeroporto de Confins, à construção da Linha Verde, além da instalação da nova sede administrativado governo estadual e do desenvolvimento industrial na região, o Vetor Norte da Capital está puxando a expansão imobiliária na Região Metropolitana (RMBH). Um exemplo dessa movimentação é o investimento de R$ 1,3 bilhão da Gran Viver Urbanismo (Grupo Seculus) em Lagoa Santa e Vespasiano. Vetor Norte concentra lançamentos O boom imobiliário de condomínios horizontais, que toma conta da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), permanecerá fortemente concentrado no Vetor Norte da RMBH, segundo especialistas, empresários e representantes de entidades ligadas ao setor. Além de refletir a saturação dos outros eixos da Grande BH, megaempreendimentos privados e públicos são implantados ao redor dos principais municípios da área, com investimentos próximos a R$ 2 bilhões, atraindo complexos residenciais destinados aos públicos de médio e alto poder aquisitivo. De acordo com o diretor da Gran Viver Urbanismo, empreendedora do setor imobiliário que faz parte do Grupo Seculus, Fernando Drumond, entre os principais fatores que contribuíram para o crescimento da região, estão o volume de crédito no mercado, a saturação dos outros vetores da RMBH, provocando o desenvolvimento Capital rumo ao eixo Norte, e as obras do governo de Minas na região. Linha Verde – O desenvolvimento da região, que tem como principais munícipios Lagoa Santa, Vespasiano e Pedro Leopoldo, ganhou força há quatro anos, com o anúncio da construção da Linha Verde, conjunto de obras viárias do governo do Estado, orçado em R$ 375 milhões, explicam empresários do setor imobiliário que atuam nestas cidades. A Linha Verde será finalizada em setembro, segundo previsão da Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop). Com ela, termina o primeiro ciclo de atração e valorização imobiliária, que chegou a elevar os preços de imóveis em até 2000% em Vespasiano, segundo informações do mercado. Agora, a região recebe a segunda onda de impactos, dessa vez causados pelo início das obras do Centro Administrativo de Minas Gerais, maior empreendimento do governo Aécio Neves, orçado em R$ 948 milhões e previsto para ser entregue em 2010. Quando estiver pronto, cerca de 16 mil servidores públicos serão transferidos para o complexo, a maioria deles com maior nível salarial, com tendência a buscar residências em áreas próximas à nova sede do Executivo estadual. “No eixo Sul, saída para o Rio de Janeiro, o relevo não é favorável e a ocupação já está praticamente consolidada. Na saída para São Paulo, somente Igarapé possui áreas disponíveis, mas desfavorecidas pela distância de 60 quilômetros da Capital. Já na saída para Brasília, onde está o município de Ribeirão das Neves, a tendência é de padrões populares de empreendimentos residenciais, Já na saída para Vitória, o relevo e o volume de trânsito prejudicam os investimentos”, analisou Drumond. Única opção – Assim, para o diretor da Gran Viver, o lado norte da RMBH é a melhor e talvez a única opção para a implantação de empreendimentos industriais, residenciais, de serviços e do setor público. “Não é à toa que o governo de Minas está se movimentando nos últimos anos naquela direção”, disse Drumond. A Gran Viver possui um land bank de R$ 1,3 bilhão, em quatro áreas na região Norte da RMBH, segundo o empresário. Um dos empreendimentos da empresa, o condomínio Gran Royalle, construído nos mesmos moldes dos complexos residenciais de alto padrão de Nova Lima (Vetor Sul), teria um valor geral de vendas (VGV) de R$ 30 milhões. A expectativa é de que pelo menos 50% do residencial estejam comercializados antes do término das obras, previsto para 2009. “A projeção para os próximos cinco anos é a Gran Viver fazer lançamentos em todo o banco de terrenos da empresa no Vetor Norte, com unidades habitacionais avaliadas em R$ 150 mil e com loteamentos vendidos a R$ 100 o metro quadrado”, explicou. Na mesma linha, a Pré-Casa, empresa especializada em casas pré-fabricadas, acumula lucros. Segundo seu representante em Lagoa Santa, Nelson Barbosa Caetano, a demanda está em alta na região, com uma média de vendas 30% superior ao ano passado. “Alto e médio padrões puxaram os negócios no acumulado de 2008, com pelo menos duas unidades vendidas por mês, cujo preço médio vai de R$ 150 mil a R$ 250 mil”, explicou. MARX FERNANDES Loteamentos na região valorizaram 60% em 12 meses O município de Pedro Leopoldo também já experimenta o boom imobiliário A valorização dos loteamentos no Vetor Norte da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) chegou a 60% nos últimos 12 meses, conforme o diretor da Área das Loteadoras do Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (Secovi-MG), Jáder Nassif. De acordo com ele, a elevação dos preços é maior nos lotes, que custam em média, por metro quadrado, R$ 190 a R$ 200 no município de Lagoa Santa e até R$ 230 em Vespasiano. “Com a consolidação da parte viária, a construção da Linha Verde e o início das obras do Centro Administrativo de Minas Gerais, a tendência é que um volume cada vez maior de pessoas se instale na região, causando impactos positivos, como a valorização imobiliária”, explicou Nassif. De acordo com ele, a Gol Linhas Aéreas já teria realocado as famílias de 70 engenheiros do setor aeronáutico na região, com a expansão do centro de manutenções da empresa, localizado em um terreno contíguo ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves (AITN), em Confins, na RMBH. Recentemente, o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, anunciou investimentos de R$ 78 milhões na ampliação do centro de manutenção. O próprio Aeroporto em Confins terá um distrito industrial alfandegado anexo, cujo edital de licitação deverá ser divulgado até o fim deste mês. As obras de urbanização do empreendimento custarão cerca de R$ 10 milhões na fase inicial, e devem atrair pelo menos nove empresas do setor de tecnologia. Para o secretário Municipal de Planejamento de Vespasiano, Edward Starling, o momento é extremamente propício, com aportes de todos os setores concentrados no eixo Norte da RMBH. “Os investimentos da área industrial e de serviços estão refletindo no setor imobiliário, que tem respondido de forma rápida no que diz respeito à implantação de condomínios”, explicou. A principal causa do crescimento do eixo Norte da RMBH seria mesmo a construção de importantes obras do governo de Minas, segundo o vice-presidente da Área Imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Jackson Camara.(MF) Governo impõe restrições O governo de Minas estaria ignorando o equilíbrio entre a oferta e a demanda imobiliária no Vetor Norte da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), com a suspensão da ocupação, da área de maio a novembro deste ano, conforme o diretor da Área das Loteadoras do Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (Secovi-MG), Jáder Nassif. A proibição ocorreu devido à criação do Plano de Governança Ambiental e Urbanística do Vetor Norte, que deve ser concluído até outubro. O projeto, que traça diretrizes de ocupação da região, espera agilizar a concessão de loteamentos e licienciamentos ambientais. Desde o final de maio, a ocupação comercial da área está suspensa, segundo informações da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional de Política Urbana (Sedru). “Representantes do Secovi-MG se reuniram, na última semana, com o vice-governador, Antônio Augusto Anastasia, para discutir a questão. Com a restrição, eles ignoraram a lei básica da economia, que é o equilíbrio entre oferta e procura”, afirmou. A demanda está muito alta e uma proibição de seis meses causaria atrasos ainda maiores para ampliar a oferta no mercado imobiliário da região, segundo ele. “As implantações de loteamentos e condomínios na região, hoje, podem ser contadas nos dedos devido às restrições e à demora nos licenciamentos”, afirmou Nassif. (MF)