Governo qualifica profissionais para obra da nova sede. Obras da nova sede já estão em andamento em BH O governo de Minas está qualificando 180 profissionais nas funções carpinteiro, armador e pedreiro para trabalhar nas obras do Centro Administrativo. A iniciativa, que tem como diferencial a qualificação com inserção no mercado garantida, é uma das ações do projeto Usina do Trabalho, coordenado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese). Os cursos começaram no dia 28 deste mês e têm duração de 15 dias. Todos os formandos terão emprego garantido nas obras do Centro Administrativo, empreendimento orçado em R$ 948 milhões. As aulas são realizadas no Centro Público de Promoção do Trabalho (CPPT) Gameleira, que fica no bairro Nova Cintra. Os alunos recebem alimentação, bolsa-auxílio de R$ 100, kit ferramenta, material didático, uniforme e transporte, do Sine Vetor Norte até o CPPT Gameleira. A iniciativa surgiu em razão da grande demanda de mão-de-obra qualificada feita pelos consórcios que estão construindo o Centro Administrativo. O posto do Sistema Nacional de Emprego (Sine) do Centro Administrativo, conhecido como Sine Vetor Norte, tem mais de 6 mil candidatos inscritos e a seleção das pessoas que participam dos cursos é feita com base nesse cadastro, conforme explica a coordenadora da unidade, Jane Coutinho. “Fizemos uma seleção por ocupação e detectamos uma demanda maior por esses profissionais. Com isso, esses trabalhadores serão qualificados e empregados após a conclusão do curso”. Segundo o subsecretário de Trabalho, Emprego e Renda da Sedese, Antônio Amabile, a qualificação profissional voltada para o atendimento dos consórcios responsáveis pela construção do Centro Administrativo tem vários aspectos positivos. “Estamos conseguindo apoiar a construção do Centro Administrativo com a formação e o encaminhamento de profissionais qualificados, mas, mais do que isso, estamos contribuindo para a inclusão social e produtiva das pessoas do entorno da obra, especialmente aquelas que não conseguiam se inserir no mercado de trabalho”, diz. Novas turmas – Até o fim de agosto, a Sedese deve abrir mais 200 vagas para cursos de oficial de construção civil, pedreiro e eletricista. Além das aulas realizadas no CPPT Gameleira, haverá turmas na cidade de Vespasiano. Usina do Trabalho – O Usina do Trabalho, uma das linhas de ação do Programa Travessia, conta neste ano com R$ 10 milhões. O objetivo é melhorar a empregabilidade da população de baixa renda, incentivar o associativismo e buscar a inclusão no mercado de trabalho. REPORTAGEM LOCAL Serão gerados 3 mil empregos As obras dos três lotes do Centro Administrativo de Minas Gerais estão em andamento, sendo que o lote 1 está com metade dos serviços de terraplenagem executados e a drenagem pluvial além da manutenção de vias em pleno andamento, de acordo com informações da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig). Atualmente, cerca de 600 pessoas trabalham na construção do complexo, com a mobilização de 100 equipamentos e veículos de portes variados, como caminhões, escavadeiras, guindastes e betoneiras. O pico dos trabalhos, em termos de movimentação, está previsto para o primeiro trimestre de 2009, quando pelo menos 3 mil funcionários e 1 mil máquinas estarão executando serviços no canteiro de obras da nova sede do governo. O consórcio responsável pelo lote 1 é formado pelas construtoras Camargo Corrêa, Mendes Júnior e Santa Bárbara Engenharia, que levantarão todo o complexo do Centro Administrativo. A estimativa é que 16 mil servidores públicos sejam transferidos para o empreendimento e que 10 mil pessoas por dia serão atendidas no local. Além do próprio Palácio do Governo, todas as 17 secretarias mudarão para o complexo. O projeto arquitetônico foi realizado por Oscar Niemeyer. Ainda de acordo com informações da Codemig, a mudança poderá gerar uma economia de R$ 25 milhões anuais para o governo apenas com os aluguéis que deixarão de ser pagos. Com isso, o Executivo estadual conseguiria recuperar em cerca de três anos o investimento realizado. Investimento em qualificação ainda é precário O crescimento econômico que o Brasil está vivenciando, ainda bastante tímido quando comparado a outros países emergentes, trouxe à tona um antigo problema: continua precária a qualificação dos trabalhadores brasileiros, o que leva muitas empresas a enfrentarem dificuldades na expansão de seus negócios. Segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), somente 18% dos trabalhadores que buscam emprego no país têm algum tipo de qualificação, o que eleva para 7,5 milhões o número de trabalhadores sem qualquer qualificação ou experiência buscando trabalho no Brasil. “Estes dados revelam uma verdadeira tragédia nacional, que é a desqualificação de uma parte considerável da força de trabalho. Isto não é ruim apenas para estes profissionais, mas também para as empresas, que enfrentam mercados cada vez mais competitivos, inclusive competindo com produtos importados, sem o suporte de uma mão-de-obra preparada para atuar com qualidade”, assinala o presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-Nacional), Ralph Arcanjo Chelotti. Estrutura – Para Chelotti, a desqualificação dos trabalhadores no Brasil é o mais evidente reflexo de graves problemas estruturais nos modelos educacionais adotados no país, que não formam pessoas com qualidade e, muitas vezes, formam profissionais despreparados para determinadas realidades econômicas e sociais que o país atravessa. “A ABRH acredita que é preciso deixar as empresas investirem de modo mais consistente em qualificação de profissionais, pois elas saberão orientar esses investimentos para aqueles setores onde há grande demanda por pessoal qualificado, sem que existam profissionais no mercado. Exemplo claro disso é a premente necessidade de pessoal para o setor petrolífero, o que está obrigando as empresas do setor a investirem em cursos de capacitação para formar seus quadros, que inexistem no Brasil”, assinala Chelotti. Projeto de lei – Para estimular as empresas a investirem mais em qualificação de pessoal, a ABRH-Nacional encaminhou proposta de projeto de lei ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) recomendando que as empresas sejam estimuladas a investir em qualificação de profissionais por meio do abatimento de parte desses investimentos no imposto de renda a pagar. Segundo o vice-presidente de Relações Trabalhistas e Sindicais da ABRH-Nacional, Carlos Pessoa, o governo brasileiro, no passado, já investiu em descentralização da formação profissional por meio de incentivos, algo que pode ser repetido hoje. “O Plano de Aceleração de Crescimento (PAC), que o Governo Federal vem articulando em todo o Brasil, não pode deixar que a preparação dos trabalhadores fique para depois, pois são os trabalhadores qualificados que vão garantir o sucesso dessa iniciativa. É inegável que, a despeito de alguns esforços regionais, o ensino escolar é lento e de má qualidade, com grades curriculares dissociadas das necessidades de Recursos Humanos das empresas”, adverte Pessoa. A má-qualidade da formação dos trabalhadores brasileiros, além de afetar a competitividade do país, prejudica, inclusive, programas e ações voltados para a redução da exclusão social. Segundo Pessoa, exemplo disso é que tanto a Lei do Aprendiz quanto a Lei de Cotas para Pessoas Com Deficiência não estão alcançando os resultados esperados justamente em função da inexistência de pessoal com alguma qualificação para ocupar postos de trabalho. REPORTAGEM LOCAL