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Investidores buscam porto seguro

Poupança e mercado de imóveis para locação viram opções interessantes para aplicadores que temem perder dinheiro na bolsa de valores, que, só em julho, acumulou queda de 8,5% Graziela Reis Vistos como portos seguros, a poupança e o mercado de imóveis para locação se tornaram opções interessantes para os investidores brasileiros. A primeira, tradicional queridinha dos poupadores e preferida da maioria da população de baixa e média renda, fechou julho com saldo acima de R$ 250 bilhões, ou seja, ultrapassou uma marca nunca antes atingida. Segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central, somente no mês passado foi registrada uma captação líquida (diferença entre depósitos e saques) de R$ 1,985 bilhão, o melhor resultado do ano. Os depósitos somaram R$ 101,67 bilhões e os saques, R$ 99,68 bilhões. Já investir em casas, apartamentos e imóveis comerciais para alugar está em alta pela recuperação dos preços de venda, por causa da baixa oferta de unidades no mercado, e da alta do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), principal índice de correção dos aluguéis, que está em 15,11%, nos últimos 12 meses. O movimento do aumento das apostas nos imóveis e das aplicações na segurança da caderneta de poupança concicide com a saída de investidores de aplicações mais arriscadas, como a Bolsa de Valores, ou fundos atrelados a ações. Ontem, foi mais um dia de recuperação para a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que acabou favorecida pelo bom desempenho de ações ligadas ao setores, bancário, mineral (com destaque para a Vale) e siderúrgico. O Ibovespa, principal índice de açoes da Bolsa, teve ganho de 1,90%. Porém, em julho, as perdas acumuladas ficaram, em média, em 8,5%. “As pessoas sempre correm para a poupança ou para os imóveis, quando se sentem inseguras”, afirma o analista de mercado Paulo Vieira. A investidora Heda Gori Simões, por exemplo, acabou de ter o aluguel de um imóvel comercial que tem no Bairro Floresta, em Belo Horizonte, em 100%. Sua renda com a locação ficava em R$ 4 mil. Agora, por causa da nova situação do mercado o aluguel foi para R$ 8 mil. Ela tem outros seis imóveis comerciais na cidade e como está para receber um dinheiro extra já avisa: “Vou comprar mais, pelo menos, quatro imóveis”. Heda Simões já investiu em ações da Bolsa de Valores. “Mas saí. Tive uma forte descapitalização e foi uma decepção. Há muitos riscos. Prefiro os imóveis, bem mais seguros”, afirma. O diretor de locação da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi), Carlos Samuel Freitas, explica que o retorno dos investidores para o mercado de aluguéis é pontual, porém mais forte em algumas regiões do país, como Minas Gerais, São Paulo e Paraná. “Tudo depende da oferta e da demanda. Onde há escassez os preços melhorarame são mais difíceis as negociações para deixar de aplicar o IGP-M em sua totalidade”, pondera. “O mercado está para o proprietário e não para o inquilino”, afirma o diretor da Lar Imóveis, Luiz Antônio Rodrigues. O presidente da Câmara do Mercado Imobiliário do Estado de Minas Gerais (CMI-MG), Ariano Cavalcanti de Paula, só acredita na recuperação da oferta, em Belo Horizonte, no fim de 2009. BAIXA NA OFERTA COMANDA MERCADO A redução na oferta de imóveis nos últimos três anos é a principal responsável pela valorização do mercado de aluguéis. Em algumas imobiliárias são comuns filas de espera para locação. Os imóveis mais “raros” são aqueles com aluguéis entre R$ 500 e R$ 1,5 mil, segundo o presidente da CMI-MG, Ariano Cavalcanti. No país, a negociação para evitar o repasse total do IGP-M, com a oferta de descontos para a correção dos valores pagos mensalmente pelos inquilinos, cresceu cerca de 30%, de acordo com o diretor da Abadi, Carlos Freitas. Mas Cavalcanti garante que em Belo Horizonte o cenário é diferente por causa da escassez maior na oferta. “Estamos repassando todo o IGP-M porque aqueles que saem dos imóveis não conseguem alugar nada semelhante por apenas 15% a mais. Normalmente, têm de pagar, em média, até 50% acima, por apartamento do mesmo padrão”, acrescenta Luiz Rodrigues, da Lar Imóveis. Silvinho Ximenes, da imobiliária que leva seu nome, diz que há algumas negociações para dar desconto no IGP-M, porém são pontuais, “avaliadas caso a caso”. Rodrigues observa ainda que apartamentos de dois quartos estão ainda mais raros. Tanto que alguns chegam a ter aluguel cotado nos mesmos patamares que os registrados para imóveis de três quartos. Cavalcanti lembra que o cenário atual é consequência de preços muito baixos praticados até 2005, quando a oferta de imóveis para locação estava alta. Naquela época, os inquilinos ganhavam vantagens. “Nessa brincadeira de gato e rato há momentos para os dois jogadores. Agora é o investidor que está na frente”, pondera Freitas. Para ele, o aquecimento da construção civil, observado este ano só vai garantir reflexos da melhoria de oferta nos próximos anos. SEM ERRO Poupança É a melhor aposta para aqueles que têm menos de R$ 1 mil. Apesar da rentabilidade ainda ser baixa, os mais conservadores apostam na aplicação porque não tem taxas de adminstração, não é preciso pagar Imposto de Renda e ainda há liquidez ampla e imediata. Até julho, a poupança registrou retorno financeiro de 4,21%. A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), da Fundação Ipead, ficou em 2,85%, no mesmo período. Imóveis O momento é de alta de preços nos aluguéis por causa da baixa oferta de unidades para locação e também pelo aumento do IGP-M, principal índice de reajuste das mensalidades. Também existe a vantagem nos períodos de volatilidade, pois seus preços de venda não têm alterações expressivas de um dia para o outro. Vale lembrar que a liquidez não é ampla e imediata e, em momento de aperto, o proprietário pode não conseguir vender na hora que precisa. Bolsa ou fundos de ações Aqueles que têm recursos aplicados não devem sair. Mas os que ainda não investiram não devem fazer suas apostas. Alta volatilidade e risco. Mas há possibilidade de ganhos maiores, em prazos longos. Fundos de investimento Os fundos DI e de renda fixa permanecem como as aplicações mais rentáveis do ano, com ganho médio de 6,26% e 6,91%, de janeiro a julho. Não é recomendável investir menos de R$ 5 mil por causa da incidência do Imposto de Renda e das taxas de administração. Aplicações por curto período são perigosas.