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Os aumentos nos preços na economia nacional

(*) Daniel Ítalo Richard Furletti (**) Ieda Maria Pereira Vasconcelos O aumento nos preços na economia nacional deixou de ser uma possibilidade e virou preocupação real. Em 2008 o país deverá ultrapassar o teto de 6,5% da meta inflacionária. É o que mostra o resultado da pesquisa Focus, realizada semanalmente pelo Banco Central com analistas do mercado financeiro. A última publicação revela que a expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA/IBGE), utilizado como referência para a citada meta, é de 6,53% neste ano. Conforme amplamente divulgado, a inflação não é um problema exclusivo do Brasil, e sim mundial. As razões para isso são conhecidas: reflexo dos choques externos de preços das commodities agrícolas, minerais/metálicas e do petróleo. No caso das commodities agrícolas, vários especialistas apontam como determinantes no processo de aumento nos preços a produção crescente de biocombustíveis (destaca-se especialmente a produção do etanol, nos Estados Unidos, a partir do milho), a quebra da safra em alguns países, o aumento no preço do petróleo, afetando o custo da produção e do transporte dos alimentos. Além disso, destaca-se especialmente a força que vem ganhando a justificativa da especulação financeira no mercado futuro. A inflação “importada”, ou melhor, globalizada, encontrou um cenário interno com a demanda aquecida. O emprego cresceu e a renda da população também. Em 2007, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho e Emprego (CAGED/MTE), o país gerou mais de 1,6 milhão de vagas formais. Os resultados no primeiro semestre de 2008 também são expressivos. Entretanto, não é exclusivamente o consumo das famílias que gera maior pressão na oferta. O incremento nos gastos públicos também. Dados do IBGE indicam crescimento há 18 trimestres no consumo das famílias e há 20 trimestres no consumo da administração pública. Pode-se comparar a atual inflação a um vírus que atacou a economia mundial. O alento é que ele provocou uma doença já conhecida e que tem cura. Mas é preciso saber tratar a enfermidade. O Brasil parece ter aprendido a lição por já ter sido contaminado anteriormente por ela. Pelo menos, se mostra preocupado e disposto a tomar a dose amarga do remédio. Só não pode exagerar. Este remédio passa, inexoravelmente, pelo controle do gasto público (política fiscal) e pela otimização da política de crédito e não somente pela exacerbação da política monetária (alta de juros). A estratégia melhor, para não desestimular o crescimento da economia, é adequar o gasto público, pois é o setor privado quem produz e deve produzir o desenvolvimento. Reduzindo o consumo do governo, o excesso de demanda interna cai e o Banco Central não precisa apertar a mão nos juros. (*) Daniel Ítalo Richard Furletti é economista e coordenador sindical do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG); (**) Ieda Maria Pereira Vasconcelos é economista e assessora ecconômica do Sinduscon-MG.