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Atraso no fornecimento

Aquecimento na construção civil já compromete prazos para entrega de matérias-primas Elian Guimarães A expansão do setor imobiliário ainda não afetou o fornecimento de matéria-prima, mas os prazos de entrega estão mais dilatados devido à forte demanda do setor. O mais grave é a falta de mão-de-obra especializada. Essa é a conclusão do presidente da Câmara da Indústria da Construção, da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Teodomiro Diniz, durante a abertura do Salão Imobiliário de Minas 2008, no Expominas. A expectativa, de acordo com Walter Bernardes, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-MG), é de movimentar R$ 100 milhões em negócios no evento. Mais de 20 empresas de pequeno, médio e grande portes apresentarão, até sábado, seus imóveis de valores a partir de R$ 200 mil. O momento é propício para a industrialização da construção civil, admite Teodomiro Diniz: “A cadeia produtiva precisa apostar na industrialização e tornar-se mais competitiva. Minas Gerais tem números expressivos – de 2004 a 2008, gerou 600 mil postos de trabalho; desses, 37% nos primeiros sete meses de 2008”. O estado é o segundo colocado no número de vagas, ficando atrás de São Paulo. Os números de crescimento do setor ainda não afetaram o fornecimento de matérias-primas essenciais, como cimento e aço. Teodomiro se diz otimista e acredita na garantia da indústria de aço de que o produto não faltará nos próximos anos, mas os atrasos na entrega tanto do aço quanto cimento já chegam a 20 dias. Apagão de operários Mão-de-obra especializada já é problema na construção civil e pesada. Empresas investem na formação dos próprios profissionais para manter o ritmo das obras Elian Guimarães Fornecedores de aço, ferragens e cimento para a construção civil e pesada garantem que os produtos não faltarão no mercado, mesmo com a forte expansão imobiliária, mas a escassez de mão-de-obra especializada pode inibir o crescimento. As empresas já procuram formar os próprios profissionais, na tentativa de manter o ritmo dos empreendimentos. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-MG), Walter Bernardes Castro, Minas tem apresentado maior dinamismo no setor e a demanda dos 14 sindicatos é a formação de mão-de-obra, principalmente no interior, em cidades de pequeno e médio portes: “A economia ficou muitos anos estagnada e não houve renovação e formação de novos profissionais”. As carências maiores, entretanto, conforme Teodomiro Diniz, presidente da Câmara da Indústria da Construção da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), são de infra-estrutura, dificultando a produtividade nos parques industriais: “O fornecimento de aço e cimento tem demorado mais, mas não faltarão no mercado. Os fornecedores priorizarão a indústria nacional. A prestação de serviço é que tem provocado pequenos atrasos nos canteiros de obra. Tanto a produção de aço quanto o cimento podem atender a um grande volume concentrado. É preciso melhorar os processos industriais para suprir o mercado”. Teodomiro acredita que essa expansão, com maior intensidade nos últimos seis meses, não afetará o produto final para o consumidor, mesmo admitindo o aumento de insumos básicos, como o aço e os terrenos, principalmente na Região Metropolitana de BH. Na composição do preço de um imóvel, entram vários fatores, entre eles o valor do terreno, remuneração do capital e do gasto financeiro, taxa de custo e no final, segundo Walter Bernardes, o lucro líquido é de 15%. Há dois anos, o preço do terreno na região central de Belo Horizonte era de R$ 1 mil o metro quadrado, hoje é de R$ 6mil. INFRA-ESTRUTURA Na construção pesada, o foco principal deve ser a recuperação da infra-estrutura, acredita o presidente do Sicepot, Marcos Salum, bem como investimentos em máquinas e equipamentos. Mas a mão-de-obra especializada é também um gargalo no setor. As máquinas modernas lançadas pela indústria, como motoniveladoras, escavadeiras e outras de última geração não têm profissionais especializados para operá-las. Mas há também escassez de engenheiros, reconhece Salum. O setor de construção pesada tem sua maior atuação em obras de grande porte estruturais e, portanto, com contratos de mais longo prazo. O aumento dos insumos e de maquinário acaba afetando a margem de lucro das empresas, que não podem repassá-los ao cliente depois de fechado o contrato. Salum explica que o sindicato tem investido pesado na qualificação de pessoal, tanto técnico quanto de gerenciamento e administração, em parceria com universidades.