Luciana Rezende Repórter Em um momento de crise financeira internacional, como a atual, e com um cenário econômico relativamente incerto, parece ser difícil conjugar os verbos planejar e investir. No entanto, a hora é de refletir sobre esses assuntos e, principalmente, «colocar a mão na massa» em duas frentes diferentes: acabar com o descontrole financeiro e o endividamento e, em outra ponta, aproveitar para aplicar a longo prazo. «Períodos como esse são muito bons para quem está investindo ou vai começar. No entanto, a crise eleva juros e, as pessoas que têm dívidas precisam se cuidar muito ou a situação irá piorar», argumenta o especialista em Finanças Comportamentais, Jurandir Sell Macedo Júnior. Ele será um dos palestrantes da 4ª edição da Expo Money, que acontece em Belo Horizonte, na próxima semana, justamente com a finalidade de orientar, gratuitamente, esses dois tipos de público. NORMAL – O evento é extremamente válido nessa fase de turbulências, porque o que tentamos falar, ao longo dos anos, é efetivamente como as pessoas podem estar preparadas para esse tipo de situação. A melhor alternativa para enfrentar oscilações do mercado e mudanças na economia é, sem dúvida, educar-se financeiramente», alerta o presidente da Trade Network, Robert Dannenberg, organizador do congresso, que defende a criação de uma cultura de investimento de longo prazo entre os brasileiros. «Este é o momento de se programar para isso, pois nas crises é que aparecem as oportunidades. E, durante a Expo Money, os visitantes poderão receber inúmeras orientações sobre isso», garante. Dannenberg informa que, nos dois dias de evento (22 e 23 de outubro), os interessados em aprender a administrar as finanças pessoais ou aprofundar conhecimentos sobre os investimentos terão a oportunidade de tirar as dúvidas nas 40 palestras e através dos cerca de 30 expositores de diversas empresas ligadas ao mercado financeiro, como BM&FBovespa, corretoras de valores e companhias abertas. Muitos montarão estandes para orientar pessoalmente os participantes, inclusive simulando carteiras de ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). «Obviamente, haverá uma ênfase maior na Bolsa, pelas oportunidades existentes no momento em função da queda de preço das ações. Teremos até um concurso cultural nas palestras de empresas, em que as pessoas concorrerão a R$ 1.000 em ações das companhias», adianta. Entretanto, ele lembra que, para participar do evento, não é preciso entender de finanças, uma vez que ele é voltado para todos os níveis de conhecimento: iniciantes em educação financeira, que querem, por exemplo, terminar o mês com dinheiro sobrando e aprender a fazer o planejamento das finanças; os intermediários, que não estão endividados e têm intenção de começar a investir; e os avançados, ou seja, aqueles que querem explorar ou diversificar os investimentos, entendendo, por exemplo, de derivativos. «É uma ótima oportunidade para entender como se planejar, se equilibrar financeiramente e pensar no longo prazo», completa Jurandir Macedo. Ele, que é também professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), explica que, antes de começar a investir, é necessário ter capacidade de poupar. Para tanto, o primeiro passo é economizar – gastar menos, principalmente erradicando o desperdício. «E o maior deles é pagar juros», observa o especialista, salientando que a elaboração de uma planilha de orçamento é fundamental para iniciar essa caminhada e transformar a economia em poupança. O gerente de home broker da Spinelli Corretora, Eric Martins, que também fará palestra na Expo Money BH, complementa que, a ação seguinte é definir uma estratégia de investimento, de preferência de longo prazo, pensando no futuro. «Isso está ligado à capacidade de a pessoa fazer o dinheiro que conseguiu poupar crescer, permitindo o aumento do poder aquisitivo futuro», destaca, registrando que é fundamental definir os objetivos da acumulação dos recursos – como comprar uma casa, fazer um «pé de meia» para emergências, pagar os estudos – antes de optar por uma aplicação. É com base nessas metas, segundo Martins, que a pessoa poderá definir o prazo pelo qual poderá manter o dinheiro aplicado, o que tem implicações sobre o risco e liquidez do investimento. «Na Expo Money, os participantes terão a chance de entender melhor esses aspectos e, principalmente, se conhecer como investidor, traçar o seu perfil e descobrir o melhor tipo de aplicação para ele. Até aqueles que estão felizes por não terem dinheiro na Bolsa… pode ser a hora de aprender e entrar. Agora, mais do que nunca, esse entendimento é necessário», reforça Ronald Dannenberg. Na última edição da Expo Money BH, mais de 4 mil pessoas participaram do evento. Neste ano, a expectativa dos organizadores é atingir os 5 mil inscritos. «O interesse e número de investidores têm nos surpreendido a cada ano», afirma Dannenberg, lembrando que o que faz a diferença para ganhar mais no futuro é manter a freqüência do investimento.