Sinduscon – MG

Notícias

Home / Desemprego caiu na RMBH

Desemprego caiu na RMBH

Apesar dos problemas de liquidez, o mercado de trabalho na região não foi afetado. A crise financeira ainda não chegou ao mercado de trabalho na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). É o que confirmam os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED/RMBH), realizada pela Fundação João Pinheiro (FJP), Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) e Fundação do Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), divulgada ontem. O desemprego registrou redução de 2,1% em setembro ante agosto, ao passar de 9,7% da População Economicamente Ativa (PEA) para 9,5%. Foi o percentual mais baixo de toda a série histórica, que começou a se registrada no final de 1995. O coordenador técnico do Centro de Estatística e Informações (CEI) da FJP, Plínio Campos de Souza, ressaltou que os impactos da turbulência econômica não são sentidos de imediato. “Isto leva tempo. Além disso, a crise começou a ficar mais em evidência justamente no final de setembro. O fato de algumas montadoras estarem dando férias coletivas aos seus funcionários é bem diferente da situação de aviso prévio”, disse. Para ele, a crise internacional deve ter reflexos mais expressivos na geração de vagas no próximo exercício. “Não será com a mesma intensidade comparada com momentos de crise anos atrás, já que o país tem hoje uma economia mais sólida”, observou. Ainda segundo dados da PED/RMBH, em setembro 253 mil pessoas estavam desempregadas, contra 258 mil de agosto. No nono mês do ano passado eram 294 mil desempregados na região. No que se refere ao número de pessoas economicamente ativas, foi verificada relativa estabilidade, já que a redução ante o mês anterior foi de 0,1%, o que representou 2 mil pessoas a menos. O mesmo aconteceu com o contigente de ocupados, que registrou alta de 0,1% ou 3 mil pessoas a mais na mesma base de comparação. Comércio – Em setembro frente agosto, o comércio da RMBH foi o setor que mais gerou postos de trabalho, com 13 mil vagas, o que representou crescimento de 3,5%. Em seguida, ficou o segmento de serviços, com expansão de 0,8% ou 11 mil ocupações. De acordo com o levantamento, o tempo de procura por trabalho passou de 45 semanas para 44 semanas de agosto para setembro deste ano. Na divisão por forma de inserção foi verificado aumento de 11 mil empregos com carteira assinada e 10 mil sem registro em carteira. No setor público, o número de vagas variou negativamente em 0,6% em setembro frente ao mês anterior, o que representou 2 mil vagas a menos. Entre os autônomos houve redução de 11 mil vagas. O mesmo aconteceu com os empregados domésticos, com recuo de 7 mil postos de trabalho. No agregado “demais posições”, o levantamento computou aumento de 2 mil vagas. A pesquisa também revelou que o rendimento real médio dos ocupados apresentou redução de 1,3% em agosto ante julho e o salário real médio retração de 3,2%, correspondendo a R$ 1,134 mil e R$ 1,155 mil, respectivamente. Já o rendimento real médio dos autonômos apresentou incremento de 3,7% e passou para R$ 898. JULIANA GONTIJO Setor industrial desacelera o ritmo O emprego na indústria da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) registrou redução de 2,5% em setembro ante o mês anterior, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED/RMBH), divulgada ontem pela Fundação João Pinheiro (FJP). Foram 9 mil vagas a menos na região. A retração se manteve frente setembro do ano passado, ainda mais intensa, com queda de 5,1%, o que significou perda de 19 mil postos de trabalho. Para o presidente do Conselho de Relações do Trabalho da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Osmani Teixeira de Abreu, a redução das vagas na atividade industrial já é um dos reflexos, embora ainda não tão intenso, da crise internacional. “Afinal, a indústria começa a dar sinais antes, pois se prepara para atender à demanda do varejo. Acreditava que os impactos no mercado de trabalho chegariam em outubro”, frisou. O dirigente afirmou que, se for mantido o cenário atual, é possível que haja queda nos postos de trabalho da indústria ainda mais intensa em outubro. “Mais do que nunca, o governo precisa agir”, disse. Ainda segundo o levantamento, a indústria metal-mecânica na RMBH registrou recuo de 1,4% no emprego em setembro quando comparado com agosto de igual ano e queda de 4,1% frente o nono mês do ano passado. Já o segmento têxtil e de vestuário contabilizou variação nula no primeiro caso e queda de 22,6% ante setembro do ano passado. O setor intitulado “outras indústrias” registrou queda de 3,9% e 0,6%, respectivamente. Considerando todos os setores analisados, o desemprego na RMBH apresentou recuo de 16,7% em setembro ante o mesmo mês de 2007, já que a taxa passou de 11,4% para 9,4% da População Economicamente Ativa (PEA). Nesse intervalo, o tempo médio de procura por trabalho também caiu, passando de 53 semanas para 44 semanas. Ainda conforme o levantamento, a PEA cresceu em 79 mil pessoas no nono mês de 2008 frente setembro de 2007, e o número de ocupados em 120 mil, o que resultou na diminuição de 41 mil desempregados na região. (JG) Retração na construção Além da indústria, a construção civil também apresentou queda nas vagas em setembro ante agosto de igual ano na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), conforme Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED/RMBH), divulgada ontem pela Fundação João Pinheiro (FJP). O recuo foi de 3,9%, o que significou 7 mil empregos a menos. Para o vice-presidente de Política, Relações Trabalhistas e Recursos Humanos do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Ricardo Catão Ribeiro, o resultado ainda não é fruto das turbulências internacionais. “Foi uma oscilação. Além do mais, vale destacar que os impactos não são imediatos. Há vários projetos em andamento e o setor trabalha com prazos longos”, analisou. O dirigente disse que, diante do cenário atual, é possível que haja redução do crescimento do emprego na atividade no próximo ano. Ainda segundo os dados do levantamento, na comparação com setembro do ano passado a construção na RMBH apresentou aumento de 3,6% nas vagas de trabalho ou mais 6 mil postos. De acordo com o coordenador técnico do Centro de Estatística e Informações (CEI) da FJP, Plínio Campos de Souza, a construção civil foi o setor com o crescimento mais intenso em termos percentuais neste ano. Já em números absolutos o destaque fica com os segmentos de comércio e serviços. “A atividade vem crescendo de forma considerável há cerca de três anos”, disse. Já a expansão dos postos de trabalho no comércio de 3,5% no nono mês de 2008 ante agosto, o que representou 13 mil vagas a mais no intervalo, se deve, segundo a chefe do Departamento de Economia da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas), Silvânia de Araújo, às antecipações das contratações do setor para o Natal. “Algumas empresas contratam em setembro para treinar o profissional”, disse. Frente ao nono mês do ano passado, o incremento do emprego no comércio foi ainda mais intenso. A alta foi de 11,7%, o que significou 40 mil pessoas a mais exercendo a atividade na região. “A expectativa é de que o emprego temporário na Capital apresente alta de cerca de 6% frente a 2007”, salientou o gerente da Divisão de Pesquisa da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), o economista Fernando Sasso. (JG) Cenário é de incerteza, apesar da boa performance São Paulo – A taxa de desemprego em seis regiões metropolitanas do país pesquisadas pela Fundação Seade, em convênio com o Dieese, caiu de 14,5% em agosto para 14,1% em setembro, a menor taxa para o mês desde 1998. A pesquisa foi realizada nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e Distrito Federal. Apesar do crescimento, a insegurança que paralisa os mercados financeiros e concentra a liquidez dos recursos no sistema bancário nacional nas grandes instituições do setor está provocando um cenário totalmente incerto para as perspectivas do mercado de trabalho. Para os economistas responsáveis pela pesquisa, há uma tendência dos resultados de outubro ainda registrarem uma pequena melhora na redução do nível de desocupados e até de aumento de renda média dos trabalhadores. “Os resultados relativos a este mês ainda podem acompanhar o quadro favorável de expansão da economia nacional. Mas, daí em diante é bem provável que já registraremos os efeitos da crise global sobre o nível de atividade no país, o que certamente deve afetar o patamar de geração de empregos e de renda”, disse Clemente Ganz Lúcio, diretor-técnico do Dieese. O total de desempregados foi estimado em 2,839 milhões de pessoas. O nível de ocupação subiu 0,8% em setembro em relação a agosto e aumentou 5,6% em comparação a setembro de 2007. O rendimento médio real dos ocupados nas seis regiões metropolitanas registrou um incremento de 1% em agosto em relação a julho e passou a R$ 1.171. Em comparação a agosto de 2007, ocorreu uma elevação de 4,8%. A massa do rendimento dos ocupados apresentou aumento de 1,6% em agosto ante julho e subiu 10% em comparação a agosto de 2007. A taxa de desemprego na Região Metropolitana de São Paulo recuou de 14% em agosto para 13,5% em setembro. O total de desempregados no mês passado foi de 1,425 milhão de pessoas nessa região em relação a 1,476 milhão em agosto. De acordo com a pesquisa, o rendimento médio real dos trabalhadores ocupados em São Paulo subiu 1,6% em agosto ante julho deste ano, de R$ 1.197 para R$ 1.216. Ao comparar o resultado com o rendimento de R$ 1.183 em agosto do ano passado, houve aumento de 2,7%. A massa de rendimento dos ocupados, que é o resultado da multiplicação do valor dos rendimentos e nível de ocupação, aumentou 1,6% em agosto em relação a julho. Em comparação a agosto de 2007, a massa de rendimento dos ocupados subiu 6,7%. O nível de ocupação registrou elevação de 0,7% em setembro em comparação a agosto. Em relação a setembro do ano passado, o nível de ocupação aumentou 5,45%. O coordenador de análise da PED da Fundação Seade, Alexandre Loloian, disse que o fator que causa grande apreensão e dificuldades para avaliar os rumos do mercado de trabalho nas seis regiões metropolitanas para um curto horizonte de tempo, inferior a seis meses, é que houve uma brusca queda da concessão de crédito na economia. “Qual cenário é possível traçar quando não se sabe quando o crédito será restabelecido?”, disse Loloian. Segundo ele, é compreensível que os empresários fiquem mais cuidadosos para expandir as fábricas, pois não há condições razoáveis de financiamento disponíveis no mercado, dado que boa parte dos recursos em poder dos bancos está aplicada em títulos públicos, aguardando um momento mais claro da conjuntura. “A verdade é que ninguém sabe para onde vai a crise. Ela pode começar a perder força, mas se piorar o que poderá ocorrer?”, disse Clemente Ganz Lúcio. (AE)