No rastro do boom residencial, cidade vizinha de BH vive explosão de investimentos em lojas, shoppings e salas Graziela Reis Antes, casas em condomínios e luxuosos edifícios residenciais. Agora, lojas, shoppings e prédios de escritórios de alto padrão. A região de Nova Lima, que faz divisa com a Zona Sul de Belo Horizonte, registra uma expansão imobiliária na área comercial que teve início no ano passado e ganhou força nos últimos meses. Alguns dos empreendimentos de maior porte ficam entre os bairros Vila da Serra e Vale do Sereno. Mas as obras pipocam pelas margens da BR-040 e da MG-030, que passam pelo município. Serão milhões de reais em investimentos feitos em projetos que começam a sair do papel e virar realidade. A expansão imobiliária comercial registrada em Nova Lima vai, literalmente, atrás da explosão de imóveis residenciais na região nos últimos anos. Segundo o presidente da Câmara da Construção da Federação da Indústria do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Teodomiro Diniz Camargos, o movimento é natural, pois aqueles que moram por ali precisam de comércio e serviços. “E também gostam de trabalhar perto de casa”, observa. Ele explica que esse ritmo de obras de empreendimentos comerciais demora um pouco mais para se transformar em realidade porque no início, quando os moradores ainda são poucos, o retorno não é o adequado. “Foi assim antes. Mas agora a expansão comercial é totalmente justificada. Tem demanda, e a tendência é de que seja ampliada”, afirma. Ainda não há números que possam medir o tamanho desse mercado ou o volume de investimentos feitos na região. Mas os empresários do setor garantem que a vizinha de BH vai receber aportes “expressivos”. “Primeiro as apostas foram nos empreendimentos residenciais. Agora, os comerciais chegam para dar suporte”, afirma o gerente-geral da Pactual Negócios Imobiliários, Adriano Guerra. A empresa, especializada na comercialização e locação de imóveis de luxo, está com três empreendimentos comerciais de alto padrão para a venda na região. Segundo ele, estimativas indicam que os bairros que estão na divisa de Belo Horizonte devem ter entre 120 mil e 160 mil moradores nos próximos três anos. É essa expectativa de demanda que tem motivado as construtoras a investir alto na região. “Só nós da Pactual estamos com três projetos à venda, que vão movimentar recursos acima de R$ 100 milhões”, afirma. O Premier Business Center, na Alameda da Serra, por exemplo, é um comercial que também agrega área de lazer, com espaço para prática de esportes (incluindo piscina) e salão de beleza. As salas que estão à venda têm de 204,77 a 890,94 metros quadrados (andares corridos) e custam de R$ 900 mil a R$ 3,6 milhões. A obra e incorporação são da Dominus/PDG Realty. Segundo Guerra, o investimento no projeto será de R$ 50 milhões. Outro prédio de destaque na área comercial, lançado recentemente, é o Icon, da Even/Brisa, que, sozinho, deve movimentar mais de R$ 100 milhões. O projeto já aposta em outra novidade: a oferta de serviços de pay-per-use, que incluem do office-boy e da diarista até a locação de equipamentos. As salas terão de 50 a 520 metros quadrados (andar corrido), o que implica preços que vão de R$ 225 mil a mais de R$ 2,3 milhões. “Depende da forma de pagamento”, explica o diretor de Incorporação da Brisa Empreendimentos Imobiliários, Marcos Almeida Guimarães. Segundo ele, o metro quadrado dos empreendimentos que levam a marca Even/Brisa na região custa de 4,5 mil a 5,3 mil. A empresa fez pesquisas antes de apostar na região. “E esse tipo de empreendimento comercial já estava em falta por ali. Dava para perceber pela valorização dos aluguéis. E ali também é o local para onde vai a expansão da Zona Sul de BH”, diz Guimarães. A Even/Brisa já tem outro terreno no Vila da Serra pronto para ser lançado, com andares corridos entre 400 e 700 metros quadrados e investimento previsto de R$ 50 milhões. Mas só deve apresentar o projeto depois que 70% do Icon estiver vendido. “Já estamos em pouco mais de 50%”, adianta o diretor. Já a Pactual, além do Premier, tem em seu cardápio de vendas o Miguel de Cervantes, também na Alameda da Serra, que vai contar com 14 pavimentos de 412 metros quadrados e salas a partir de 140 metros quadrados, com preços entre R$ 540 mil e R$ 1,63 milhão, e o Concórdia, da construtora Caparaó, que será erguido no lugar do restaurante Era uma vez um Chalezinho. Entre outras obras comerciais de porte da região ainda estão o Atrium Top, que promete ser um dos mais altos da Grande BH, e o Atlas, ambos da Atrium. Além do BH Shopping Como os moradores dos novos prédios e dos condomínios precisam de serviços e conveniência, pequenos shoppings e centros de compras diversos também salpicam nas margens das rodovias que cortam ou seguem para Nova Lima. Na semana passada, a EPO Empreendimentos inaugurou o Serena, batizado de mix de conveniência, na MG-030, conhecida como estrada de Nova Lima. O investimento no projeto foi de R$ 30 milhões e os 18 mil metros quadrados de área construída vão ser ocupados pelo supermercado SuperNosso Gourmet, Drogaria Araujo, Academia By Japão, Correios, Companhia do Vídeo, CNR Special, entre outras lojas. “Com o crescimento populacional da região, o Serena chega como o primeiro grande empreendimento comercial, destinado a marcar presença e atender bem a grande demanda local”, explica a gerente de Marketing da EPO, Denise Garcia Franco. Outra obra da EPO que está em andamento é a do Portal Sul, já na BR-356, continuação da Avenida Nossa Senhora do Carmo, de BH. O projeto foi orçado em mais de R$ 40 milhões. E a loja âncora será a francesa especializada em materiais de construção Leroy Merlin. A área total construída deve chegar a 100 mil metros. A expectativa é de que a primeira fase seja entregue já em janeiro. Segundo Denise Franco, a empresa aposta na região há 16 anos. E a crise financeira mundial não vai afetar os projetos porque a construtora “está sempre atenta ao cenário econômico e trabalha dentro de um planejamento seguro”. Até mesmo o secretário de Planejamento e Gestão de Nova Lima, Simão Pedro Tomaz Barroso, está surpreso com a evolução comercial da região. “Antes não tinha quase nada de comércio e serviço. Agora começa a ter, o que é ótimo”, conta. “Passou a ser uma vocação da cidade porque Belo Horizonte está perto da saturação”, reforça. Ele mesmo comprou um lote no Condomínio Ouro Velho em 1974, construiu e se mudou de BH para lá em 1996. (GR)