Sinduscon – MG

Notícias

Home / Consórcio imobiliário

Consórcio imobiliário

Parcelas fixas, menor burocracia e possibilidade de apresentar lances são maiores atrativos Denise Menezes A adesão, em janeiro, a um grupo de consórcio foi a opção da assistente financeira Aline Aparecida Macieira para a compra, planejada, de um imóvel, como investimento. Contemplada em abril, por meio de lance, e com a carta de crédito de R$ 48 mil em mãos, Aline já adquiriu um terreno, onde pretende construir a casa que será disponibilizada para aluguel. “Para mim, a aplicação em imóveis é a mais segura que existe e o consórcio foi a forma menos burocrática e com menor taxas que encontrei para viabilizar esse investimento”, afirma. A assistente financeira explica que a mensalidade fixa do consórcio foi outro atrativo do negócio. “As parcelas fixas fazem com que eu consiga me planejar melhor. A minha ficou em R$ 572, valor que cabe perfeitamente no meu orçamento. Além disso, com o lance pude antecipar parcelas e hoje, mesmo tendo aderido a um grupo de 120 meses em janeiro, já quitei 70 mensalidades.” Aline acredita que, para o investidor, com capacidade de apresentar lances e, assim, receber a carta de crédito em menor tempo, o consórcio é ainda mais vantajoso. “Em curto espaço de tempo é possível adquirir o bem, alugá-lo e com o valor do aluguel pagar as parcelas restantes do consórcio. É um negócio que se paga por si, desde que realizado com um planejamento bem-feito”, defende. Assim como Aline, um grande número de brasileiros tem recorrido ao consórcio como forma de adquirir o seu imóvel. De acordo com o presidente regional da Associação Brasileira das Administradoras de Consórcios (Abac), Fabiano Lopes Ferreira, o segmento vive nos últimos cinco anos um verdadeiro boom, com média de crescimento anual de 25%, contra os 5% médios registrados pelo sistema e os 3% apurados para a economia brasileira. Oportunidade na crise Administradoras de consórcio imobiliário já registram maior interesse do consumidor, que teme aperto do crédito bancário e busca segurança e rentabilidade para seu dinheiro Denise Menezes Com ritmo acelerado de crescimento, em média de 25% ao ano, desde 2003, as administradoras de consórcio imobiliário esperam aumentar ainda mais seus negócios em plena crise econômica mundial. O otimismo está ligado à própria natureza do negócio, que nasceu no país, no início da década de 90, em época de escassez de crédito imobiliário, situação que pode se repetir agora, com as turbulências no mercado financeiro internacional. “Já estamos vendo o crédito dificultado, mais caro, com alguns bancos aumentando as taxas de juros e reduzindo os prazos de linhas de financiamentos, inclusive imobiliárias, o que pode acabar beneficiando o consórcio, um sistema de autofinanciamento, portanto, que não depende da disponibilidade de recursos bancários”, diz o presidente regional da Associação Brasileira das Administradoras de Consórcios (Abac), Fabiano Lopes Ferreira. Ele garante que nos últimos dois meses, período que coincide com a deflagração da crise, o setor de consórcios no país, formado por 250 administradoras em operação, registrou aumento médio no volume de negócios de cerca de 10%, na comparação com as médias apuradas nos outros meses deste ano. “É uma migração daquele cliente que quer comprar um bem, mas está com dificuldades ou com medo de fazer empréstimo bancário. Esse movimento deve nos trazer este ano um crescimento médio acima do de 2007 e, em 2009, se mantendo essa tendência de aperto do crédito, certamente, seremos beneficiados”, diz o representante da Abac, ao ponderar, entretanto, que, se a crise trouxer um cenário de recessão econômica, com a diminuição da atividade produtiva e o desemprego, a situação pode se complicar também para o setor. “A recessão não é boa para ninguém”, afirma. BLINDAGEM Em linha semelhante de raciocínio, o Braga, gerente da Porto Seguro Consórcio, sustenta que, no atual cenário, de financiamentos com taxas de juros mais altas e prazos menores, o consórcio é a melhor opção para quem quer adquirir um bem e não dispõe de recursos para a compra à vista. “O consórcio está de certa forma blindado contra essas oscilações macroeconômicas”, afirma. Ele admite, entretanto, que a empresa ainda não registrou aumento de negócios no segmento imobiliário que possa ser atribuído a uma migração dos clientes de financiamento bancário. “A venda de cotas de grupos de veículos já aumentou, porque os financiamentos bancários para a aquisição desse tipo de bem, de fato, estão mais caros. Mas, no segmento imobiliário, há uma estabilização das vendas. Como é um negócio que envolve o comprometimento da renda por um período grande, em média de 15 anos, acredito que o cliente está aguardando um pouco mais para avaliar melhor quais serão os efeitos da crise sobre a sua situação”, avalia. Ainda assim, Fábio considera que o consórcio imobiliário pode ser beneficiado, caso se confirme a tendência de um cenário interno de crédito mais restrito. “O consórcio não tem juros e as taxas cobradas pelas empresas, para administração dos grupos, de fundo de reserva e do seguro, já eram competitivas, antes da crise, na comparação com as cobradas no financiamento bancário.” Para Fabiano Lopes Ferreira, o custo do consórcio é justamente o seu maior diferencial em relação a outras modalidades de crédito. “As taxas do consórcio imobiliário somam, em média, 25% do valor total pago por cada consorciado. Para um grupo de 180 meses, as taxas correspondem a 0,13% do valor de cada mensalidade. Um custo menor do que qualquer outra modalidade de crédito”, afirma. Na Porto Seguro Consórcio, informa o gerente Fábio Braga, para os grupos de consórcio imobiliário de 180 meses, é cobrada taxa de administração que corresponde a 0,1% da mensalidade, mais 0,002% da parcela a título de fundo de reserva e 0,031% de seguro. “O fundo de reserva só é usado se houver inadimplência e quando não há é devolvido aos clientes. Já o seguro cobre o pagamento do consórcio em caso de morte ou invalidez do cliente por acidente.” Sorteio ou lance O presidente regional da Abac, Fabiano Lopes Ferreira, explica que o consórcio imobiliário funciona da mesma maneira que o de outras modalidades de bem, como o de veículos. O segmento é também regulado e fiscalizado pelo Banco Central, que é responsável pela autorização às empresas para a formação de grupos, que são compostos por pessoas físicas ou jurídicas, que receberão, ao longo de um período predeterminado, uma carta de crédito, no valor estabelecido na abertura de cada grupo. “O cliente pode ser contemplado por sorteio nas assembléias ordinárias mensais ou conseguir a carta por lance. Depois vai ao mercado e adquire o imóvel de sua preferência”, salienta. Ele informa que hoje não há limite legal de prazo para os grupos e que prevalecem, no mercado, aqueles entre 100 e 200 meses, com maior concentração dos de 180 meses, ou 15 anos. Com relação ao valor da carta de crédito, existe hoje uma grande diversidade até mesmo entre grupos administrados pela mesma empresa. “Temos ativos grupos de R$ 50 mil, em que o cliente quer sair do aluguel e comprar um imóvel mais simples, ou complementar os recursos necessários para trocar de apartamento, ou mesmo para investir na aquisição de uma sala para alugar. E também grupos entre R$ 300 mil e R$ 500 mil que atendem a uma outra faixa de público, que deseja comprar um imóvel mais sofisticado”, exemplifica. A Porto Seguro Consórcio, informa o gerente Fábio Braga, mantém ativos 118 grupos de consórcio imobiliário, com prazos entre 144 e 180 meses, para a aquisição de um imóvel entre R$ 50 mil e R$ 200 mil. Procon aconselha cautela Evitar agir por impulso, avaliar com precisão sua capacidade de pagamento, pesquisar a idoneidade da administradora e analisar bem o contrato antes de assiná-lo são as principais orientações da advogada do Procon Municipal Simone Mançur a quem deseja aderir a um grupo de consórcio imobiliário. “O primeiro passo é entender que o corretor de um consórcio é um vendedor, cujo principal objetivo é convencer o consumidor a adquirir aquela cota. Portanto, a compra por impulso deve ser evitada e os riscos do negócio precisam ser avaliados minuciosamente.” Para a advogada, o principal risco da aquisição de uma cota de consórcio imobiliário está na conjugação de uma longa duração de contrato com a dependência, para o seu bom funcionamento, da regularidade do pagamento de todos que formam o grupo. “Portanto, não comprometer grande parte de sua renda com o pagamento das mensalidades, já que a dívida será de longo prazo, e optar por um grupo de uma empresa eficiente e idônea, que preveja e elimine as possibilidades de problemas, são passos fundamentais”, avalia. Simone Mançur informa que o Banco Central disponibiliza em sua página na internet (www.bcb.gov.br) um cadastro das empresas autorizadas a administrar grupos de consórcio e das administradoras impedidas legalmente de realizar a formação de novos grupos. No link Serviços aos Cidadãos/Consórcios, a instituição ainda mantém um ranking de reclamações feitas por consorciados e uma seção com respostas às perguntas mais freqüentes sobre consórcios. “O consumidor pode também recorrer ao Procon de sua cidade, para saber se existem reclamações contra a empresa que fez a ele a proposta de adesão ao grupo, e como essas demandas foram encaminhadas”, observa. Antes de assinar um contrato de adesão a um grupo de consórcio, lembra Simone Mançur, o consumidor deve ainda analisar detalhadamente cada cláusula do documento e procurar, se necessário, a ajuda de um advogado para o esclarecimento de dúvidas. “A compreensão de cada cláusula do contrato permite uma melhor avaliação dos riscos do negócio e uma decisão mais segura e responsável”, salienta.