Fonte: CBIC
O Brasil fechou dezembro de 2019 com um saldo negativo de 307.311 vagas com carteira assinada, no comparativo entre trabalhadores admitidos e desligados. A construção civil contribuiu fortemente para esse resultado mensal, com 46.886 vagas a menos, pois registrou 71.390 admissões e 118.276 desligamentos no último mês do ano passado.
Divulgados nesta sexta-feira (24/01), pelo Ministério da Economia, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de dezembro foram analisados pela assessora econômica do Sinduscon-MG e economista da CBIC, Ieda Vasconcelos. “Apesar de o resultado seguir a tendência do mês, de fechamento de vagas, em função da sazonalidade, a queda foi superior ao previsto”, informa.
A título de comparação, Ieda lembra que o resultado de dezembro de 2019 chegou próximo ao de dezembro de 2018. “Naquele mês, quando o setor ainda registrava queda na sua produção, foram perdidas 51.576 vagas”, lembra.
Com esse resultado negativo – maior que o esperado – a construção civil encerrou 2019 com a geração de 71.115 vagas com carteira de trabalho assinada, mas poderiam ser muito mais.
“O setor poderia ter crescido mais e gerado mais empregos, mas enfrenta dificuldades especialmente no segmento de habitação de interesse social, com uma falta de política de governo para a área, além da falta de pagamentos de obras realizadas no âmbito do programa Minha Casa, Minha Vida, por exemplo. Dessa forma, o crescimento do setor não se sustenta”, reforça Ieda Vasconcelos.
Mesmo com esses problemas, o Brasil fechou 2019 com 644.079 novas vagas de emprego formal, maior saldo de emprego com carteira assinada em números absolutos desde 2013. Em comparação com o ano anterior, houve aumento de quase 115 mil postos em 2019.
A construção civil contribuiu de forma importante para composição desse resultado, com 11,04% do total. O setor contabilizou no ano passado 71.115 novas vagas, número 314,81% maior que em 2018, quando foram gerados 17.144 novos postos de trabalho.
O número de trabalhadores no setor, que em dezembro de 2018 era de 1,976 milhão passou para 2,047 milhões em dezembro de 2019, uma alta de 3,60%. “O Brasil possui 39,054 milhões de trabalhadores com carteira assinada, sendo que a construção civil é responsável por 5,24% desse número, e ainda assim o setor foi responsável por 11,04% das novas vagas geradas, destaca.
Para o presidente da CBIC, José Carlos Martins, o setor da construção civil deve voltar a registrar crescimento mais expressivo em 2020 e representar um impulso relevante para a economia brasileira neste ano. A projeção é de que a atividade do setor ganhe força e registre crescimento de 3% neste novo ano. “A recuperação do setor deve representar uma ‘locomotiva’ dentro do PIB [Produto Interno Bruto] do país, mas isso não pode se perder pela falta de políticas claras para habitação de interesse social”, afirma.