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Uma demão de CUB no pacote moradia

Nairo Alméri Ontem, o Governo Lula teve a primeira notícia não oficial favorável ao seu pacote de moradia “Minha Casa, Minha Vida”, lançado dia 25 – para construção de 1 milhão de residências ao custo de R$ 34 bilhões. A boa notícia foi a nota de uma pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), com aumento de 16,9% nas vendas no mercado doméstico sobre fevereiro. O documento da Abramat diz apenas que o resultado de março ainda não tem o “day after” redução de encargos sociais e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI – alíquota zero até 16 de julho). A esta coluna, a entidade respondeu que o resultado das vendas aparece em pesquisa realizada na primeira quinzena de abril – às vésperas daquele pacote – , contratada à FIA/USP (Fundação Instituto de Administração), que normalmente afere o Índice de Vendas Abramat. Outro dado que a Abramat destacou foi o a expectativa positiva de vendas dos empresários, manifestada por responsáveis em 74% das indústrias ouvidas. “São ouvidas as empresas associadas à Abramat, cerca de 50 companhias, líderes em seus setores, como Saint-Gobain, Votorantim, Gerdau, etc.”, informa a entidade. Mas fechou em queda no trimestre No release distribuído, o presidente da Abramat, Melvyn Fox, assegura que “nenhum entrevistado se mostrou pessimista em relação a ações do governo”, e que o nível de ocupação operacional das empresas, há dois meses, está em 80% e, por isso, “poderão atender tranquilamente à demanda aquecida”. No 1º trimestre, porém, o faturamento deflacionado (descontada a inflação do IPCA) com as vendas de materiais de construção, no país, registrou, conforme Índice Abramat, uma retração de 15,92% sobre mesmo período de 2008. A receita foi de R$ 21 milhões. Crescer 5% “Continuamos mantendo a previsão (para o exercício 2009) de crescimento estabelecida no início deste ano, de 5% sobre 2008, na expectativa de reação positiva do mercado às importantes medidas de incentivo ao setor que foram anunciadas pelo Governo no final deste mês de março”, diz um informativo da Abramat. E os custos Mas o pacote do “Minha Casa, Minha Vida”, até aqui, não saiu do aspecto político para o técnico. O Governo Lula anunciou a dinheirama, mas não apresentou as avaliações técnicas, por exemplo, qual a variação que utilizou para o custo unitário básico para construção (CUB), que é mensal e varia, claro, de região para região. Por estado A formação desse CUB, elaborado pelos Sinduscons (Sindicatos da Indústria da Construção) de cada estado, e que funciona como fator estadual, tem inúmeras variantes. Janelas Uma delas, por exemplo está no vão de uma parede que receberá uma janela. E se a janela ocupará vão superior a 2 metros quadrados. Isso é o que determina o TCPO (sigla no masculino para Tabelas de Composições de Preços para Orçamentos). Menos 10% O engenheiro Pedrinho Goldman, da Pekman Engenharia, especializada em consultoria e planejamento de edificações, comentava, em documento datado de 2004, que vários empreendimentos imobiliários apresentam “economia de até 10% no orçamento da obra, quando as quantidades (de material) foram bem definidas e os serviços bem controlados”. Até 20% O consultor avançava nas advertências: às vezes, mesmo com “planejamento apropriado, a ausência de boa gestão e controle pode levar a um desvio de até 20% superior à previsão orçamentária”. Apenas o real Naquele documento, de 20/04/2004 – cinco anos antes deste pacote – pelo portal da piniweb.com.br intitulado “Régua certa”, o engenheiro sugeria que , para o levantamento dos materiais, que suas quantidades sejam as efetivas para gastos, considerando as reduções pelas interrupções dos vãos. E, na composição dos custos, “devem ser observadas as perdas relativas aos arremates, aos detalhes construtivos e ao transporte no canteiro”. Complexidade Pedrinho Goldman recomendava o mesmo critério para mão-de-obra, em conta se o contrato é por produção. Janelas “Nas janelas, por exemplo, o fator de acréscimo pode ser o próprio vão, quando sua medida for até 2 metros quadrados. Em casos superiores, um acréscimo de 2 metros quadrados mais 50% da diferença entre o vão e os 2 metros quadrados”, dizia. Outra postura O pacote do Governo, então, para 1 milhão de casas, precisa sair dos gráficos da política e mergulhar nas estatísticas da economia real. Talvez, gaste mais ou menos que os R$ 34 bilhões.