Construtoras buscam alternativas, como espaços no entorno e maior utilização de permutas de imóveis. MICHELLE VALLVERDE. A escassez de terrenos disponíveis para a construção de empreendimentos, principalmente nas regiões mais valorizadas de Belo Horizonte, tem feito com que as construtoras busquem alternativas para adquirir espaços a preços compatíveis com os de mercado. De acordo com as construtoras, em 2008, devido ao aquecimento da construção civil, algumas áreas apresentaram alta de até 50% nos valores. Com a crise financeira e diante da cautela das empresas em investir, houve desaceleração dos preços, que praticamente voltaram aos patamares normais de mercado. Na RKM Engenharia, a alternativa encontrada para a aquisição de espaços foi através do sistema de permuta. De acordo com a diretora comercial da empresa, Adriana Bordalo, os resultados têm sido positivos. Um dos fatores que contribui para o fechamento dos acordos de permuta são as características dos imóveis, que geralmente são casas e pequenos prédios mais antigos. Sendo assim, a troca por um mais novo se torna lucrativa para os proprietários. A região Sul da Capital e as áreas dentro dos limites da avenida do Contorno são as que possuem grande demanda e baixa oferta de espaços. “Com a escassez de espaços, a tendência é que os preços aumentem cada vez mais. Buscamos negociar com os proprietários, de forma que os dois lados saiam ganhando. Quando o valor requerido fica muito acima do de mercado, optamos por investir em outra área”, disse Adriana. No grupo Paranasa, a grande valorização dos imóveis na região Centro-Sul de Belo Horizonte fez com que o foco dos investimentos da empresa fosse ampliado. A opção encontrada foi desenvolver projetos na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), que está em pleno crescimento. As principais regiões são Nova Lima e os bairros e municípios próximos ao Vetor Norte, devido à construção da Cidade Administrativa e a Linha Verde. Em algumas negociações foi registrada valorização de mais de 300% nos valores dos imóveis nos últimos três anos. “Desenvolvemos um estudo de viabilidade do empreendimento. Quando o valor do terreno é superior ao projetado e não existe acordo entre as partes, desistimos da compra. Os investimentos em locais mais afastados da região Sul e com grandes expectativas de crescimento têm sido alternativas para que os terrenos sejam adquiridos a preços justos. Outro sistema que tem trazido resultados positivos é o de permuta”, disse o diretor de Desenvolvimento Imobiliário do grupo Paranasa/Maio, Jânio Valeriano Alves. Na Atrium Construtora a valorização dos terrenos durante 2008, devido ao aumento da demanda por espaços para construção, chegou a 40%. Após a crise houve redução significativa e os preços estão mais compatíveis com os de mercado. A alternativa adotada pela empresa para manter os projetos a preços viáveis foi ampliar os investimentos em Nova Lima, na RMBH. “Se o preço pago pelo terreno for superior ao projetado, a construção do imóvel se torna inviável. Precisamos repassar os custos para o consumidor final, por isso não podemos negociar preços acima do mercado, pois interferem na competitividade na hora de vender os empreendimentos”, disse a vice-presidente da Atrium, Cida Miranda. A Construtora Concreto adotou duas alternativas para reduzir os impactos da valorização dos terrenos. A primeira foi optar pela compra de imóveis com a construção iniciada. Neste caso, ocorre a aceleração das obras, já que parte das estruturas podem ser aproveitada para a implantação do projeto. A segunda é a compra de casas e pequenos prédios antigos para demolição.