O setor de obras industriais tem conseguido dar prosseguimento aos contratos e manter empregos em Minas Gerais, apesar das adversidades geradas pela pandemia. Para seguir funcionando, o segmento tomou todos os cuidados e adotou em comum acordo com os clientes uma série de medidas que alteraram a rotina de trabalho. Entidades representativas do setor de construção civil alertam, porém, que o cenário de aumento do custo dos materiais de construção civil, que preocupa muito o segmento de incorporações, também prejudica fortemente o equilíbrio financeiro dos contratos de obras industriais.
O vice-presidente da área de Obras Industriais do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Ilso Oliveira, assegura que, desde o início da pandemia, as empresas se estruturaram para cumprir todos os protocolos de combate à doença. “Nesse segmento, o transporte dos funcionários, muitas vezes, já é disponibilizado pelas próprias empresas; por causa da pandemia, foi reduzida pela metade a quantidade de pessoas em cada ônibus”, conta. Além disso, destaca Oliveira, foram adotados todos os protocolos recomendados. Os trabalhadores que atuam nos canteiros de obras estão sendo monitorados de perto, tendo a temperatura medida quando chegam à obra, atuando com um espaço físico de distanciamento e demais cuidados indispensáveis no dia a dia, como uso de máscara e higiene das mãos, além de um plano efetivo de testagem periódica.
Com isso, o setor teve somente interrupções pontuais em suas atividades. O vice-presidente do Sinduscon-MG lembra que cada projeto tem as suas especificidades e todas as ações tomadas nesse período levaram em consideração essas especificidades de cada contrato e foram efetivadas em pleno alinhamento com os clientes . “Nós trabalhamos pela continuidade racional das obras, buscando um comum acordo com os clientes, sempre tendo foco na proteção da saúde e segurança de todos os profissionais envolvidos e na segurança técnica dos projetos”, enfatiza.
Ele alerta, porém, que a rentabilidade das empresas ficou muito comprometida com a pandemia. Isso porque a maior parte dos contratos executados no ano passado, e que ainda estão sendo executados neste ano, foram formados no cenário de 2019 e não leva em consideração os aumentos de custos do setor e redução do ritmo das obras. “De modo geral, os contratos de obras industriais têm prazos entre 24 e 36 meses. A postergação de contratos devido a esses fatores eleva os custos das obras, comprometendo a rentabilidade”, expõe. O cenário de aumento de custo dos materiais de construção civil pode prejudicar ainda mais o equilíbrio financeiro nos contratos antigos. Segundo dados do Sinduscon-MG, o aço, por exemplo, foi o insumo com maior elevação de preço no período de junho de 2020 a maio de 2021, com 127,76%.
Ainda assim, para 2021, as expectativas são boas com a assinatura de novos contratos e perspectiva de reequilíbrio financeiro em contratos já em execução. “O crescimento de obras industriais ganhou corpo nos últimos anos e tem sido cada vez mais demandado no Estado. Solucionado o problema de preços e abastecimento de insumos, acreditamos em um crescimento no volume de atividades, o que irá gerar ainda mais empregos e contribuir para a melhoria da economia no país”, declara.