O ano de 2023 está aquecido para o mercado de loteamento. O Valor Geral de Vendas (VGV) somou R$ 725 milhões no segundo trimestre de 2023 – um aumento de 46,7% em relação ao primeiro trimestre, que registrou R$ 494 milhões. Os dados são da pesquisa trimestral do setor de loteamento e desenvolvimento urbano de Minas Gerais.
Encomendado pela Associação das Empresas de Loteamento e Desenvolvimento Urbano de Minas Gerais (Aelo-MG), pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG) e pela Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato da Habitação de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), o levantamento perfaz mais de 40% da população e mais de 55% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado. A pesquisa é realizada pela Brain Consultoria em 30 cidades mineiras.
Flávio Guerra: “O loteamento é o embrião do mercado imobiliário”
(Foto: Leandro Guerreiro)
O presidente da Aelo-MG, vice-presidente de Loteamentos do Sinduscon-MG e diretor de Loteamentos do CMI/Secovi-MG, Flávio Guerra, explica que esse resultado positivo nas vendas dos lotes favorece também o mercado imobiliário. “O loteamento é o embrião deste mercado, já que lançar um empreendimento contribui para o desenvolvimento da infraestrutura local, cria oportunidades de investimento e valoriza as propriedades na região”, diz.
A pesquisa ainda aponta uma procura por lotes em condomínios fechados. O VGV de lotes vendidos nesse perfil superou o VGV de lotes vendidos em bairros (loteamentos), representando 52,2% dos negócios do setor no segundo trimestre. Isso demonstra que a população continua buscando segurança, bem-estar e proximidade com a natureza. Entre as cidades com maior participação nas vendas de lotes em condomínios fechados destacam-se Nova Lima, Lagoa Santa, Sete Lagoas, Pouso Alegre e Uberlândia. “A demanda por lotes continua muito aquecida, desde o período da pandemia, que cativou no consumidor o sonho de se mudar para o interior ou de, pelo menos, ter um refúgio fora da capital”, aponta o presidente do Sinduscon-MG, Renato Michel.
Alerta para gargalos
Apesar do otimismo trazido pelo resultado, a pesquisa acende o alerta para a possibilidade de gargalos na progressão desse crescimento. Isso porque o estoque dos lotes precisa crescer proporcionalmente à velocidade das vendas. O número de lotes lançados diminuiu 54,5% no segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre do ano, ou seja, o VGV vendido foi em sua maioria do estoque já lançado anteriormente pelas empresas. “O setor de loteamentos serve de parâmetro para entendermos a real situação do nosso mercado. Todos os tipos de produtos do mercado imobiliário precisam de lotes”, afirma Renato Michel. Segundo ele, a pesquisa permite uma avaliação precisa de toda a cadeia da Construção Civil.
Renato Michel: “O setor de loteamentos serve de parâmetro para entendermos a real situação do nosso mercado”
Foto: Sinduscon-MG
Essa queda deve-se muitas vezes ao atraso nas aprovações dos empreendimentos e, caso não seja resolvida nos próximos meses, pode tornar crítica essa tendência. “O mercado mineiro de loteamentos pode sofrer escassez de lotes no início do ano que vem se esse cenário não sofrer alterações. A pesquisa aponta mais 8 a 9 meses de estoque de lotes caso o ritmo atual de vendas permaneça e não haja novos lançamentos”, reforça Flávio Guerra.
A alta dos custos de infraestrutura também é um desafio e pressiona os preços para cima. Segundo a pesquisa, o preço médio de um lote em um bairro é de cerca de R$ 150 mil e, em condomínios fechados, de R$ 300 mil.