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Copom decide manter Selic em 10,5% após sete quedas consecutivas

Fonte: CBIC

Nesta quarta-feira (19), o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) optou por manter a taxa Selic em 10,5% ao ano, decisão que marca o fim de um ciclo de reduções iniciado em agosto de 2023. A expectativa anterior, segundo a Pesquisa Focus, era de que a taxa encerrasse o ano em 9%, porém, diante da atual conjuntura econômica, essa previsão foi ajustada para 10,5%.

A manutenção da Selic ocorre em um contexto de preocupações crescentes com a inflação, que já ultrapassou o centro da meta estabelecida para 2024, situada em 3% com variação de até 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Em maio de 2024, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador de inflação no país, registrou alta de 3,93%.

Além dos desafios internos, como a inflação acima das expectativas e a recente desvalorização cambial que levou o Real a atingir R$5,40 frente ao dólar, fatores externos também têm influenciado a política monetária brasileira. A tragédia no Rio Grande do Sul e a persistente alta da inflação global contribuem para a deterioração das expectativas econômicas.

Os efeitos da Selic em patamar elevado já se refletem em diversos setores, como a caderneta de poupança, que registrou uma captação líquida negativa de R$16,971 bilhões apenas nos primeiros cinco meses de 2024. Desde 2021, as perdas acumuladas na poupança já ultrapassam R$205 bilhões, afetando diretamente o financiamento imobiliário no país.

No setor imobiliário, o financiamento com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) também apresenta números negativos. Nos primeiros quatro meses deste ano, foram financiadas 148.669 unidades, o que representa uma queda de 16,31% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Para Ieda Vasconcelos, economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a manutenção da Selic em níveis elevados prolonga a escassez de recursos para investimentos produtivos e tende a agravar as contas públicas, aumentando as despesas com juros da dívida. A expectativa é que o Banco Central continue monitorando atentamente os indicadores econômicos, ajustando sua política monetária conforme necessário para equilibrar crescimento e controle inflacionário.