Adriana De Paula/Interface Comunicação
O Brasil registrou, em 2022, 612,9 mil notificações de acidentes de trabalho, com 2,5 mil óbitos. Os dados são do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, por meio do Ministério Público do Trabalho, Organização Internacional do Trabalho e órgãos do governo federal, publicados no portal do noticias da Agência Brasil/EBC.
No âmbito da Construção Civil, os acidentes de trabalho que envolvem queda são um tema recorrente e, de acordo com a supervisora do Departamento de Segurança no Trabalho do Seconci-MG, Andreia Kaucher Darmstadter, responsáveis pela maior causa de óbitos no setor.
Uma das palestrantes no seminário Trabalho em Altura – Tudo que você precisa saber sobre Ancoragens, EPI e Projetos, do Seconci-MG, – que reuniu especialistas, nesta sexta-feira (23/08), Andreia Kaucher reiterou que o trabalho em altura tem um grau de sensibilidade muito grande.
Nesse sentido, comentou a supervisora, são fundamentais os projetos e o cumprimento de normas, como a Norma Regulamentadora 18, auxiliando na prevenção do alto índice de quedas. Para Andreia Kaucher, o trabalho em altura “é algo inegociável”: ou seja, não dá para fazer com improvisação. É uma questão, explicou, de saber se o trabalhador tem capacidade, por meio de uma avalição médica, além de todo um protocolo de treinamento. “Tudo começa pelo Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), para se ter conhecimento do que se faz naquela função”, comentou.
Auditor Fiscal do Ministério do Trabalho, Ricardo Fleury Barcellos, que dividiu a participação na palestra “Desafios para a gestão de SST no setor da Construção e a importância dos projetos e normas vigentes (novas NBRs), com foco no trabalho em altura” com Andreia Kaucher, destacou a necessidade da adaptação dos projetos à realidade sempre que possível. Ele citou ainda questões essenciais a serem consideradas do ponto de vista técnico, como da altura da queda e da elasticidade do elemento de sustentação. E ressaltou avanços, por meio da substituição de equipamentos e materiais que resultaram em melhorias. “Os cintos de segurança, as cordas, os talabartes – dispositivos conectados ao cinturão do tipo paraquedista que prendem o trabalhador a um ponto de ancoragem, para retenção de queda ou de posicionamento, melhoraram muito nas últimas décadas.”
Ancoragem – Você sabe o que é ancoragem? Entre outros conceitos, é um sistema de segurança para trabalhadores em altura que consiste em pontos de ancoragem que sustentam o trabalhador em pontos fixos da edificação e o protegem contra quedas. Ou ainda um sistema de pontos de ganchos instalados no topo de um prédio para permitir a fixação de equipamentos e o deslocamento de pessoas através de corda.
Técnica utilizada desde uma manutenção predial, com a manutenção e limpeza de fachadas, à reposição de pastilhas e quinas em edifícios, é o boom do momento em função dos processos de degradação acentuada. Para falar se “Ancoragem é tudo igual”, o engenheiro civil e de segurança do trabalho, bombeiro militar Rodrigo Fonseca, abordou os aspectos técnicos, normativos e de fundamentos.
Em sua exposição, o diretor executivo da Kronos Soluções e Projetos Ltda, RT e instrutor da Alpifire Serviços Especiais Rodrigo Fonseca informou que antes de mais nada a ancoragem precisa ser feita de forma correta. Tudo começa na fase de projeto, ou seja, conhecer a dinâmica do trabalho em altura para desenvolver o melhor sistema. “Cerca de 80% das instalações de ancoragem hoje estão erradas. As corretas, 20%, possuem, por exemplo, uma documentação, projeto executivo e seleção de material”, reiterou. Segundo Rodrigo Fonseca, essa seleção precisa ser muito criteriosa, com um fator de segurança muito alto. “Uma instalação inadequada pode reduzir a resistência da ancoragem”, enfatizou.
Encerrando os trabalhos, o engenheiro mecânico e gerente de produtos da MAS Safety, Rogério dos Santos Sousa, tratou sobre “Diferenças nos cintos para trabalho em altura e os cuidados necessários” com foco na NR 35 – norma regulamentadora que estabelece padrões de segurança para o trabalho em altura no Brasil e que visa garantir segurança, sem colocar em risco a vida e a integridade.
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