Fonte: CBIC
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou nesta quarta-feira (7) a taxa Selic para 14,75% ao ano. Essa é a sexta alta consecutiva dos juros básicos da economia, que agora atingem o maior patamar desde 2006.
De acordo com a economista-chefe da CBIC e do Sinduscon-MG, Ieda Vasconcelos, o movimento já era esperado pelo mercado, mas acende um alerta para a atividade econômica. “Os aumentos consecutivos nos juros objetivam desacelerar a economia brasileira para tentar conter a inflação, que deverá encerrar 2025, pelo segundo ano consecutivo, acima do teto da meta”, explicou.
A expectativa do mercado, segundo a Pesquisa Focus do Banco Central, é de que a taxa permaneça no atual nível até o fim do ano. Ainda assim, há analistas que não descartam um novo aumento, levando a Selic a 15% ao ano.
Para a construção civil, os efeitos já são perceptíveis. Segundo Ieda, “o aumento dos juros encarece o custo do crédito e desestimula os investimentos produtivos, que geram emprego e renda”. Ela destaca que, enquanto as vendas de apartamentos novos cresceram cerca de 17% no primeiro bimestre de 2025, os lançamentos recuaram 7% no mesmo período. “O cenário de incerteza, especialmente considerando os consecutivos aumentos nos juros, pode ajudar a explicar esse resultado.”
O impacto no setor também foi evidenciado pela Sondagem da Indústria da Construção, realizada pela CNI com apoio da CBIC. “Para os empresários, o principal problema do setor continua sendo a taxa de juros elevada”, aponta a economista.
O novo patamar da Selic ocorre em um contexto internacional instável, com tensões na guerra comercial entre Estados Unidos e China e um crescimento econômico global moderado. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a economia brasileira cresça apenas 2,0% em 2025 — o menor avanço desde 2020.