Os números do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados pelo IBGE confirmam o difícil cenário da economia, caracterizado por uma recessão profunda, desemprego elevado, taxas de juros exorbitantes e contas públicas totalmente desajustadas. Os dados ratificam o tamanho do problema que um País com 11,4 milhões de desempregados e com um rombo fiscal de R$170,5 bilhões enfrenta. A queda de 0,3% do PIB nos três primeiros meses de 2016, em relação aos últimos três meses de 2015, traz consigo resultados preocupantes: a Formação Bruta de Capital Fixo, que mede o investimento na economia, apresentou mais um número negativo -2,7%. Nesta base de comparação, trimestre contra trimestre imediatamente anterior, o investimento está caindo ha dez trimestres consecutivos. Isso significa que o último resultado positivo foi observado no terceiro trimestre de 2013. Considerando o acumulado dos quatro trimestres encerrados em março/16, o investimento apresenta redução de 15,9%, número que reflete erros da política econômica e demonstra as incertezas sobre o crescimento futuro. A taxa de investimentos do País no primeiro trimestre de 2016 foi de inacreditáveis 16,9%, bem abaixo do observado em igual período de 2015 (19,5%). A Construção Civil, naturalmente, sente os efeitos da retração da economia, do menor ritmo dos investimentos e registra números insatisfatórios. Na comparação dos três primeiros meses de 2016, com igual período do ano anterior, as atividades do setor caíram 6,2%. A queda acumulada nos últimos quatro trimestres é de 7,1% e a comparação mais recente, do primeiro trimestre de 2016 com o último de 2015, revela retração de 1,0% no PIB setorial. Esses números são inadmissíveis diante das necessidades básicas de um País que precisa construir uma infraestrutura para dar suporte ao seu desenvolvimento e que precisa sanar um déficit habitacional de mais de cinco milhões de moradias. Lamentável saber que o Brasil, que já foi visto como uma promessa mundial, tem o pior desempenho em uma análise entre 31 países, ficando atrás até da Grécia e da Rússia, mesmo considerando que o resultado do PIB foi melhor do que o esperado pelo mercado e pode sinalizar uma recessão menor do que o ano passado, O primeiro passo para reverter essa trajetória declinante é o retorno da confiança. Sem ela os investimentos não são realizados, não existe produção, não existe consumo, a economia paralisa e o País padece. Olhando para frente já é possível observar as primeiras pesquisas que demonstram uma sinalização da retomada, mesmo que modesta, da confiança na economia. Mas o seu fortalecimento dependerá do efetivo cumprimento de uma agenda econômica básica que priorize os investimentos, o combate à inflação e o controle das contas públicas. Dessa forma será possível concretizar o sonho de ver a consolidação do crescimento nacional já no próximo ano. *Daniel Furletti é economista e Coordenador Sindical do Sinduscon-MG Ieda Vasconcelos é economista e Assessora Econômica do Sinduscon-MG.