Por Eduardo Henrique Moreira – Vice-presidente da Área de Materiais, Tecnologia e Meio Ambiente do Sinduscon-MG e presidente do Seconci-MG
Elaborar um projeto é, antes de tudo, auxiliar na solução de um problema, convertendo ideias em ações. Nele, delineamos tudo o que é necessário para o andamento das atividades a serem executadas: objetivos, meios necessários para alcançá-los, recursos básicos, como e onde os insumos, e de que forma serão avaliados os resultados.
No setor da construção não é diferente. O projeto é parte integrante do processo construtivo, responsável pelo desenvolvimento, organização, registro e comunicação das características físicas e tecnológicas de uma edificação que serão observadas na fase de execução. Ao contrário do que se pensa, investir no projeto é rentável, pois sistematiza o trabalho em etapas, identifica deficiências a serem superadas e antecipa eventuais falhas durante a realização das atividades previstas.
Nessa perspectiva, o projeto se torna uma ferramenta gerencial importante e sua qualidade incide diretamente na qualidade do empreendimento. Ele transmite as características do produto e são elas que irão determinar o grau de satisfação do cliente. É notório que os investimentos em projetos são bem mais expressivos nos países desenvolvidos, chegando a ser até cinco vezes maiores que o valor destinado nos países em desenvolvimento.
No Brasil, essa realidade não é diferente. E os números são muito mais alarmantes nas obras sob a responsabilidade de pessoas físicas, existindo ainda a prática da execução de serviços de engenharia sem sequer haver um projeto.
Entretanto, novas tecnologias estão sendo incorporadas no mercado brasileiro, aumentando a eficiência nas construtoras. Entre elas, destacamos a engenharia simultânea aliada à gestão do processo de projetos e a plataforma inovadora da tecnologia da informação aplicada à construção civil, o Building Information Modeling (BIM), que em português significa Modelagem de Informação para Construção.
Neste momento, sem dúvida, o conceito de desempenho é o maior precursor dessas mudanças. A partir da coordenação de projetos dentro do modelo de engenharia simultânea e gestão, a atuação integrada das diversas especialidades possibilitam a otimização de processos, serviços e do consumo de materiais na produção de edificações.
Ou seja, não é mais aceitável executar uma alvenaria e depois ter que quebrá-la para permitir passagem de tubulações. O mais lógico é prever a necessidade dos pontos de passagem dos diversos sistemas prediais e já indicar as soluções ainda no planejamento, evitando ajustes durante a obra e o desperdício.
A gestão e coordenação de projetos já é uma realidade para várias empresas do setor da Construção. Prova disso é uma ação liderada pelo Sindicato da Indústria da Construção no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG) e a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), por meio do Senai-MG e de sua Secretaria de Desempenho, que reuniu várias entidades em torno da melhoria dos processos. Dessa união resultou a publicação do Manual para Contratação de Projetos para o Desempenho de Edificações Habitacionais, que orienta construtoras nos procedimentos de contratação de projetos.
Sempre é tempo de iniciar novos projetos. A despeito da conjuntura de crise, acreditamos que 2017 será melhor que 2016 para o setor da Construção. Os números reforçam essa expectativa, ainda que não com o vigor que o setor necessita e merece. Somos otimistas. Acreditamos em novas experiências enquanto agentes do novo, do sustentável. O momento certo de colocar em prática nossos projetos é sempre agora!
* Artigo publicado no caderno Lugar Certo do jornal Estado de Minas em 1º de Janeiro de 2017