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Imagem: Wikimedia/CC
Artigo: Desafios e oportunidades no setor da construção civil em 2019

Por: Daniel Ítalo Richard Furletti e Ieda Maria Pereira Vasconcelos*

Depois de cinco anos consecutivos de retração, que proporcionaram queda de 28% em suas atividades, com reflexo em seu mercado de trabalho, que eliminou um milhão de vagas formais, a construção civil iniciou 2019 com um viés otimista. Espera-se que finalmente, neste ano, o setor deixe o seu ciclo recessivo para trás e volte a crescer.  As perspectivas de maior dinamismo da economia nacional; a inflação abaixo do centro da meta; a baixa taxa de juro real; a esperada inversão da trajetória do desemprego ao longo do ano; as perspectivas de incremento do crédito imobiliário; a maior confiança do empresário construtor na economia; a Lei do Distrato Imobiliário e a iminência de aprovação de reformas importantes, como a previdenciária, são alguns fatores que justificam o otimismo e que poderão gerar novas oportunidades de negócios para este setor que possui uma elevada capacidade de impulsionar a economia.

Entretanto, ainda existem sérios desafios para a consolidação do processo de crescimento: o preocupante quadro fiscal, que inibe os investimentos; a falta de segurança na utilização dos recursos do FGTS; o cenário externo mais difícil e o excesso de burocracia (alvarás, licenciamentos, cartórios) são alguns deles. Particularmente em Belo Horizonte a preocupação é ainda maior com a possibilidade de aprovação, em segundo turno, pela Câmara Municipal, do novo Plano Diretor.

Dados do Censo Imobiliário elaborados pela Brain Consultoria e divulgados pelo Sinduscon-MG evidenciam que o segmento de imóveis residenciais engatinhou um processo de recuperação no ano passado.  De janeiro a outubro/18 as vendas de apartamentos novos em Belo Horizonte foram 31,31% superiores às registradas em igual período do ano anterior. Assim, enquanto de janeiro a outubro/17 foram vendidos 2.009 apartamentos, em iguais meses de 2018 as vendas totalizaram 2.638 unidades. Mesmo com o incremento de 39,16% nos lançamentos residenciais, que passaram de 1.550 unidades nos primeiros dez meses de 2017 para 2.157 em igual período de 2018, eles ainda ficaram inferiores as vendas registradas no período.  Com esse movimento, o estoque tem apresentado redução. Em outubro/16 a capital mineira tinha 5.074 apartamentos novos disponíveis para comercialização. Já em outubro/17 esse número foi reduzido para 4.402 unidades e em outubro/18 para 3.930 unidades. Acumulando os dois anos, observa-se queda de 22,55% no número de unidades disponíveis para comercialização. Com a aguardada retomada da economia, naturalmente se espera a recomposição do estoque de imóveis residenciais novos na cidade, o que certamente impulsionaria a geração de emprego e renda.  Entretanto, caso se confirme a aprovação do novo Plano Diretor, que foi elaborado sem considerar a tendência mundial de crescimento das metrópoles, Belo Horizonte caminhará na contramão do desenvolvimento.

Para o melhor desempenho global da construção civil no País, é preciso considerar, também, a necessidade de se impulsionar as obras de infraestrutura. Neste contexto, o setor trabalha com a perspectiva de retomada das obras paradas. Espera-se, ainda, que o Governo dê um impulso ao processo das concessões, o que certamente resultará em mais obras e empregos no setor.

A construção civil, sem dúvidas, exerce papel fundamental na agenda positiva de fortalecimento do desenvolvimento nacional. O setor é capaz de construir as bases sólidas para o crescimento. Mas, especialmente, ele é capaz de promover o desenvolvimento social, gerando emprego e distribuindo renda, tão necessários ao bem estar da população.

*Daniel Ítalo Richard Furletti – Economista – Coordenador Sindical do Sinduscon-MG.

Ieda Maria Pereira Vasconcelos – Economista – Assessora Econômica do Sinduscon-MG.