Fonte: Assessoria Econômica do Sinduscon-MG
A Sondagem da Indústria da Construção de Minas Gerais apontou queda mais intensa da atividade e do número de empregados em março. No primeiro trimestre do ano, os empresários revelaram insatisfação com a margem de lucro operacional, com a situação financeira e com o acesso ao mercado de crédito. Dentre os principais problemas enfrentados pelo setor, a demanda insuficiente permaneceu no topo do ranking pela 11ª vez consecutiva, seguida pela elevada carga tributária.
Apesar do fraco desempenho da atividade da construção, os empresários continuam otimistas e projetam aumento, nos próximos seis meses, do nível de atividade, das compras de insumos e matérias-primas, dos novos empreendimentos e serviços e do número de empregados. As intenções de investimento também avançaram, registrando o terceiro crescimento no ano.
Desempenho da indústria da construção mineira – O índice de atividade da construção recuou pelo segundo mês seguido e registrou 40,7 pontos em março, queda de 3,9 pontos em relação a fevereiro (44,6 pontos). Com o resultado, o indicador afastou-se da linha de 50 pontos – que separa retração de aumento – e apontou redução mais acentuada da atividade. O índice caiu 2,3 pontos na comparação com março de 2018 e foi o mais baixo para o mês em três anos.
O indicador de atividade em relação à usual decresceu 2,0 pontos entre fevereiro (32,9 pontos) e março (30,9 pontos) e continuou inferior a 50 pontos, o que mostra que a atividade foi abaixo da habitual para o mês. Entretanto, o índice aumentou 1,0 ponto frente a março de 2018 (29,9 pontos).
O indicador de evolução do número de empregados recuou 0,4 ponto em março (41,9 pontos), contra fevereiro (42,3 pontos), após dois meses seguidos de aumento. O resultado, que permanece inferior a 50 pontos desde julho de 2014, sinalizou queda do emprego. Contudo, o índice cresceu 0,9 ponto em relação a março de 2018 (41,0 pontos).
Condições financeiras da indústria da construção mineira – Os indicadores financeiros são divulgados trimestralmente e medem a satisfação dos empresários da construção com o lucro operacional, com a situação financeira e com as condições de acesso ao crédito. Valores abaixo de 50 pontos indicam insatisfação dos empresários do setor.
Lucro operacional e situação financeira – O índice de satisfação com a margem de lucro operacional registrou 28,5 pontos no fechamento do primeiro trimestre do ano, queda de 2,2 pontos frente ao último trimestre de 2018. Com o recuo – o segundo seguido – o indicador mostrou maior insatisfação dos empresários. O índice caiu 3,4 pontos em relação ao primeiro trimestre de 2018 (31,9 pontos) e foi o pior observado nos últimos 11 trimestres.
O índice de satisfação com a situação financeira decresceu 3,4 pontos entre o último trimestre de 2018 (39,1 pontos) e o primeiro trimestre de 2019 (35,7 pontos). O indicador apontou descontentamento dos empresários com relação à situação financeira de seus negócios. O índice ficou praticamente estável frente ao primeiro trimestre de 2018 (35,8 pontos).
Acesso ao crédito – O índice que avalia as condições de acesso ao crédito registrou 31,9 pontos no primeiro trimestre do ano, aumento de 2,2 pontos em relação ao trimestre anterior (29,7 pontos). O indicador permanece bem abaixo da linha divisória de 50 pontos, revelando que os empresários da construção estão com dificuldades de acesso ao crédito. Contudo, o índice ficou 2,2 pontos acima do verificado no mesmo período de 2018 e foi o melhor em 13 trimestres.
Problemas enfrentados pela indústria da construção mineira – No primeiro trimestre de 2019, a demanda insuficiente continuou, pela 11ª vez seguida, como o principal problema enfrentado pela Indústria da Construção, com 43,2% das marcações. O percentual de assinalações recuou frente ao trimestre anterior (46,7%).
A elevada carga tributária manteve-se na segunda posição pelo terceiro trimestre consecutivo, com 40,5% das citações. Vale ressaltar o expressivo aumento no percentual de empresas que assinalaram esse problema, na comparação com o último trimestre de 2018. Em seguida, ficou a inadimplência dos clientes (29,7%), que figurou em terceiro lugar no ranking, assim como na pesquisa anterior.
Vale destacar que os itens taxas de juros elevadas (21,6%), falta de financiamento de longo prazo (18,9%) e falta ou alto custo do trabalhador qualificado (16,2%) foram mais citados que na pesquisa anterior.
O economista e coordenador do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Daniel Furletti, diz que “a queda no nível da atividade está relacionada ao menor desempenho da economia, cujas expectativas divulgadas pelo Banco Central demonstram também uma queda de 0,68% do PIB no 1º trimestre de 2019”. Porém, o economista acrescenta que “as expectativas permanecem otimistas porque existe a confiança de que a aprovação da Reforma da Previdência poderá mudar o cenário econômico e descortinar um horizonte de investimentos, entre eles, os da construção civil. Setor que tem uma participação acima de 50% no País”, avalia.