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Bancos privados já sobem os juros para crédito a imóveis

SÃO PAULO – A taxa de juros ao crédito imobiliário deve ser a primeira a sentir os efeitos da crise: falta de liquidez e aumento do custo de captação de recursos. Os principais bancos do País já começam a sentir esse efeito e o aumento nas taxas chega a 3 pontos percentuais no financiamento de 25 anos, caso do Itaú, que passou de um teto de 9% ao ano, para 12% ao ano. O Bradesco, por sua vez, aumentou sua taxa de 9% para 10,5% ao ano, enquanto o Unibanco passou de 11% para 12% ao ano. O ex-diretor do Banco Central e atualmente economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, diz que é natural essa elevação das taxas nas atuais condições. “A captação a longo prazo é a mais difícil, e no atual momento está muito escassa”. Para ele, a situação pode mudar em caso de o BC voltar a baixar a taxa Selic. “Mas é muito difícil que isso venha a acontecer ainda neste ano.” O economista do Instituto de Economia da Unicamp Cláudio Dedecca concorda com que esse segmento é o que mais vai sofrer pressões e, por isso, é considerado por ele setor-chave onde o governo deveria atuar de forma mais acentuada. “Quem tem poder de compra para se financiar está sofrendo a crise do mercado. Quem tem renda, e poderia consumir via financiamento, vai encontrar o crédito mais caro.” O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, afirmou no início do mês que o governo irá anunciar medidas para facilitar esse tipo de financiamento. Ele disse que os bancos brasileiros têm muita capacidade de investir e de financiar, além de existir demanda. O que precisamos, disse ele, é compatibilizar os juros, as prestações e condições de financiamento com a renda das pessoas. Em especial a das famílias de menor poder aquisitivo. Paulo Bernardo afirmou que o governo quer ampliar o acesso e não vê nenhum problema com o crescimento de crédito imobiliário no País, “muito diferente do norte-americano”. A Caixa Econômica Federal, a maior financiadora imobiliária do País, com 68% de market share, não prevê nenhuma alteração em relação às taxas cobradas atualmente e vai manter a hipoteca em 30 anos, garante o vice-presidente de finanças da instituição, Márcio Percival. “Ainda temos uma capacidade de expansão de crédito muito boa, graças principalmente à poupança.” Percival revela que só em setembro, os depósitos em poupança do banco cresceram R$ 1,2 bilhões e que outubro teve um início “muito bom”. Ele afirma ainda que até o fim de 2008 devem ser destinado mais R$ 5 bilhões para esse tipo de operação. No primeiro semestre de 2008 foram destinados R$ 36 bilhões para o crédito habitacional, 27% superior aos R$ 28,9 bi ofertados no mesmo período do ano passado.