O estágio de implementação do BIM – BuildingInformationModeling pelas construtoras brasileiras e os mais recentes passos para que o país tenha um Parque de Inovação ligado à construção civil foram os principais temas dos trabalhos de quinta-feira (28) da Comat – Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade, da CBIC, dentro do 84º Enic, em Belo Horizonte (MG). No painel sobre interoperabilidade de BIM: o caminho sem volta, Fernando Augusto Correa da Silva, membro do CTQ – Comitê de Tecnologia e Qualidade do Sinduscon-SP e diretor da Sinco Engenharia, garantiu que, com a aplicação do processo, “um problema que for detectado pode pagar o custo de implementação de todo o projeto”. Ele lembrou que a representação digital do BIM deve estar presente desde a concepção da obra, em cada situação do seu ciclo de vida. “Com um modelo em 3D, dá para saber o ciclo total da obra e qual será o passivo ambiental dela”, exemplificou. Segundo ele, o nível de detalhamento do projeto depende das necessidades de cada empresa. “O modelo vai melhorando conforme a necessidade e pode variar em função das fases da obra”, afirmou. A interoperabilidade entre os softwares escolhidos para modelar os sistemas é um importante aspecto. Segundo ele, mais à frente, as empresas terão um servidor local que detém o modelo completo e capaz de promover a integração de todas as disciplinas on-line, além de dispositivos eletrônicos que integrem e monitorem o projeto ao longo de sua vida útil. Outra vantagem do BIM é a rastreabilidade do projeto, que permite definir as responsabilidades de cada agente e reduzir os riscos do projeto. “Com a coordenação dos projetos, as relações mudam. Cada um consegue ter o projeto em seu escritório e os engenheiros das empresas terão mais tempo para pensar”, disse Fernando Correa, que participa do grupo de estudo de uma norma técnica sobre elaboração de bibliotecas digitais para BIM. “Os fornecedores precisam fazer as suas bibliotecas. Por isso estamos trabalhando para dar a eles as diretrizes”, completou. João Paulo Bueno, gerente técnico da Gafisa, apresentou o GPS – Gafisa Project System, que faz a padronização de sistemas aplicados às obras da construtora. A Gafisa tem trabalhado projetos em BIM com vários softwares que exportam arquivos com extensão .ifc para o software Solibri, que analisa a ocorrência de conflitos entre os diferentes projetos (arquitetura, estrutura, hidráulica, elétrica). “Definir as coordenadas no início é fundamental”, alertou. A análise de conflitos permite, por exemplo, detectar sobreposições ou duplicações de elementos do modelo. “Isso é uma grande mudança. Até a intensidade das reuniões mudou. Agora é via web e dura 15 minutos, garantindo muito mais produtividade”, contou. Já as palestras de Orivaldo Barros, diretor internacional do instituto inglês BRE, e da professora Raquel Blumenschein, coordenadora do LacisUnB, anunciaram que o Pisac – Parque de Inovação e Sustentabilidade do Ambiente Construído está prestes a se tornar uma realidade para o setor. “O Pisac é o resultado do esforço de muitos, entre eles CBIC, UnB, BRE e Sinduscon-DF. Será um catalisador, um integrador e um gerador de inovações para o setor. A ideia é democratizar as tecnologias existentes e inovadoras”, disse a professora Raquel. “O Brasil tem hoje um ambiente muito favorável à inovação. Não será possível construir milhões de casas do (programa) Minha Casa, Minha Vida sem inovação. O setor não vai conseguir atender sem ela”, afirmou Barros. Segundo Raquel Blumenschein, o modelo de acordo de cooperação entre as entidades envolvidas na criação do Pisac ficará pronto nesta sexta-feira (29/6). Durante a Conferência Rio+20, já havia sido assinado um acordo entre os governos brasileiro e do Reino Unido. Por Nathalia Barboza – Sinduscon-SP/Enic.