Banco nega elevação do custo do crédito imobiliário. São Paulo – A superintendente nacional de Habitação da Caixa Econômica Federal (CEF), Bernadete Maria Pinheiro Coury, garantiu ontem que a instituição financeira não vai mexer em nenhum custo de crédito imobiliário, tanto para pessoa física quanto jurídica. Ela afirmou, porém, que podem haver obstáculos à demanda de crédito devido à crise financeira. Segundo Bernadete Maria Pinheiro Coury, os custos dos recursos de financiamento da Caixa – captação da caderneta de poupança e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) – continuam o mesmo. “Na caderneta, remuneramos para o poupador a Taxa Referencial (TR) mais 6%, e os recursos do FGTS têm remuneração definida. Então, o custo para o banco é o mesmo e, em função disso, não vamos alterar a taxa de juros dos financiamentos”, afirmou no 4º Fórum Nacional de Sustentabilidade da Construção, em São Paulo. Desde 2007, a Caixa mantém os juros e prazos para financiar imóveis. Os juros para quem usar recursos do FGTS são de 8,16% ao ano; com recursos da poupança, variam entre 8% e 14%. Os valores têm o acréscimo da TR. Reavaliação – Sobre a possibilidade de ocorrer uma redução da demanda por crédito em função da crise financeira, Bernadete disse que tem “ouvido das empresas” que elas estão reavaliando os lançamentos imobiliários. “O banco vai agir sempre visando o atendimento do mercado. Se houver redução da oferta de unidade habitacionais, vamos contribuir para que não exista paralisação, aumentando a oferta de crédito.” Segundo a superintendente, porém, a CEF não percebeu nenhuma redução da tomada de crédito, mas a greve dos bancários, que entrou hoje no 14º dia, pode influenciar. “Ainda não percebemos essa redução, mas infelizmente estamos em um período de greve, e então temos tratado a demanda que já estava dentro das agências. Mas se a greve não arrefecer essa redução será percebida.” Compromisso – Ao responder a questionamento se agora é hora de repensar a entrada em um financiamento imobiliário, Coury afirmou que a decisão de assumir um compromisso de longo prazo “tem que ser avaliada dada a condição de cada mutuário.” “Uma pessoa física que assume um financiamento por 20 ou 25 anos vai comprometer uma parcela da renda. Isso tem que fazer parte do planejamento da vida.” No mesmo evento, o economista Eduardo Gianetti da Fonseca afirmou que mercado imobiliário brasileiro está longe de cair no abismo visto nos Estados Unidos, onde o crédito imobiliário de alto risco está na origem da crise financeira. “O setor imobiliário está apenas começando o ciclo de expansão do crédito. Não existe bolha e inadimplência de mutuários. As empresas estão de modo geral capitalizadas. O quadro aqui é totalmente diferente”, disse. Ele advertiu, porém, para a dificuldade de empresas em ter capital de giro para projetos em execução. (FP) Brasil: alvo da China Rio – O crescimento menor da economia chinesa, que desacelerou para 9% no terceiro trimestre deste ano, vai afetar o mercado interno do Brasil, tido como a tábua de salvação para a crise financeira global. Com a recessão nos Estados Unidos e na Europa, a China terá de escoar sua produção para países emergentes a preços ainda menores, criando “uma concorrência predatória” com a indústria nacional. Os setores mais prejudicados, de acordo com economistas, serão os de eletroeletrônicos, calçados e vestuário. O maior país da América Latina perde também pelo lado das exportações, já que a nação asiática é sua segunda maior parceira comercial. Além disso, o país está correndo o sério risco de sofrer uma invasão de produtos siderúrgicos da China e de outros fabricantes mundiais. É que o país, ao contrário de outras economias, derrubou barreiras protecionistas e reduziu a zero a alíquota de importação para 15 produtos siderúrgicos. A lista entrou em vigor em 2005 e, hoje, virou o principal foco de preocupação do vice-presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), Marco Polo de Mello. Para Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), as indústrias chinesas terão de baixar seus preços para conseguir vender seus estoques, já que os países ricos vão consumir menos. No Brasil, continua ele, com a maior competição, poderá haver o fechamento de inúmeras fábricas. “Não há dúvidas de que a indústria brasileira será a mais prejudicada. Não haverá condições de competir. Os preços dos itens chineses são muito baixos e ficará ainda menor. É concorrência predatória. A alta do dólar em relação ao real não irá conseguir atenuar os efeitos da concorrência, prejudicando o setor industrial de qualquer jeito. Como conseqüência, a economia brasileira vai desacelerar também”, disse. Essa é a mesma preocupação do professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Gomes de Almeida. (AG)