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Caixa já destinou R$ 2 bilhões para habitação em MG

Volume até outubro é 51% superior ao de 2007. Caixa prevê liberar R$ 22 bilhões em financiamentos habitacionais no ano O volume de financiamentos habitacionais direcionados para Minas Gerais pela Caixa Econômica Federal de janeiro a outubro atingiu a cifra de R$ 2,026 bilhões, segundo divulgou a instituição financeira nessa sexta-feira. Os recursos liberados para a aquisição da casa própria no Estado tiveram aumento de 51% sobre o mesmo período do ano passado, que ficaram em R$ 1,342 bilhão. Em relação ao acumulado até setembro (R$ 1,531 bilhão), houve aumento de 32%. De acordo com o gerente regional de Habitação da Caixa, Marivaldo Araújo Ribeiro, o desempenho em Minas representa 46,465 mil contratos assinados, cerca de 118 mil pessoas beneficiadas e a geração de 193 mil empregos. “O resultado mostra que a Caixa está auxiliando aquelas pessoas que desejam realizar o sonho da moradia própria. Hoje, com o aumento real do salário, ficou mais fácil para os trabalhadores comprarem um imóvel. Outra característica importante é que a classe média está se sobressaindo e comprando mais”, observou. Segundo Ribeiro, isso se deve ao aumento dos contratos assinados por meio dos recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empresa (SBPE), que beneficiam famílias com renda mensal superior a R$ 4,9 mil. “Antes víamos que, basicamente, os finaciamentos eram feitos com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), ou seja, por famílias com renda mais baixa. Agora, muitos optam por utilizar o SBPE.” Somente com recursos do FGTS, a Caixa aplicou, de janeiro a outubro, R$ 1,108 bilhão em Minas. No mesmo período, foram realizados 24,610 mil contratos. Conforme o gerente regional de Habitação da Caixa, a crise financeira internacional não irá influenciar o resultado da meta prevista para o final do ano, que é de liberação de R$ 22 bilhões em financiamentos habitacionais para todo o país. Contramão – “Com a retração do crédito que vem ocorrendo em outros bancos privados, a Caixa pretende ampliar ainda mais o número de financiamentos. Nós não vamos aumentar taxas nem diminuir prazos. Vamos manter o programa da mesma maneira que vem sendo feito há dois anos. Para 2009, a previsão é de um incremento da ordem de 20%”, revelou. A Caixa apresentou lucro líqüido aproximado de R$ 72 milhões em Minas Gerais no terceiro trimestre do ano, segundo dados da instituição financeira estatal. Os números de Minas representam cerca de 10% dos resultados do país, que chegaram a R$ 722,5 milhões em setembro, uma elevação de mais de 1.000% em relação ao mesmo período de 2007, quando o banco registrou R$ 62,5 milhões no lucro líqüido. O desempenho, segundo informou a Caixa, foi puxado pelas operações de crédito, sobretudo pelo setor imobiliário. LUCIANE LISBOA Crédito dá sinais de recuperação São Paulo – O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que a concessão de crédito no país já começou a mostrar sinais de recuperação no fim de outubro, mas não divulgou números. Segundo ele, o volume de crédito ainda é inferior a períodos anteriores, mas demonstra mais fôlego do que o registrado no início de outubro. Até o dia 10 de outubro, o volume de crédito concedido no mercado havia recuado 13%, segundo o Banco Central. “Estamos vendo uma recuperação durante o fim de outubro. É uma tendência gradual de recuperação”, afirmou Meirelles, que fez apresentação durante almoço na Câmara Americana de Comércio de São Paulo (Amcham-SP). Meirelles reconheceu que o movimento gradual de recuperação não atinge todos os segmentos ao mesmo tempo, mas ressaltou que, na média, o crédito começa a se recuperar. Segundo o presidente do BC, apesar ser atingido pela crise financeira mundial, o Brasil registrará crescimento econômico superior à média mundial esperada pelo FMI, que é de 2,2% em 2008. Também sem apresentar números, Meirelles ressaltou que a atividade econômica do país está sustentada pelo consumo interno, o que é uma vantagem diante do cenário de retração do mercado internacional. Meirelles atualizou os números do BC para injetar liquidez no mercado. Segundo ele, até agora as ações somaram U$ 40 bilhões. Até o dia 5 de novembro foram usados US$ 26 bilhões na venda de swaps cambiais; US$ 3,1 bilhões em linhas e dólares para operações de comércio exterior; US$ 5,8 bilhões em leilões da moeda americana com compromisso de recompra e US$ 5,1 bilhões na venda no mercado à vista. O presidente do BC fez a empresários e executivos um discurso um pouco mais otimista, mas ressaltou que ainda é preciso se manter em alerta. Na tarde dessa sexta-feira, Meirelles teve encontro com o presidente do banco central americano, o Fed, Ben Bernanke, em São Paulo, para discutir conjuntura e possíveis ações coordenadas de regulamentação dos mercados. (AG) No país, liberações bateram recorde: R$ 8 bi São Paulo – A Caixa Econômica Federal informou ontem que bateu recorde de financiamento habitacional até o mês de outubro, com liberação de R$ 8,036 bilhões no acumulado deste ano, alta de 69,3% em relação ao mesmo período do ano passado, quando emprestou R$ 4,747 bilhões. Segundo a Caixa, o valor aplicado até o final de outubro deste ano é 36,8% superior ao valor aplicado durante todo o exercício de 2007, que foi de R$ 5,872 bilhões. Segundo a Caixa, esse desempenho representa 148,111 mil moradias, cerca de 601 mil pessoas beneficiadas e 766 mil empregos gerados. Já foram aplicados 87% dos recursos disponíveis para esse tipo de financiamento em 2008. No Estado de São Paulo, até o final de outubro, foram investidos R$ 2,2 bilhões com recursos da poupança, valor 76% maior do que o realizado no mesmo período de 2007 (R$ 1,3 bilhão) e também superior em 43% ao total aplicado em 2007, que foi de R$ 1,6 bilhão. Neste ano, foram assinados 37 mil contratos com mais de 150 mil pessoas beneficiadas e 219 mil empregos gerados no Estado com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). O banco informou ainda que aplicou outros R$ 9,332 bilhões com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) até outubro deste ano, contra R$ 5,760 bilhões no mesmo período do ano passado. Foram financiadas 228,833 mil unidades. Segundo a Caixa, em São Paulo, foram assinados 55 mil contratos com recursos do FGTS no valor de R$ 2,8 bilhões, beneficiando 230 mil pessoas e 265 mil empregos gerados no Estado. Os recursos do FGTS investidos até o momento representam 18% a mais do que o valor investido em todo o ano de 2007, que foi de R$ 2,37 bilhões. Fundo – O governo editou ontem a Medida Provisória 445 autorizando a Caixa a não repassar à União parte dos dividendos de 2008 a 2010. O dinheiro vai integrar um fundo de reservas que servirá de garantia para as operações de empréstimos de capital de giro que a Caixa vai conceder às empresas construtoras habitacionais. A linha de empréstimo foi anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, na semana passada. O fundo de reserva será de R$ 1,05 bilhão e vai cobrir 35% do risco de crédito dessas operações. A medida depende de regulamentação do Conselho Monetário Nacional (CMN) e restringe sua vigência apenas a construtoras habitacionais. Ao anunciar o balanço do terceiro trimestre da instituição, a diretoria da Caixa disse que já recebeu uma demanda elevada de empresas interessadas nessa linha de capital de giro, que terá inicialmente R$ 3 bilhões. A Caixa informou que dará prioridade a empresas que já lançaram empreendimentos imobiliários e estão sem recursos para fazer as obras. Esta é a terceira medida provisória que o governo edita com medidas para enfrentar o impacto da crise financeira internacional na economia brasileira. (FP e AE) Juros: alta afetaria liquidez Rio – Uma eventual alta dos juros, possibilidade em aberto pela ata da última reunião do Copom que manteve a Selic em 13,75% ao ano, é contraditória à política de aumentar a liquidez, por meio de medidas como a liberação de compulsórios e aumento da concessão de crédito à economia pelos bancos públicos, avalia o professor de Economia da Unicamp Ricardo Carneiro. “Não faz sentido fazer política de ampliação da liquidez, dar mais recursos para banco, e, ao mesmo tempo, incentivar o banco a segurar essa liquidez com aumento de juros”, disse o economista. Em sua interpretação, uma eventual alta dos juros sinalizaria para os bancos continuarem investindo mais em títulos públicos do que na concessão de crédito. Já uma redução dos juros poderia ajudar a desempoçar a liquidez “ou pelo menos não atrapalharia”. Ele considera que não faz sentido manter os juros altos agora para desacelerar a demanda porque “vai ter inevitavelmente desaceleração do crescimento, contração de consumo e redução de parte dos investimentos”. Também não faz sentido usar os juros para o câmbio, de acordo com ele, porque “não é o juro que vai fazer o capital ficar aqui porque não é ele que está fazendo o capital sair”. Em sua visão, a alta do dólar fará a inflação aumentar, “não tem jeito”. Para Carneiro, as medidas para crédito estão corretas e ao mesmo tempo indicam que o crédito interno não está ainda funcionando bem. (AE)