NICE SILVA ESPECIAL PARA O HOJE EM DIA A Caixa Econômica Federal anunciou mudanças nas operações de consórcios imobiliários. Os prazos de pagamento para cartas de crédito de até R$ 50 mil dobraram, com conseqüente redução no valor das prestações. Com essa estratégia, a Caixa pretende aumentar o número de clientes de baixa renda. Houve também mudanças nos valores das cartas de crédito. Agora, eles variam de R$ 30 mil a R$ 300 mil, e os prazos, que eram de 60, 90, 120 e 150 meses, foram reduzidos para apenas duas faixas: 120 e 150 meses. A Caixa é a segunda no ranking de consórcios imobiliários do país, com 22% do mercado e só perde para o Bradesco, onde, conforme informações do site do banco, o prazo máximo para integralização das cotas é de 144 meses. De acordo com a gerente de produtos de Consórcios da Caixa, Kenia Taís Cuadros, as taxas da instituição estão entre as mais baixas do mercado. Para consórcios de 120 meses, a taxa é de 17% ao longo desse prazo. Para os de 150 meses, o índice é 18% no período do contrato. “Consideramos que não são as mais baixas do mercado, mas são competitivas”, defende. E quem recorre ao consórcio imobiliário, segundo ela, são as pessoas que conseguem se programar para adquirir um imóvel. “Se a pessoa consegue pagar o aluguel e a prestação do consórcio, é muito interessante, porque adquirir a casa própria pelo consórcio é muito mais barato”, explica. Para os clientes que têm pressa em mudar para o imóvel, o financiamento continua sendo a opção, diz. Segundo Kenia, o consórcio possui baixo nível de inandimplência: 6,33%, na Caixa. Com a queda no valor das prestações em razão do prazo alongado pelas novas regras, a instituição espera reduzir ainda mais esse índice. “Com baixas taxas de inadimplência podemos aumentar a oferta de imóveis”, avalia. Atualmente, 45 consorciados da Caixa recebem bens imóveis por dia. A gerente diz também que, por atuar em âmbito nacional, a reposição das cotas dos desistentes é feita de maneira rápida. O total de consorciados da instituição é de 110.268. A faixa predominante de consórcios na Caixa está entre R$ 70 mil a R$ 140 mil, de acordo com a gerente. A Caixa também alterou o intervalo entre os valores das cartas de crédito. Antes eles variavam de R$ 5 mil e passaram a variar em R$ 10 mil. Na Rodobens, empresa que atua no consórcio imobiliário desde 1991, as cartas de crédito vão de R$ 35 mil a R$ 200 mil. E os prazos para integralização das cotas vão de 75 a 150 meses, como explica o diretor executivo da empresa, Sebastião Cirelli. A taxa de administração é de 0,16% ao mês. Segundo Cirelli, o ticket médio da empresa é de R$ 100 mil e, nos últimos 12 meses, o crescimento do negócio está na casa dos 30%. “As pessoas estão usando o consórcio não só para aquisição da casa própria, mas a gente observa a utilização também por pessoas jurídicas, para expansão das empresas”, afirma. O executivo diz que, com o aumento do crédito e dos empreendimentos imobiliários, o consórcio passou a ter mais destaque. De acordo com ele, a empresa vende mil cotas por mês em todo o Brasil, e os bens são entregues em 80% do prazo decorrido. O presidente da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac-MG), Fabiano Lopes Ferreira, diz que entre todos os ramos de consórcio, o imobiliário se destaca com crescimento de 20% ao ano. Ele garante que a modalidade é cada vez mais buscada por ter custo menor e ser menos burocrática. Por conta das normas rígidas do Banco Central, a segurança nas operações envolve risco pequeno, afirma Ferreira. A estimativa é de que o segmento movimente no Brasil cerca de R$ 15 bilhões por ano. O grande atrativo são os custos menores, afirma o presidente da Abac-MG. “As taxas são quatro a cinco vezes menores do que as praticadas no financiamento tradicional”, contabiliza. O principal indexador dos consórcios imobiliários, utilizado por 90% das empresas, segundo Ferreira, é o Índice Nacional do Custo da Construção (INCC).