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Casa própria e a crise

Fabiano Campos Zettel – Mestre em direito empresarial, professor universitário A crise financeira mundial tem tirado o sono de muita gente. Investidores, especuladores, funcionários de grandes empresas multinacionais e até mesmo as donas-de-casa querem saber o que vai ocorrer e como sentirão, no cotidiano de seus lares, os efeitos dos acontecimentos noticiados. Preocupadas, pessoas das mais diversas áreas buscam explicações para o fenômeno, enquanto cientistas econômicos brasileiros tentam prever os possíveis efeitos em relação aos nossos mercados. Muitos indagam a respeito do futuro do mercado imobiliário. Não vejo motivos para preocupações. O Brasil é o país das crises. Já enfrentamos todos os tipos de planos financeiros, trocas de moeda, turbulências setorizadas ou generalizadas, sem que com isso o mercado imobiliário ficasse desacreditado. O sonho da casa própria faz parte da nossa história. A casa própria é símbolo de realização, de sucesso, de status, de crescimento. E não ficamos por aí. Quando as crises assolaram o Brasil, a população provou crer serem os imóveis o investimento seguro, capaz de evitar perdas ou maiores prejuízos no capital. Também de forma até engraçada, quando atravessamos momentos de incontestável prosperidade, os imóveis também são a opção do investidor que, com maior poder de compra, decide ampliar seu patrimônio por meio de ativos reais. De um modo ou de outro, o investimento imobiliário sempre se mostrou sólido, confiável e de retorno aparentemente garantido. Um negócio capaz de atrair o mais desconfiado dos especuladores. A atual crise pode até ser bastante forte, como indicam os termômetros negociais, mas hoje também somos mais fortes. O Brasil nunca apresentou números tão sólidos do ponto de vista econômico; nunca esteve tão preparado para enfrentar momentos difíceis. Vivemos um momento de estabilidade inimaginável há algumas décadas. Também contribui para a solidez do mercado o fato de os financiamentos da casa própria, pelo governo federal, se fundarem em recursos captados no mercado interno. Já foi noticiada a manutenção das taxas de juros nos patamares em que se encontram, assim como inexistem quaisquer estudos que indiquem a sua futura oscilação em virtude da crise. A Caixa Econômica Federal (CEF) anuncia aplicação de R$ 23 bilhões em financiamentos habitacionais este ano, projetando investimentos ainda maiores para 2009. Depois da crise dos anos 1980, o sistema de financiamento habitacional se reestruturou, estando maduro e sólido. O crédito imobiliário brasileiro tem forte regulação, o que impede altos índices de inadimplência, grande responsável pelo efeito dominó no mercado norte-americano. A crise existe, mas o mercado sofrerá ajustes que serão sentidos por muitos segmentos, mas não por quem adquire casa própria. Empresas que vendem poderão ser, sim, atingidas. Por isso, todo cuidado é pouco na escolha antes de contratar, optando sempre por construtoras de nome reconhecido, que apresentem solidez patrimonial e linhas de financiamento ao seu alcance. Nunca contrate a aquisição de um imóvel na planta sem ter informações a respeito do financiamento do empreendimento, se a empresa tem recursos próprios ou existe instituição que garanta o desenvolvimento e a conclusão da obra. A empresa sólida e capitalizada não precisa se sujeitar a juros extorsivos, o que possibilita sua blindagem em relação às oscilações do mercado como um todo e, conseqüentemente, impede que seus clientes se transformem em alvo de surpresas. O consumidor brasileiro já está acostumado a ser cauteloso, a lidar com momentos difíceis e superá-los. E desta vez não será diferente.