Crédito para construtoras será destinado à conclusão de obras em andamento e a lançamentos. Brasília – Em mais uma ofensiva para manter aquecido o mercado imobiliário, o Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) anunciou ontem a criação de uma linha de crédito de R$ 3 bilhões, com recursos do FGTS, para as construtoras financiarem a conclusão de obras em andamento ou lançarem novos empreendimentos. O conselho decidiu ainda baixar a taxa de juros dos financiamentos habitacionais para trabalhadores com renda mensal de até R$ 2 mil. A taxa cairá dos atuais 6% ao ano mais TR para 5% ao ano mais TR. Os trabalhadores com este limite de renda que sejam titulares de contas do FGTS terão juros ainda mais baixos, de 4,5% ao ano mais TR. As duas medidas entram em vigor no início de 2009. “As medidas são no sentido de incentivar a fomentação de empregos na área da construção civil, que é a que mais cresce no País, e permitir ao consumidor realizar o sonho da casa própria, o que também incentivará o mercado”, afirmou o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. O secretário-executivo do Conselho Curador, Paulo Furtado, explicou que o programa de financiamento para as construtoras será feito por meio da aquisição pelo FGTS de títulos emitidos pelas empresas. As maiores, por exemplo, poderão emitir debêntures, enquanto as médias e pequenas empresas da construção poderão se unir e montar fundos imobiliários cujas cotas seriam vendidas ao FGTS. “Essa será uma forma inovadora e ágil de dinamizar o crédito para as empresas”, comentou Furtado, acrescentando que poderão ser financiados dessa forma até 80% do valor dos projetos. O Conselho Curador fixou o custo dos empréstimos às construtoras em 7% ao ano mais TR, quando se tratem de empreendimentos de habitação popular – unidades com valor de mercado de até R$ 130 mil. No caso de projetos habitacionais voltados para a classe média, as empresas terão de pagar 9% ao ano mais TR. Crédito escasso – A avaliação do Conselho Curador – formado por representantes do governo, dos trabalhadores e dos empresários – é que o FGTS pode fazer bons negócios e ainda suprir a dificuldade de acesso das construtoras ao mercado bancário tradicional, em razão da escassez de crédito. A proposta original, encaminhada ao governo por empresários do setor, era autorizar de uma só vez o uso de até R$ 12 bilhões do FGTS no programa, por quatro anos. Segundo fontes do Conselho, o Ministério da Fazenda foi contra a idéia. Para os trabalhadores de baixa renda, que poderão tomar empréstimos habitacionais mais baratos no ano que vem, é preciso lembrar que em cima da taxa reduzida fixada pelo Conselho ainda serão acrescidos os chamados spreads bancários (taxa adicional que inclui margem de lucro e custos administrativos). Na Caixa Econômica Federal, principal agente operador de empréstimos com dinheiro do FGTS, o spread médio é 2,16% ao ano. (AE) CEF bate recorde São Paulo – A crise internacional ainda não teve reflexos no financiamento habitacional da Caixa Econômica Federal (CEF), que bateu recorde ao emprestar R$ 20,4 bilhões neste ano até novembro, 60% acima do mesmo período de 2007, em 446 mil contratos. Para todo o ano, a projeção é chegar a R$ 22,8 bilhões, com crescimento de 50% no confronto com o ano anterior. Para 2009, o orçamento ainda não está fechado, mas o vice-presidente do banco, Jorge Hereda, prevê aumento de até 20% no valor a ser emprestado. “Queremos manter as condições de contratação Áde juros e prazosÀ e sempre tentar aumentar a participação da Caixa nesse setor”, afirmou. O banco detém 36% dos contratos em valor e 68% em quantidade dos financiamentos com recursos da poupança. Inadimplência – Neste ano, até o final de outubro, a inadimplência acima de 90 dias atingiu 0,3% dos contratos, considerando valor ou quantidade, contra 1,7%, nas duas análises, em 2007. Para a superintendente nacional de Habitação da Caixa, Bernadete Maria Pinheiro, essa queda se deve ao aprimoramento do sistema de análise dos clientes e à alienação fiduciária em um curto espaço de tempo. Além disso, a Caixa financia, na média, 49,8% do valor do imóvel, sendo 69,2% do total nos empréstimos com recursos do FGTS e 46% nos com dinheiro da poupança. (FP) Capital de giro para MRV e Goldfarb São Paulo – A Caixa Econômica Federal (CEF) assinou ontem contratos de capital de giro com recursos da poupança no montante de R$ 4 milhões, com as construtoras MRV e Goldfarb (R$ 2 milhões para cada empresa). Segundo o vice-presidente de governo da CEF, Jorge Hereda, até 30 de março os R$ 3 bilhões previstos para estas operações deverão ser aplicados e mais R$ 1 bilhão poderá ser concedido, se necessário. Outros contratos, de R$ 70 milhões, em linhas tradicionais de crédito imobiliário destinados a empresas, também foram assinados ontem pela CEF. Segundo o presidente da Goldfarb, Milton Goldfarb, a expectativa é fechar contratos de linhas de capital de giro em montante próximo de R$ 50 milhões até março. O contrato de R$ 2 milhões será utilizado para complementar o financiamento de um projeto cujo Valor Global de Vendas (VGV) é de R$ 25 milhões. O executivo avaliou os juros dessa linha – TR mais 11% ao ano – como “muito baratos” em relação a outros bancos. Conforme Goldfarb, as demais instituições cobram taxas de CDI mais 2,5% a CDI mais 3% para capital de giro, o que daria quase 50% a mais. O vice-presidente de Relação com Investidores da MRV, Leonardo Corrêa, afirmou que as taxas cobradas pela CEF para essa linha têm o mesmo custo para a companhia do que os financiamentos na modalidade plano empresário. De acordo com ele, a expectativa é de que a MRV cumpra sua meta de lançamentos próprios de R$ 2,5 bilhões a R$ 2,8 bilhões para este ano. Até 30 de setembro, a empresa lançou R$ 2 bilhões. (AE)