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Constatações e interrogações

Jorge Luiz Oliveira de Almeida – Empresário* Economia não é mesmo um tema objetivo e, por isso, não é fácil de entender. Muito menos para a maioria dos brasileiros, que aprendeu há pouco tempo a conviver com um cenário estável. Acompanhando o noticiário recente, algumas informações me chamaram a atenção de como é difícil, para um leigo, compreender o que se passa e o que pode ocorrer com o nosso país. Compilei primeiro algumas boas notícias que, sem dúvida, nos enchem de entusiasmo e esperança. A começar pelo resultado divulgado há 12 dias do Produto Interno Bruto (PIB) – que mostra o quanto a economia está evoluindo ou involuindo -, e que cresceu 5,8% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2007. Essa alta foi puxada principalmente pelo incremento da construção civil, que chegou a 8,8%. Outra boa notícia recente foi o upgrade da economia nacional, que passou a ser classificada como segura para se investir, ao alcançar o “grau de investimento” concedido pela Standard & Poor’s e pela Fitch Ratings, duas das três mais importantes agências especializadas em análise de risco de países e de empresas do mundo. Isso significa que o Brasil agora passa a ser visto com mais confiabilidade pelos investidores, e passa a ter acesso a um mercado potencial de US$ 10 trilhões, dinheiro de fundos de pensão estrangeiros que não podem investir em países considerados maus pagadores. A Sondagem Econômica trimestral do Institute for Economic Research at the University of Munich, ou Instituto IFO, que mede o Índice de Clima Econômico (ICE), também trouxe boas novas para o Brasil. O ICE acima de cinco caracteriza o clima econômico positivo. O nosso país foi o único entre os países emergentes que formam o grupo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) a aumentar esse índice no período de janeiro a abril. Foi uma alta ligeira de 6,4 para 6,5, mas levou a um empate com a Rússia na liderança do grupo. A sondagem mostrou também que, enquanto a média do ICE entre os países latino-americanos e o Bric mostrou piora entre janeiro e abril, a do Brasil permaneceu estável. Outra informação positiva, que não é nova e que vem surpreendendo mês a mês, é o aumento da liberação de crédito, principalmente para os mercados imobiliário e automobilístico. Nunca se viu tanta gente fazendo financiamento para realizar sonhos de consumo desses bens. Depois desse breve relato de temas positivos, separei outros que podem nos colocar uma “pulga atrás da orelha”. A começar pelo crédito: já tem sido divulgado que os longos prazos oferecidos pelos financiamentos de imóveis e de carros podem gerar inadimplência no futuro e trazer problemas para esses setores e, conseqüentemente, para a economia. A elevação dos juros pelo Banco Central tem dividido opinião dos economistas: em linhas gerais, alguns afirmam que ela é necessária para segurar o aumento da inflação, que, infelizmente, vem mostrando “as caras” novamente; outros dizem que ela é pouco eficiente nesse aspecto, além de inibir investimentos produtivos. E, por último, a carga tributária, que vem acenando com uma possibilidade de aumento caso o Senado aprove a recriação do imposto do cheque – a antiga Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) -, cujo nome agora é Contribuição Social para a Saúde (CSS). Se aprovada, as movimentações financeiras serão taxadas com uma alíquota de 0,1%, com exceção apenas para os trabalhadores assalariados, aposentados e pensionistas do INSS que recebem até R$ 3.080 por mês. Possibilidade de incremento da inadimplência, de aumento de juros e da carga tributária são fatores que podem minar todas as boas notícias citadas anteriormente. Podem frear o crescimento da confiabilidade no país, dos investimentos, do PIB e da oferta de crédito… No final, concluo com ainda mais veemência que, para um leigo, economia é mesmo muito difícil. Apesar disso, não podemos deixar de acompanhá-la e tentar nos posicionar positivamente diante dos desafios que ela nos apresenta. * Vice-presidente da área de Comunicação Social do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG)