Número de postos de trabalho criados até maio foi de 30,883 mil. O nível de empregos na construção civil de Minas Gerais persiste na trajetória de incremento iniciada no ano passado. De acordo com levantamento feito pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) Projetos, o Estado ampliou em cerca de 111% o número de postos de trabalho criados no período de janeiro a maio deste ano. As vagas passaram de 14,612 mil nos cinco primeiros meses de 2007 para 30,883 mil no acumulado de 2008. O contingente de trabalhadores no setor da construção civil do Estado em maio deste ano chegou a 285,494 mil, contra 244,513 mil em igual mês de 2007. A variação foi de quase 17%, segundo a pesquisa. Na comparação com o mês imediatamente anterior, maio superou em 2,15% abril, com 5,997 mil novas vagas criadas. Nos últimos 12 meses, foram 40,981 mil novos postos de trabalho no setor em Minas Gerais, crescimento de 16,76%. De acordo com o vice-presidente de Política, Relações Trabalhistas e Recursos Humanos do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Ricardo Catão Ribeiro, apesar de algumas dificuldades com a escassez de mão-de-obra, as vagas têm sido preenchidas. “A rotatividade em relação à construção dos empreendimentos é muito rápida, sendo que os trabalhadores são realocados para outras obras assim que terminam os serviços nas construções anteriores”, explicou Ribeiro. Além disso, haveria a migração de trabalhadores de outros setores para a indústria da construção civil, devido aos salários mais atrativos, que também reflete positivamente nos números do setor. “Apesar do crescimento, já sentimos dificuldades em conseguir profissionais de base, como pedreiros e mestres-de-obras, e não só especializados”, alertou Ribeiro. Desligamentos – Contudo, na Capital o número de desligamentos de trabalhadores na construção civil aumentou 9,69%, em dados divulgados até junho de 2008. Belo Horizonte tem mostrado desaceleração no setor, apesar de empresários e representantes de entidades justificarem o aumento com a alta rotatividade da mão-de-obra. De acordo com dados do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Stic-MG), o volume de rescisões passou de 3,302 mil no primeiro semestre de 2007 para 3,622 mil em igual período deste ano, configurando um aumento de 9,69%. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), ligado ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a capital mineira apresentou uma variação positiva de 185% no saldo de trabalhadores no setor da construção civil, na comparação entre os cinco primeiros meses de 2007 e de 2008, uma vez que o órgão ainda não divulgou os números do primeiro semestre. No âmbito nacional, a indústria da construção civil ultrapassou pela primeira vez desde 1995 a marca de 2 milhões de trabalhadores com carteira assinada, de acordo com o levantamento. Segundo a pesquisa, o contingente de mão-de-obra na construção civil do país é de 2,020 milhões. Nos primeiros cinco meses do ano, foram criadas 185,3 mil vagas formais, enquanto em todo o ano passado foram geradas 206,6 mil novas vagas no setor. MARX FERNANDES Desaceleração nos imóveis São Paulo – A expansão das vendas do setor imobiliário pode sofrer uma desaceleração neste segundo semestre, impulsionada por um cenário de elevação das taxas de juros dos financiamentos e de maior rigor dos bancos nas concessões de crédito. A avaliação é feita por representantes dos setores da construção e financeiro. O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira, avalia que os bancos, que estavam muito agressivos na concessão de crédito imobiliário, começam a tirar o pé do acelerador nesta modalidade de financiamento, por conta das incertezas geradas pela crise norte-americana e os riscos de inflação. Expectativa semelhante tem o analista da Lopes Filho & Associados, João Augusto Frota Salles, que também avalia que no cenário de incerteza algumas instituições tendem a adotar uma posição mais cautelosa na expansão do crédito imobiliário. Segundo ele, o movimento se mostrará mais evidente entre os bancos privados, que nos últimos anos desenvolveram plataformas para atender a maior clientela possível quando ocorresse o boom do financiamento de imóveis, esperado, inicialmente, para 2009. “Os bancos privados tendem a recuar nesse mercado. O cenário incerto adiou um novo boom de crédito imobiliário para 2010 ou 2011. Nesse ambiente, quem sinaliza o recuo são os bancos privados”, afirma Salles. De acordo com ele, bancos que há alguns meses apresentavam estratégias agressivas para conquistar esse mercado, como Santander e HSBC, devem mostrar recuo na concessão desse crédito. No entanto, o analista lembra que os bancos privados têm uma participação proporcionalmente pequena no crédito imobiliário total do país e que, por essa razão, essa desaceleração será sentida só na margem. O movimento ficará mais evidente a partir do primeiro trimestre do ano que vem, quando a elevação dos juros reduzir a demanda de forma mais efetiva, o que trará conseqüências para o principal agente financiador desse setor, a Caixa Econômica Federal (CEF). Fidelização – Embora com taxas mais baixas do que em outras modalidades de empréstimos, os bancos utilizam esses financiamentos de longo prazo para fidelizar os clientes e, dessa forma, aumentar a venda de produtos a esse público. No entanto, nesse ambiente de incerteza, os bancos tendem a apostar em outras linhas de negócios, que oferecem maior rentabilidade, como o segmento corporate, destinado a empresas de grande porte. Essa estratégia também irá produzir efeito sobre o crédito imobiliário. “A demanda por imóveis ainda não foi impactada pelas recentes altas de juros, mas poderá haver pequena redução no próximo trimestre e principalmente no quarto. As vendas vão crescer, mas menos que no primeiro semestre”, opina um analista, que preferiu não se identificar. (AE) Venda recorde de materiais São Paulo – O atual ciclo de expansão da indústria brasileira de material de construção já é o maior dos últimos 25 anos. O setor vive há dois anos com altas ininterruptas de vendas. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), o encerramento do primeiro semestre de 2008 levou o setor a rever as projeções de crescimento do faturamento neste ano de 15% para 18% sobre o resultado de 2007. Isso deve elevar as receitas do conjunto da indústria a R$ 92,4 bilhões, cifra R$ 13 bilhões superior ao obtido no ano passado. No primeiro semestre, a indústria faturou 28,2% mais que igual período de 2007 atingindo R$ 45 bilhões. Os dados do chamado Índice Abramat – que acompanha mensalmente a evolução de faturamento da indústria fabricante de material de construção – foram anunciados ontem em São Paulo. “Em junho, completamos 25 meses de expansão seguida das vendas. É um ciclo de crescimento consistente que não víamos há pelo menos 25 anos”, explica Melvyn David Fox, presidente da Abramat. Só no mês de junho, a indústria vendeu 34,22% a mais sobre o mesmo período do ano anterior. Nos últimos 12 meses, em apenas dois meses as vendas da indústria de material de construção cresceu menos de 15% sobre o mês equivalente ao ano anterior. Dois fatores estão impulsionando as vendas do setor. O setor habitacional tem sido o principal motor de impulso para as compras, mas desde o início do ano um segundo setor começa a ganhar relevância: os investimentos em infra-estrutura. “Desde o fim do ano passado, os projetos de infra-estrutura do PAC começaram a demanda material de construção e isso tem ajudado na expansão das vendas”, diz. A indústria diz que o setor suporta as encomendas e que não há risco de inflação por demanda. (FP) Vidraçarias constatam forte aquecimento As vidraçarias de Belo Horizonte apresentaram crescimento nas vendas no primeiro semestre frente ao mesmo intervalo de 2007, segundo representantes de empresas ouvidos pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO. O resultado, de acordo com eles, foi impulsionado pelo bom desempenho da construção civil. Na Amaral Vidros Ltda, localizada no bairro Coqueiros, região da Pampulha, a alta nos negócios foi de cerca de 15% no acumulado do ano até junho ante igual período do exercício passado, de acordo a sócia do empreendimento, Kátia Valério de Oliveira. “Depois do período chuvoso, as vendas aumentaram ainda mais”, disse. Para ela, o resultado deve ser positivo no segundo semestre, mesmo que se mantenham os aumentos nos índices de inflação e da taxa de juros. “Caso haja influência, não acredito que será expressiva. Afinal, leva-se um certo tempo para que o mercado sinta as alterações. O crédito deve continuar ajudando no desempenho da construção civil e, logo, o nosso segmento. Aliás, o nosso resultado no primeiro semestre só não foi melhor em razão da dificuldade que estou tendo para ampliar o meu quadro de funcionários. É complicado encontrar profissionais qualificados para o setor”, observou. Outra empresa que apresentou resultado positivo no acumulado dos primeiros seis meses do ano foi a Temper Glass, segundo o proprietário da loja, situada no Caiçara, região Nordeste de Belo Horizonte, Rodrigo Cunha. “O primeiro semestre foi aquecido em razão das construtoras. As metas de todos os meses estão sendo atingidas e, em alguns casos, até nos surpreendeu”, disse. Base fraca – As facilidades de pagamento também foram outro fator que colaborou nos negócios, de acordo com ele. “O crescimento das vendas no semestre na comparação com o ano passado foi da ordem de 20%”, disse. A previsão para este ano é de expansão da ordem de 20% nos negócios frente ao resultado de 2007, quando as vendas apresentaram alta de cerca de 50%. “Vale ressaltar que a base de comparação do ano passado é fraca, pois em 2006 o desempenho foi influenciado pela separação da sociedade que então existia”, salientou. Na Barão Vidros, na região Oeste da capital mineira, as vendas no intervalo de janeiro a junho deste ano foram cerca de 12% maiores na comparação com o mesmo período de 2007, segundo o gerente do empreendimento, Roberto Alves de Oliveira. O resultado, de acordo com ele, foi estimulado pelo desempenho da construção civil. “Para o ano, acredito que o crescimento possa oscilar entre 4% a 8%, o que será um bom resultado. É que em 2007, a alta foi menor que 4%”, disse. Há seis meses no mercado, a Vidro Arte, situada no bairro Monsenhor Messias, região Nordeste da Capital, começou suas atividades com resultados positivos, de acordo com a sócia-proprietária, Diomara Alves. “Não dá para fazer um comparativo, mas posso dizer que não tenho do que reclamar. Acredito que o desempenho positivo deve se manter no segundo semestre que, normalmente é mais aquecido para boa parte do comércio”, observou. JULIANA GONTIJO