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Construção civil em MG perdeu 20,248 mil vagas

Em dezembro de 2007 o setor havia demitido 22,328 trabalhadores. O setor de construção civil em Minas apresentou, pelo segundo mês consecutivo, saldo negativo na geração de emprego. Em dezembro, 20,248 mil vagas deixaram de existir. Em novembro, 10,489 mil postos já haviam sido extintos. No acumulado do ano o setor mantém um saldo positivo de 18,272 mil novas vagas. Porém o resultado é inferior ao registrado no encerramento de 2007, quando foram criados pelo setor 20,699 mil empregos. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego. Conforme os últimos números do Caged, foram gerados pelo segmento em dezembro do ano passado 12,133 mil vagas e contabilizados 32,381 mil desligamentos, totalizando um déficit de 20,248 mil empregos no mês. No mesmo mês de 2007 o setor havia gerado 16,250 mil postos e demitido 22,328 trabalhadores, um saldo negativo de 6,078 mil empregos. Os números revelam que em uma ano deixaram de existir 2,427 mil ocupações no setor da construção civil em Minas Gerais. Para o vice-presidente de Política, Relações Trabalhistas e Recursos Humanos do Sindicato da Indústria da Construção Civil em Minas Gerais (Sinduscon-MG), Ricardo Catão Ribeiro, o resultado é reflexo da sazonalidade, somada à retração econômica. “Neste período, tradicionalmente, registramos saldo negativo, porém em 2008 isso foi acentuado pelo desaquecimento do mercado, que inibiu novos projetos”, afirmou. Segundo Ribeiro, em 2008 o segmento concluiu um número expressivo de obras, mas o agravamento da crise financeira internacional inviabilizou a renovação da carteira de contratos na mesma velocidade. Este movimento, na em sua avaliação, ocasionou um número de desligamentos significativamente superior ao de admissões. “Com o desaquecimento da economia de forma geral existe receio por parte dos empresários em saber se vai haver comprador para tantos empreendimentos, por isso, ocorreu uma desaceleração no ritmo de novos investimentos”, observou. Ele argumentou que a conclusão das obras da Linha Verde, do governo estadual, junto com a falta de outro investimento do mesmo porte, por exemplo, contribuiu para que as demissões fossem tão altas. Recuperação – O dirigente do Sinduscon-MG acredita que a partir de março, quando, segundo ele, outros setores da economia devem reaquecer, isso vai influenciar diretamente a construção civil. “É um processo em cadeia. Caso se confirme as previsões de reaquecimento da economia no final do primeiro trimestre, a construção civil também vai voltar a apresentar resultados positivos na geração de emprego”, concluiu. O último saldo positivo de emprego mensal registrado pela construção civil, segundo o Caged, é o de outubro de 2008, quandos foram admitidos 29,479 mil trabalhadores e 27,963 mil foram demitidos no Estado. O saldo foi de 1,516 mil empregos. BRUNO PORTO Ipea defende corte no juro São Paulo O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, disse que lhe causa “preocupação” o avanço expressivo do desemprego no país, depois do anúncio de que o fechamento de vagas formais de trabalho subiu de 319 mil em dezembro de 2007 para 654.946 em dezembro de 2008, como mostraram os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Embora tenha ponderado que o quadro do mercado de trabalho sofreria influências do movimento de alta dos juros adotado pelo BC no ano passado, ele afirmou que a crise global na oferta de crédito colaborou de forma expressiva para a elevação do corte das vagas nas empresas. “A crise internacional afetou a economia real, pois boa parte das demissões foi registrada em companhias exportadoras e indústrias”, comentou. Na avaliação de Pochmann, pode ser que o mercado de trabalho comece uma trajetória de inflexão, pois apresentava um desempenho positivo em grande parte de 2008, mas a partir de novembro, quando foram cortados 40,8 mil empregos, começou a exibir resultados desfavoráveis. Este número, somado à queda de 654.946 vagas em dezembro, representa uma queda total de 695.746 postos no último bimestre do ano passado. De janeiro a novembro, o país criou 2,1 milhões postos de trabalho, mas no ano todo de 2008 o número caiu para 1.452.204 vagas, marca 10,21% inferior aos 1.617.392 empregos gerados em 2007. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, chegou a afirmar que o país registraria uma expansão de dois milhões de vagas em 2008. De acordo com Pochmann, para não permitir que a situação do emprego se agrave, é necessário que o Banco Central adote uma intensa distensão monetária a partir de amanhã. “O número de demissões em dezembro registrado pelo Caged requer do Banco Central um corte drástico dos juros para reativar a atividade e estimular investimentos e a geração de postos de trabalho”, afirmou o economista do Ipea. (AE) CNA: redução reflete crise São Paulo A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, disse ontem que a queda no número de empregos no setor agropecuário em dezembro reflete a sazonalidade da atividade agrícola mas também os efeitos da crise financeira sobre o setor. Ela lembrou que novembro e dezembro são, tradicionalmente, meses em que o número de empregos no setor cai. Mas considerou que os dados Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho, mostram “certa exorbitância”. Por exemplo, o setor fechou novembro de 2007 com 43 mil empregos a menos e, dezembro do mesmo ano, com um déficit de 51 mil ocupações. “Mas em 2008, com a mesma área plantada em 2007 – 47,4 milhões de hectares – tivemos em novembro 121 mil postos de trabalho a menos e em dezembro 134.487 menos”, detalhou a senadora. “É uma redução além do normal. É a crise falando mais alto.” Segundo ela, a desaceleração já foi captada pelo PIB do setor em outubro, que fechou em queda de 0,88% em relação a setembro. Uma reação em 2009 dependerá de alguns fatores, diz Kátia Abreu. Para ela, questões como o endividamento do setor, que gerou inadimplência de produtores, e a dificuldade de crédito precisam ser contornados. A senadora destaca o fato de que as tradings ainda financiam grande parte da safra agrícola (74%) e, devido à crise, reduziram essa participação. “Alguns dizem que esse recuo será de 50%. Então, quem financiará a parte restante?”, questiona ela, lembrando que os R$ 65 bilhões anunciados pelo governo no Plano de Safra 2008/09 representam 26% do financiamento total necessário. Segundo ela, a comercialização da safra está evoluindo, neste momento com preços remuneradores. “Mas não sabemos como estarão os preços internacionais nem como será a demanda dos importadores, se manterão os patamares atuais”, enfatiza. “Estamos bastante preocupados”, acrescentou. O Ministério da Agricultura adotou cautela em relação ao fechamento de 134.487 vagas formais de emprego na agropecuária em dezembro de 2008, apontadas pelo Caged. Procurada, a assessoria do Ministério da Agricultura informou que irá detalhar os números para então avaliar o impacto no setor agropecuário. O setor agrícola ficou atrás apenas da indústria, que cortou 273.240 postos com carteira assinada no último mês do ano passado O corte de vagas em dezembro de 2008 no setor agrícola foi 10,55% superior aos 121.651 empregados dispensados em dezembro de 2007. Normalmente, com final de algumas safras agrícolas em algumas regiões, como a da cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil, as demissões são comuns em dezembro. É o caso dos cortadores de cana, que trabalham entre março ou abril e dezembro nessa região. (AE) Preocupação em Betim e Contagem Entre as cidades mineiras mais atingidas pelo volume recorde de demissões em dezembro, segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem, estão Contagem e Betim, ambas localizadas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Em Betim, onde estão instaladas dezenas de empresas ligadas ao setor automotivo – sendo a principal delas a montadora italiana Fiat Automóveis S/A (Fiasa) – o saldo ficou negativo em 3.041 desempregados no mês passado. Uma conseqüência direta do desaquecimento do segmento automobilístico, um dos mais afetados pela crise financeira internacional. Em Contagem, o número de desligamentos foi um pouco menor, atingindo 2.869 trabalhadores. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico de Betim, Cleanto Pedrosa, a prefeitura do município recebe com apreensão a notícia. E, por isso mesmo, vem procurando conversar com os empresários e entidades ligadas ao setor produtivo da cidade, com o objetivo de buscar soluções conjuntas que possam minimizar essa tendência negativa de corte de postos de trabalho na região. Pedrosa também destacou que a administração municipal tem mantido contato com o governo estadual e já solicitou uma reunião com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado (Sede) para ter uma “análise macro da região metropolitana”. Já que, de acordo com ele, ninguém e nenhum setor pode se curvar diante das dificuldades. Para tanto, o secretário disse que, entre outras ações, a Prefeitura de Betim vai agilizar o processo de conclusão do Distrito Industrial de Bandeirinhas – onde estão implantadas as empresas fornecedoras da Fiat – e a construção de um Distrito Industrial em Citrolândia, viabilizando os recursos necessários para as obras. Estudos – Em Contagem, a coordenadora de Trabalho e Renda da Secretaria de Trabalho e Desnvolvimento Social, Maria Stela de Barros Guimarães, disse que o aumento das demissões já vem sendo observado desde dezembro. “Notamos um impacto muito grande na procura pelo seguro desemprego”, observou a secretária. Segundo ela, no momento, a prefeitura está fazendo o levantamento de quais empresas estão demitindo e os setores mais afetados. “Depois disso, vamos montar um plano de ação para tentar formas de auxiliar – ou pelo menos amenizar – o problema”, afirmou.