Estimativa é que setor continuará crescendo, mas terá desaceleração. O nível de contratações na construção civil em Minas Gerais deverá sofrer retração em virtude da crise no redução de atividade da economia brasileira. A opinião é do vice-presidente de Política, Relações Trabalhistas e Recursos Humanos do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Ricardo Catão Ribeiro. Apesar disso, o setor ainda não realizou demissões no Estado. Conforme Ribeiro, a manutenção dos empregos é atribuída aos projetos em andamento, que não deverão ser paralisados devido à crise. “Alguns já estão sendo finalizados”, informou. Segundo ele, o principal reflexo deverá ser o adiamento de investimentos do setor. “Algumas empresas deverão protelar ou rever os seus planos”, disse o vice-presidente. De acordo com Ribeiro, o cenário esperado deverá reduzir o nível de empregabilidade em Minas Gerais. “O setor continuará crescendo, mas haverá desaceleração”, afirmou. Ele lembrou que as pressões por mão-de-obra e materiais de construção, que foi registrada durante este ano, não deverá se repetir em 2009. Em 2008, foi verificado um forte crescimento do setor em Minas. A expansão da atividade é atribuída à melhora da oferta do crédito. Os financiamentos imobiliários chegaram a prazos de até 30 anos. Comportamento – Conforme o vice-presidente, as demissões no setor ainda estão indefinidas. “É necessário aguardar qual será o comportamento do mercado no próximo ano”, disse. Ribeiro ressaltou que investimentos públicos, por exemplo, deverão ser mantidos, o que deverá beneficiar o setor em Minas Gerais. Para Ribeiro as demissões que ocorreram em São Paulo, por exemplo, foram sazonais. “As empresas que demitiram já devem ter finalizados os projetos ou poderiam adiar os investimentos”, disse. Apesar das projeções, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Belo Horizonte, Sabará, Ribeirão das Neves, Lagoa Santa e Sete Lagoas, Osmir Venuto da Silva, afirmou que não há demissões no setor na capital mineira. “Pelo contrário, ainda há falta de mão-de-obra”, disse. Conforme o presidente da entidade, o déficit de mão-de-obra na Região Metropolitana de Belo Horizonte é de cerca de 10 mil trabalhadores. “Na construção civil em Minas ainda não há crise”, disse. Segundo ele, no próximo ano não deverá ocorrer corte de empregos na região. RAFAEL TOMAZ Sinduscon-SP: estimativa pessimista São Paulo – O Sindicato das Indústrias de Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) revisou mais uma vez para baixo a estimativa de crescimento do setor em 2009. A expectativa do Sinduscon-SP é que o setor tenha expansão de 3,5% a 4,7% no ano que vem. No fim de 2007, a projeção era de que o setor cresceria 9% em 2009, estimativa que foi reduzida para 5% em outubro deste ano em decorrência do acirramento da crise financeira global. Para 2008, está mantida a perspectiva de expansão no patamar de 10%. Segundo o presidente do Sinduscon-SP, Sergio Watanabe, quando a projeção para 2009 foi refeita em outubro, o crescimento esperado para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no ano que vem era de 4%. Com a redução esperada para o a expansão da economia doméstica desde então, os cálculos do PIB da construção foram refeitos. O Sinduscon-SP trabalha com dois cenários distintos para o próximo ano. No chamado cenário básico, o PIB nacional cresce 3,8% e o da construção, 4,7%. No cenário mais lento, em que o ambiente externo é menos favorável e um número maior de investimentos deixa de ser realizado devido às incertezas sobre o ambiente econômico, o PIB do Brasil avança 2,8% e o do setor de construção, 3,5%. Na prancheta – Em 2007, o setor de construção cresceu 7,9%. Em dezembro do ano passado, diante das perspectivas de que essa projeção seria cumprida é que o Sinduscon-SP estimou expansão de 10,2% para 2008 e de 9% para 2009. “As circunstâncias eram outras. Havia mais liquidez na economia mundial e, no Brasil, aquele era o ano com mais IPOs (ofertas iniciais de ações) de empresas de construção”, disse Watanabe. Com o acirramento da crise financeira global desde setembro, vários empreendimentos imobiliários foram postergados. De acordo com o presidente do Sinduscon-SP, enquanto os empresários não sentirem segurança de que haverá demanda, não vão fazer investimentos industriais e comerciais, o que significa menos aportes em imóveis para fábricas, por exemplo. “Os reflexos da crise estão chegando de forma muito rápida. A construção vinha com crescimento muito forte até setembro”, enfatizou o direigente do sindicato paulista. Para 2009, o Sinduscon-SP espera que o mercado imobiliário continue ativo, principalmente nos empreendimentos cobertos pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), e que haja continuidade das obras públicas. (AE) Caixa: R$ 1,984 bi para MG O volume de crédito para habitação que será disponibilizado pela Caixa Econômica Federal (Caixa) em Minas Gerais neste ano, de R$ 2,25 bilhões, será 25% inferior ao valor previsto no início do exercício, de R$ 3 bilhões. De acordo com as projeções do banco, o montante será 10% inferior aos R$ 2,5 bilhões desembolsados em 2007. Com isso, a demanda do Estado ficará atrás da nacional, que deverá superar em 6% o ano de 2007. Até novembro deste ano, a Caixa havia disponibilizado para a compra da casa própria R$ 1,984 bilhão, totalizando 36,108 mil contratos assinados até o décimo primeiro mês de 2008. O valor foi 51% superior ao mesmo período do ano passado. A instituição financeira estatal pretende fechar o exercício atual com 147 mil contratos assinados, elevação de 33% em relação ao volume de 2007. Com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), a Caixa financiou 10,179 mil unidades habitacionais até novembro em Minas Gerais, correspondendo à R$ 843,983 milhões. Já com as linhas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), o banco financiou 25,929 moradias no Estado, que somaram R$ 1,14 bilhão de janeiro a novembro de 2008. De acordo com o superintendente Regional da Caixa, Dimas Wagner Lamounier, para 2009 o orçamento inicial previsto é de cerca de R$ 16 bilhões, abaixo das perspectivas do início deste ano, que contemplavam aproximadamente R$ 20 bilhões. Aquecida – “A demanda, tanto por financiamentos da casa própria quanto para projetos e empreendimentos das construtoras, continua aquecida. Mesmo com a expectativa de retração da economia nacional no próximo ano, a Caixa manterá as condições com taxas infeirores às demais instituições do mercado, garantida por recursos do FGTS e do SBPE”, segundo Lamounier. Para ele, o fato de não ter alcançado as expectativas do início do ano, de R$ 3 bilhões, não interfere nas projeções para 2009. No país, a Caixa superou as expectativas de crescimento e bateu um novo recorde em financiamento habitacional. Até novembro foram 446 mil contratos que somaram R$ 20,4 bilhões, representando um crescimento de 60% em relação ao mesmo intervalo do ano anterior, quando o montante chegou a R$ 12,4 bilhões. Até o final do ano, a Caixa pretende aplicar R$ 22,8 bilhões no país em crédito imobiliário, chegando a 500 mil financiamentos. Em média o banco assinou quase 2 mil contratos por dia no Brasil, correspondendo a cerca de R$ 88 milhões. Se considerada a média apenas do segundo semestre de 2008, foram pelo menos 2,4 mil contratos por dia, representando R$ 106 milhões. Os recursos do SBPE disponibilizados pela Caixa para a casa própria no país deverão chegar a R$ 10 bilhões neste ano. Na linha com o FGTS, a Caixa superou R$ 10,2 bilhões de janeiro a novembro no Brasil, com crescimento de 60% ante igual intervalo de 2007. MARX FERNANDES