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Construção civil sente os efeitos da retração

Lançamentos devem ser adiados. A indústria mineira da construção civil já sente os efeitos do desaquecimento da economia. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Walter Bernardes, a velocidade de venda das unidades imobiliárias vem diminuindo e os investimentos das empresas em lançamentos devem ser postergados. Apesar disso, o crescimento do setor este ano deverá ser de aproximadamente 7%, na comparação com 2007. O alerta foi dado ontem, durante a divulgação do desempenho da construção civil em 2008, na sede da entidade, em Belo Horizonte. Segundo o presidente do Sinduscon-MG, algumas construtoras do Estado registraram, no último trimestre do ano, demora no fechamento dos negócios, ao contrário do que vinha ocorrendo até setembro, quando as vendas estavam em alta. “Isso demonstra que os estoques estavam baixos”, disse o presidente. Com a comercialização destas unidades, as construtoras contavam com maior fluxo de capital. Conforme Bernardes, com o cenário de retração, as empresas deverão adiar os lançamentos, sobretudo no próximo ano. Segundo ele, uma das maiores preocupações é a onda de desemprego que ronda importantes segmentos da economia mineira, como a mineração, indústria automotiva e siderurgia. “Nem mesmo as medidas do governo federal para manter o crédito terão efeito se o nível de emprego não for mantido”, disse. Outro entrave citado pelo presidente é a dificuldade de obtenção de crédito. Isso porque, de acordo com ele, os bancos privados ainda não oferecem produtos para o financiamento imobiliário, apesar das medidas do governo federal para aliviar o setor. Quando o assunto é o crédito para a produção a situação é pior, segundo Bernardes. Ele explicou que as construtoras buscam linhas para realizar as obras, mas, com o agravamento da crise, há uma escassez deste produto financeiro. Crescimento – Mesmo com o cenário negativo, o setor em Minas deverá registrar resultados positivos. De acordo com a entidade, entre janeiro e setembro deste ano foi registrado crescimento de 7,68%, ante o mesmo período de 2007. “O percentual em 2008 será de aproximadamente 7%”, disse. Segundo Bernardes, o segmento ainda não realizou demissões no Estado. Apesar disso, é esperado uma estagnação na criação de postos de trabalho nos próximos meses. Conforme ele, as construtoras que já iniciaram as obras deverão manter os empregos. Nos primeiros dez meses de 2008, a construção civil foi responsável pela criação de 49,009 postos de trabalho em Minas Gerais. Isto representa um incremento de 76,64% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram registradas 27,745 mil novas vagas. RAFAEL TOMAZ Ameaça de demissões O adiamento das inversões no setor industrial de Minas também afeta as construtoras no Estado, de acordo com o vice-presidente de Obras Públicas do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Luiz Fernando Pires. Com isso, as empresas do segmento poderão demitir no primeiro trimestre de 2009. De acordo com Pires, que também é diretor-presidente da Mascarenhas Barbosa-Roscoe S/A (MBR), diversas indústrias, principalmente dos setores siderúrgico e de mineração, não começaram projetos previstos para este ano em virtude da crise financeira. Além disso, conforme ele, aquelas que já começaram as obras de ampliação ou projetos de novas plantas reduziram o ritmo dos investimentos. “Estes aportes alavancaram o segmento em 2008”, disse. Pires explicou que as empresas que atuam na construção industrial ainda não realizaram demissões. “Mas se a situação não melhorar poderá haver redução dos quadros de funcionários em três meses”, disse. Ele lembrou que as grandes companhias afetadas pela crise planejavam grande volume de aportes. Entre elas está a Fiat Automóveis S/A, que possui um plano de investimentos da ordem de R$ 5 bilhões. Outra empresa é a Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S/A (Usiminas), que anunciou a paralisação de dois altos-fornos em Ipatinga (Vale do Aço), em virtude da queda na demanda por aço no mercado. A companhia possui um plano de aportes de US$ 14,1 bilhões até 2012. Além da redução no segmento industrial, as perspectivas do setor apontam para uma retração nos investimentos públicos em infra-estrutura. “Apesar das afirmações de que estes aportes continuarão, trabalhamos com a possibilidade de queda”, disse Pires. A expectativa está relacionada à redução da receita que deverá ocorrer em virtude da desaceleração da economia. Para o vice-presidente dos Sinduscon-MG é necessário que o governo federal corte os custos com a máquina, para manter os investimentos em infra-estrutura em todo o país. Para ele, a continuação das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) poderá contribuir para a expansão do setor em 2009. (RT)