O ano de 2010 terminou como um ano histórico para a construção civil: maior crescimento do setor nos últimos 24 anos, recorde de trabalhadores com carteira assinada e de crédito para a produção e compra de materiais e de imóveis, indústria de insumos com quase 90% de sua capacidade instalada. Resultados que, nem de longe, lembram o marasmo das atividades observado em vários anos. Este cenário pode ser justificado por fatores como a estabilidade econômica, o aumento da renda da população e da massa salarial, maior geração de emprego, elevação dos recursos para financiamentos, incremento das construções imobiliárias, principalmente para baixa renda, em função do Programa Minha Casa, Minha Vida, obras de infraestrutura impulsionadas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ampliação das plantas industriais e de shopping centers, dentre outros. Ao que tudo indica, esse dinamismo positivo das atividades da construção devem continuar em 2011. No entanto, com menos intensidade. Se em 2010, a expansão do setor está projetada para acima de 11%, a previsão para este ano que se inicia é que, ao seu final, o Produto Interno Bruto do segmento cresça na casa de 6%. Se a diferença dos números parece grande, é importante esclarecer que o crescimento de 2010 se deu sobre uma base negativa de 6,3% em 2009. Isso mostra que o cenário continuará positivo. Podemos até dizer que sem grandes surpresas, pois os bons ventos devem continuar soprando. Aliás, muitos motivos nos levam a crer que assim será: as novas metas do Minha Casa, Minha Vida 2 e do PAC 2; a necessidade de obras para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas nos próximos anos e que têm que ser iniciadas agora; os investimentos no pré-sal que demandarão toda a cadeia produtiva da construção; a ampliação do parque industrial nacional, que havia se ressentido da crise econômica e adiado projetos de expansão e que, agora, deverão ser retomados. Sem falar nas condições favoráveis da economia nacional que propiciam o surgimento de novos empreendimentos públicos e privados em todas as áreas: residencial, comercial, industrial etc.. Hoje não há dúvidas de que a construção tem sido a locomotiva do desenvolvimento nacional. Ela foi estratégica para que o Brasil não se desestruturasse com a crise econômica mundial de 2008. Nossa expectativa é de que este governo que acaba de iniciar sua gestão continue apostando no setor, pois ele vem mostrando a força dos seus predicados como, por exemplo, a sua extensa cadeia produtiva (8,3% do PIB total do país), imensa capacidade de absorção de mão de obra, além da extraordinária capacidade de gerar renda por toda a economia. Deve-se considerar ainda sua contribuição para a qualidade de vida da população. Além disso, um segmento que possui mais de 147 mil estabelecimentos formais, possui 2,6 milhões de trabalhadores com carteira de trabalho assinada e é responsável por cerca de 43% dos investimentos nacionais, não poderia deixar de ocupar um papel de destaque na agenda do país. * Jorge Luiz Oliveira de Almeida é diretor de Comunicação do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG).