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Construção: mais verbas do FGTS

Governo deve anunciar mais R$ 12 bi para financiar imóvel destinado à população de baixa renda. O governo federal deve anunciar nos próximos dias novas medidas de apoio ao setor da construção civil no país. A principal delas deverá ser a ampliação o uso do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) na compra da casa própria pela população de baixa renda. A liberação orçamentária estimada para o projeto é de aproximadamente R$ 12 bilhões, de acordo com cálculos do presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Paulo Safady Simão. Na opinião de Safady, a iniciativa é boa, porque cria mais uma linha de uso do FGTS, ampliando o crédito para a produção e facilitando a aquisição do imóvel pelo trabalhador. “Ainda estamos na fase de estudos, mas é uma medida interessante porque beneficia as empresas pequenas e de médio porte, já que os recursos do Fundo serão usados para a construção dos empreendimentos. O governo comprará cotas ou debêntures dos imóveis e depois as construtoras terão que financiá-los a juros bem mais baixos que os praticados pelo mercado para a população de baixa renda”, adiantou. Na avaliação do presidente da Cbic, a medida vai estimular o setor da construção civil, ampliar a oferta de empregos e aumentar as vendas. “Com certeza, o projeto vai segurar um pouco os efeitos da crise financeira internacional. E este é seu maior objetivo: garantir a geração de empregos e manter o setor aquecido, já que o problema é grave e vai atingir o país com mais intensidade no ano que vem”, observou. O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Walter Bernardes de Castro, também comemorou a novidade. Segundo ele, todas as medidas que visem trazer fôlego para o setor diante da atual situação enfrentada pelo segmento é bem vinda. “Se será suficiente não sabemos. Mas os governos de todos os países que estão sendo afetados pela crise financeira internacional têm que tomar medidas nesse sentido, para evitar que as conseqüências sejam piores.” Segundo uma fonte ligada ao Conselho Curador do FGTS, que preferiu não se identificar, o novo pacote deve ser aprovado na próxima reunião do órgão, que será realizada no dia 2 de dezembro. “No momento, estamos analisando formas de fomentar a nova linha. Mas é certo que a medida vai irrigar a produção direta e aquecer o mercado”, comemorou. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, já declarou que, no ano que vem, devem ser criadas 1,378 milhão de vagas de empregos na construção civil, com base nos recursos ligados a programas do governo (habitação popular, saneamento básico e obras de infra-estrutura urbana). A liberação orçamentária para tais projetos deve ser da ordem de R$ 25,3 bilhões. Segundo informou o ministro, a flexibilização do uso do FGTS, que deve ser anunciada ainda este ano, será mais uma medida do governo no sentido de garantir financiamento à construção civil. De janeiro a outubro, de acordo com dados do Ministério do Trabalho, o país registrou recorde de ofertas de empregos, com a criação de 303 mil postos de trabalho. No mesmo período de 2007, o saldo positivo de contratações do setor foi de 194,8 mil. LUCIANE LISBOA Crise ainda não chegou ao interior de MG Objetivo do governo é estimular o setor no país A indústria da construção civil no interior de Minas Gerais ainda não sentiu os efeitos da crise financeira internacional. Pelo menos é o que demonstram sindicatos do setor, das principais regiões do Estado, ouvidos pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO. A maioria afirmou que o segmento continua aquecido e deve permanecer assim em 2009. Na avaliação do presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Triângulo Mineiro e Alto do Paranaíba (Sinduscon-TAP), Paulo Roberto Achcar Ribeiro, este ano o crecimento no setor será da ordem de 20%. “Em Uberlândia, tivemos recentemente o lançamento de dois condomínios, que somam cerca de 700 apartamentos. Pelo que tenho visto, as empresas devem continuar nesse ritmo no ano que vem”, afirmou. Segundo ele, o que pode ocorrer, caso a crise se mantenha por muito tempo, é uma pequena diminuição no lançamento de imóveis de maior valor. Mas, ressaltou, as vendas de populares devem permanecer em ascensão. “O crédito, tanto para os consumidores quanto para as empresas, não deve ser afetado. Pelo menos, é isso que o governo e Caixa Econômica Federal estão dizendo. Se houver financiamento, a construção civil não pára”, avaliou. O presidente do Sinduscon de Juiz de Fora, na Zona da Mata, Leomar Pereira Delgado, lembrou que 2008 foi marcado pela quantidade de novos empreendimentos no município. “Tivemos um grande número de lançamentos, mas alguns não foram para frente”, revelou. No entanto, ele disse que o fato não teve relação com a crise e sim com a falta de planejamento de algumas construtoras que chegaram na cidade. De acordo com Delgado, este ano, o crescimento do setor em Juiz de Fora deve ser de 15%. A expectativa é de que não haja alteração nos planos em 2009, e que, mesmo com as empresas mais cautelosas por causa da turbulência externa, o segmento possa manter o mesmo nível de crescimento atual. Já em Governador Valadares, na região do Rio Doce, a situação é um pouco mais preocupante. Conforme o presidente do Sinduscon local, Adair Pereira Barbosa, o setor tem se mantido estável e, apesar da crise externa, deve crescer este ano de 10% a 15% em relação a 2007. “Para 2009, não acredito que a situação seja tão favorável quanto foi este ano. Com o problema grave dos Estados Unidos, muita gente que mandava dinheiro para investir aqui, na construção de imóveis, parou de fazer isso”, observou. No entanto, ele não aposta em retração. “Acredito que vamos crescer em patamares menores.” Em Varginha, no Sul do Estado, a situação da construção civil também é peculiar. De acordo com o presidente do Sinduscon da Região dos Lagos Sul Mineiros (Sinduscon Lagos), Sebatião Teixeira, apesar de a crise não ter sido sentida ainda, 2009 não será um ano bom para o setor. “Não temos grandes construtoras investindo aqui. E, com a crise, a perspectiva é só piorar. Já tenho notícia de alguns lançamentos que serão postergados. Temos que esperar para ver o que vai acontecer”, avaliou. LUCIANE LISBOA CNR investe R$ 5,5 milhões e inaugura loja Mesmo com a perspectiva de desaquecimento da economia, principalmente a partir de 2009, a Cerâmicas Nacionais Reunidas (CNR) mantém os investimentos para a expansão dos negócios. A empresa, que vende materiais de construção, inaugura hoje, no Serena Mall, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) sua oitava loja. A previsão é que até 2011 a rede tenha 20 pontos-de-venda no Estado. De acordo com o superintendente-geral da CNR, Rogério Sotero, com a crise mundial, o máximo que pode acontecer é o adiamento do prazo para o cumprimento dos projetos da empresa, já que ela não depende de financiamentos para realizar as inversões. A compra de terrenos, a construção das lojas e a formação do estoque são realizados sempre com capital próprio. “Vamos ter que avaliar como o mercado irá se comportar. Não vamos modificar o planejamento estratégico, mas se houver redução brusca na demanda seremos obrigados a adiar um pouco os planos”, disse. O superintendente-geral afirmou que até o momento não foi registrada nenhuma modificação no ritmo das vendas e a previsão é que os negócios se mantenham aquecidos. Apesar de a crise de liquidez ter reduzido a oferta de crédito e ter feito com que ele ficasse mais caro, as condições de pagamento na CNR ainda não foram modificadas. Atualmente, é possível pagar em até dez parcelas, e os juros não estão mais altos. “Por enquanto, conseguimos manter as condições para que o cliente não seja prejudicado, mas não há como garantir que em 2009 isso continuará sendo possível”, destacou. A estimativa para este ano é que seja registrado um crescimento de cerca de 20% no faturamento. Apesar de alguns economistas apontarem que a partir do próximo ano o varejo irá sofrer de maneira mais forte, com a redução no consumo, a perspectiva na empresa é que no próximo ano também ocorra expansão nas vendas, entre 15% e 18%. A unidade mais recente da rede demandou investimentos de R$ 5,5 milhões. Segundo Sotero, a loja já estava prevista há cerca de dois anos e meio, quando foi lançado o empreendimento do Serena Mall. A intenção é que no local seja atendido um público especializado, como arquitetos e decoradores, principalmente em função do crescimento populacional dos condomínios de Nova Lima e da região Sul da Capital. Em função do perfil diferenciado, o local será chamado de CNR Special e terá o mesmo mix de toda a rede, com um atendimento personalizado. Uma outra loja com o mesmo estilo será inaugurada até o fim de 2009, em Conselheiro Lafaiete (região Central). O terreno já foi comprado e o aporte será de R$ 5 milhões. Como a cidade funciona como pólo, o ponto-de-venda deve atender também cidades vizinhas. Atualmente, a rede possui oito unidades em operação, sendo cinco delas em Belo Horizonte, uma em Contagem, uma em Betim e uma em Nova Lima. Os planos de expansão prevêem a inauguração de outras lojas, situadas num raio de 250 quilômetros da Capital. CAMILA COUTINHO