Sustentabilidade. Conceito integrado ao sistema produtivo da construção reforça consciência ambiental e estimula criação de guia com soluções sustentáveis para empreendimentos imobiliários GISELLE ARAUJO ESPECIAL PARA O TEMPO Na cadeia produtiva do setor da construção civil, sustentabilidade não é mais uma tendência. O uso de materiais ecologicamente corretos e de soluções tecnológicas inteligentes para promover o bom uso e a economia de recursos, como água e energia elétrica, já se firmou como pilar do padrão de qualidade dos empreendimentos. Mais que promover a imagem da empresa e aumentar a credibilidade dos projetos, o conceito incorpora valores ambientais à realidade das construtoras a partir da conscientização de todos os envolvidos no processo construtivo. Do início ao fim, cada obra deve seguir critérios que orientam a construção sustentável em todas as fases. Para garantir excelência ao produto final, construtores de todos os níveis podem adotar procedimentos testados e consagrados pela prática. Dicas e sugestões reunidas no Guia de Sustentabilidade na Construção, publicado pela Câmara da Indústria da Construção (CIC-Fiemg), reforçam a importância da conscientização e aplicação do conceito para melhorar o desempenho social e ambiental dos empreendimentos. Com foco na habitação, as informações do guia, inédito no país, foram organizadas de acordo com as fases do ciclo de vida das edificações e com os temas abordados nas principais certificações voluntárias de construção sustentável disponíveis no mundo. O presidente da CIC-Fiemg, Teodomiro Diniz Camargos, ressalta a importância da sustentabilidade na construção. “O setor tem participação expressiva na economia brasileira, gera muitos empregos e demanda grande volume de recursos naturais. Nesse panorama, o guia surge para reforçar a aplicação e a disseminação do conceito, para colocar as teorias em prática, trazendo para o dia-a-dia ferramentas úteis na produção de edificações sustentáveis.” Para o diretor geral da RKM Engenharia, Ricardo Alfeu, o guia reforça a sustentabilidade na construção como questão de consciência social, ambiental e econômica. “O guia trata o assunto de forma muito ponderada, com dicas viáveis, dentro da realidade do processo. O conteúdo reforça a consciência sobre o conceito na cadeia produtiva, relacionando as práticas ao custo/ benefício para o cliente e ao custo da obra”, analisa. Publicação Partindo da teoria à prática GISELLE ARAUJO ESPECIAL PARA O TEMPO O conceito de sustentabilidade em edificações abrange itens como eficiência do uso de água e de energia, tratamento de resíduos, uso de materiais certificados, reciclagem de materiais, conforto ambiental e diversas outras medidas que buscam equilibrar ganhos econômicos e preservação do meio ambiente, antes, durante e após a obra. Segundo o presidente da Câmara da Indústria da Construção da Federação das Indústrias de Minas Gerias (CIC-Fiemg), Teodomiro Diniz Camargos, há várias ferramentas de sustentabilidade sendo implementadas de forma usual. “Dentro do conceito amplo, muita coisa já é feita. Os programas de qualidade, a redução de consumo energético e de água, o reaproveitamento de água pluvial, a energia solar e a própria individualização de consumo nas edificações são exemplos de tendências de sustentabilidade que se firmaram ou vão se firmar”, diz. Conscientes do papel do setor da construção civil na preservação da vida no planeta, profissionais da área voltam a atenção para as novas tecnologias, estudos e publicações sobre o tema, como o “Guia de Sustentabilidade na Construção”, criado pela CIC-Fiemg. “A aceitação foi muito boa e o guia já está no site de várias entidades. Todo o trabalho foi desenvolvido dentro da cadeia produtiva, com participação de vários subsetores. Isso serviu de motivação para cada grupo trabalhar e divulgar o conceito dentro de suas especificidades”, explica Camargos. CONSULTA. Com linguagem simples, o guia pode ser útil na realização de reformas e construções em que o proprietário contrata um pedreiro ou decide colocar a mão na massa. “A idéia é facilitar o acesso das pessoas ao assunto. O guia cria um roteiro para a habitação como um todo, com dicas que servem tanto para a construção de apartamentos, condomínios ou uma casa. Dúvidas sobre prioridades para quem vai construir como insolação, ventilação cruzada, efeito chaminé, entre outras, podem ser esclarecidas pelo guia”, completa o presidente da CIC-Fiemg. De acordo com a engenheira ambiental Rita Santos, para uma obra ser considerada sustentável ela deve causar o menor impacto sobre o meio ambiente e a saúde dos ocupantes. “Materiais sustentáveis, por sua vez, são aqueles que aportam benefícios para toda reforma ou construção, entorno e meio ambiente, sem, no entanto, serem necessariamente naturais. São fabricados em escala industrial, como tintas minerais, materiais reciclados, painéis solares fotovoltáicos, tubulações isentas de PVC ou recicladas, entre outros”, afirma a engenheira, que coordena o programa de cursos em meio ambiente do Instituto de Educação Tecnológica (Ietec). Pontos-chave Vantagens da sustentabilidade Benefícios sociais. Adequação arquitetônica do empreendimento ao entorno e desenvolvimento local através da geração de emprego e renda Benefícios ambientais. Preservação de áreas de vegetação, otimização do uso de materiais, redução de resíduos, controle e diminuição do consumo de água e energia elétrica Benefícios econômicos. Redução de custos, aumento de produtividade e retorno financeiro Exemplo Mercado adere à construção “verde” Sustentabilidade significa mais economia, qualidade e consciência ambiental, segundo o diretor de desenvolvimento imobiliário do Grupo Maio/Paranasa, Jânio Valeriano Alves. Comesse foco, está previsto para janeiro de 2009 o início das obras do hotel Ibis Savassi, projetado pela Paranasa e que segue parâmetros sustentáveis na construção. “O empreendimento será dotado de sistemas para bloquear ruídos e vibrações, telhado verde (jardim para reter a água pluvial da laje), energia solar e reaproveitamento de água e calor gerado pelo ar-condicionado, entre outras ferramentas de sustentabilidade”, aponta Alves. Ouso de materiais certificados segundo os critérios de sustentabilidade é fundamental para alcançar resultados satisfatórios, na avaliação do engenheiro Gustavo Sanglard. Responsável pelo empreendimento Spazzio DellAcqua, da Even Brisa Alfa Empreendimentos Imobiliários, ele afirma que, além de material com procedência comprovada – caso da madeira de reflorestamento -, a empresa adota procedimentos sustentáveis antes, durante e depois da execução das obras. (GA) Boas opções Ricardo Alfeu, da RKM Engenharia, aponta soluções sustentáveis Tijolos normatizados. Material exige menos reboco, evitando desperdício Nivelador a laser no piso. Para regularizar o revestimento, gasta-se até 8cm de argamassa. Com o nivelador, bastam 2cm Esquadrias com múltiplos de seis. A barra de alumínio é fabricada com 6,06 m. Solicitar tamanhos múltiplos de seis garante economia