Projeção do mercado é que expansão dos negócios atinja 20% neste ano. MARX FERNANDES As construtoras que atuam na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) esperam aumentar o volume de vendas de 2009 em até 20%. Conforme informações das empresas, o impulso que manteve os negócios em alta desde o início da crise partiu da abundância de crédito habitacional das instituições financeiras, alinhado aos incentivos governamentais, como o programa federal “Minha casa, minha vida”, e ao adiamento de lançamentos de algumas empresas do setor, que ampliou o mercado e reduziu a competição durante o ano. De acordo com o diretor Comercial da construtora Habitare, Alexandre Soares, o número de unidades vendidas em agosto só ficou atrás em maio, melhor mês do ano até agora para a empresa em termos de comercialização. Foram 99 contratos no mês passado, cujo Valor Geral de Vendas (VGV) atingiu R$ 30 milhões. Em maio, foram 106 contratos, porém com um VGV menor, de cerca de R$ 28 milhões, devido às diferenças de tamanho dos imóveis comercializados, conforme Soares. “A Habitare lança em média um edifício residencial por mês. Com o início da crise, em outubro, as vendas caíram em função do receio criado pelas turbulências em relação à compra de imóveis ou qualquer outro tipo de investimento”, explicou. No período, as empresas também recuaram com receio da queda na demanda e adiaram lançamentos, segundo o diretor Comercial. A tática não foi adotada pela Habitare, que continuou produzindo e adquirindo terrenos. “Muita gente saiu do mercado. Mas com o crédito abundante, a demanda voltou rapidamente e vender ficou mais fácil, já que não havia tanta concorrência”, ressaltou Soares. De janeiro a agosto, a Habitare acumulou R$ 150 milhões em VGV, contra R$ 130 milhões em igual período de 2008. No período, o faturamento teria aumentado cerca de 19%, segundo Soares. O número de imóveis vendidos no intervalo chegou a 552, ante 495, na mesma base de comparação. Do total de unidades, 90% são comercializadas na planta. Ainda segundo Soares, a Habitare possui 659 unidades habitacionais à venda, que somam um VGV de R$ 236 milhões. As projeções da empresa apontam para uma média de 60 unidades vendidas ao mês até o final do ano, que deverão consolidar crescimento total de 25% em 2009, contra 2008. Em relação à demanda por terrenos, Soares explica que a tendência é que as construtoras que atuam na Capital passem a buscar oportunidades nos municípios da RMBH. “Além da mudança para outras áreas, as empresas precisam ser criativas e aproveitar melhor os lotes, além de prospectar casas que possam ser demolidas para construção de edificações”, avaliou. Para o diretor Comercial da MRV Engenharia e Participações S/A, Rodrigo Colares, o grande fator que mudou a cara do mercado a partir do final do primeiro semestre foi o programa do governo federal. “A média de lançamentos mensais é de 2 mil unidades. Em agosto a maior parte foi para suprir a demanda do pacote da União”, afirmou. Antes do programa, a crise econômica também não impactou os lançamentos da MRV, segundo Colares. “Nossa expectativa é que o mês de setembro supere o anterior”, afirmou. A construtora estima que o guidance das vendas contratadas seja de R$ 2,4 bilhões a R$ 2,9 bilhões, com um total de 30 mil unidades habitacionais comercializadas, contra R$ 1,5 bilhão em 2008. De acordo com informações da Construtora Tenda, houve um crescimento progressivo no volume de vendas no decorrer do primeiro semestre, que superou 1,9 mil unidades em junho, também refletindo o pacote do governo federal. A empresas informou que espera que a demanda persista no decorrer do ano, reforçada constantemente pela ampliação da oferta de crédito. A estimativa da Tenda é atingir de R$ 1,4 bilhão a R$ 1,9 bilhão em negócios em 2009.