Fonte: CBIC
A utilização do Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) na correção do crédito imobiliário, que será lançada pelo governo federal hoje (20/08), deve movimentar o mercado, ao atrair mais recursos para o financiamento, aumentar a concorrência entre bancos e criar um mercado secundário atuante, que possa suprir o setor do volume de recursos necessários ao seu crescimento. É o que acredita o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins. “A modalidade transfere o indexador da prestação da TR [Taxa de Transferência], que está zerada, para um índice de preços, ou seja, atualiza a prestação com aquilo que houve efetivamente de inflação”, afirma.
A grande vantagem, segundo Martins, é que dessa forma é possível baixar as taxas de juros, além de atrair mais investidores. “Nessa modalidade serão atraídos recursos oriundos de fundo de pensão e de investidores institucionais, que poderão trabalhar e comprar os papéis. Isso traz mais dinheiro para o mercado. E também traz empresas menores para participar do mercado, o que estimulará a concorrência e com isso temos certeza que os custos para o crédito imobiliário irão diminuir”, pontua.
O presidente da CBIC acredita também que o consumidor final vai pagar menos de prestação pois o Brasil vai ter um mercado real em vez de um “mercado de apostas”. “Hoje, o investidor se afasta da caderneta de poupança. Ele não aceita o FGTS ser corrigido dessa forma. Então se tem uma série de problemas na hora da captação do recurso e o que se pretende agora é normalizar essa situação. A partir daí a concorrência desse dinheiro irá diminuir o custo das operações”, explica.
O acesso ao crédito é outro benefício que a nova modalidade anunciada pela Caixa deve promover. Segundo Martins, as mudanças devem aquecer o mercado. “Vai ser disponibilizada uma outra linha, onde muitas pessoas que não conseguiam acesso ao crédito vão passar a ter”, prevê o engenheiro.
Outro fato levantado pelo presidente da CBIC é que haverá oportunidade para companhias hipotecárias . “Essas empresas passariam a comprar e vender recebíveis, atuando na intermediação, em vez de ‘carregar’ este crédito por 30 anos – coisa que somente grandes bancos conseguem”, argumenta.
Muitos criticam esta mudança por causa do risco de aumento futuro de inflação, mas se ela ocorresse novamente nos níveis de décadas passadas, nenhum sistema financeiro ficaria de pé. Ademais, hoje o Brasil está muito mais maduro econômica e institucionalmente para se defender de eventuais surpresas. Não se pode comparar o que existia antes e o que existe hoje em termos de estrutura econômica e arcabouço jurídico.