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Crise mundial força consumidor a adiar o sonho da casa própria

Janaína Oliveira Repórter Consumidores à caça de crédito imobiliário sentem no bolso o peso da crise financeira mundial. Instituições bancárias do país já anunciaram aumentos nas taxas das linhas de financiamentos para compra de imóveis. Diferentemente do que se via há alguns meses, quando os juros não ultrapassavam 10% ao ano, hoje, em alguns casos, chegam a 12% mais a correção da TR (Taxa Referencial). Diante da incerteza do mercado, da escalada dos custos e do encolhimento dos prazos, especialistas aconselham o adiamento do sonho da casa própria. “Os bancos aproveitam o nervosismo generalizado para elevar os juros. Por isso, o ideal é esperar”, recomenda o advogado da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH) em Belo Horizonte, Leandro Pacífico Souza Oliveira. “Tanto para imóvel pronto quanto na planta, este não é o momento adequado. No cenário de turbulência, os bancos tendem a trabalhar com uma expectativa de alta, afinal, trata-se de financiamento a longo prazo”, emenda a advogada da Associação Brasileira de Defesa dos Consumidores Pro Teste, Hessia Costilla. E as instituições bancárias agiram rápido. O Unibanco anunciou o aumento do teto dos juros para a aquisição de imóveis de 11% para 12% ao ano. Já o Bradesco ampliou de 9% para 10,5% a taxa de juros anual para financiamento de casas e apartamentos de até R$ 120 mil; de 11,5% para 12% para moradias que custam acima de R$ 120 mil; e de 12% para 13,5% para valores superiores a R$ 350 mil. No Itaú, as taxas de financiamento de imóveis na faixa de até R$ 350 mil saltaram de 9% para 12%. O prazo para pagamento da dívida nas três instituições é de 25 anos. Já o Grupo Santander Brasil, formado pelos bancos Santander e Real, decidiu manter as taxas de juros pós-fixadas dos planos de financiamento da casa própria. “Estamos acompanhando as oscilações do mercado com muita atenção, porém, nossas operações estão sólidas. Portanto, entendemos que o momento não exige atualização de taxas. Haverá um período de adequação ao novo cenário”, afirma o diretor executivo de Negócios Imobiliários, José Roberto Machado. Caixa e Banco do Brasil informaram que não houve reajuste, nem alteração dos prazos de financiamento. Porém, nenhuma das instituições descartou reajustes futuros. “É preciso preparar o orçamento porque os prazos de pagamento estão diminuindo e os juros, aumentando. Ou seja, a crise mundial obriga a refazer os cálculos e adaptar os projetos à nova realidade do sistema financeiro. Pegar dinheiro emprestado ficou mais difícil e caro. E as exigências para fechar o contrato estão maiores”, adverte a advogada da Pro Teste. “Atualmente, se analisa melhor o comprometimento da renda do futuro proprietário”, ressalta Leandro Oliveira, da ABMH. A maior exigência na hora da aprovação do empréstimo vale tanto para imóveis novos quanto usados. Para quem está com as chaves de casa na mão e já financiou o imóvel, há duas situações. De acordo com Hessia, se o contrato de aquisição do imóvel foi com juros pré-fixados, não há com que se preocupar. Nada muda em relação às prestações e, portanto, não existe o risco de o comprador ser pego de surpresa no meio do caminho. Por outro lado, consumidores que assinaram contrato com taxas pós-fixadas devem preparar o orçamento para suportar prestações mais altas que as previstas inicialmente, uma vez que a tendência é de elevação dos juros. “Geralmente, na hora da venda, construtoras e bancos apresentam apenas uma previsão do valor das parcelas”, pontua. Linhas de crédito que adotam o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) também devem subir, assim como aqueles contratos cuja base é a TR. Ou seja, quem assume financiamento agora continuará pagando juros altos mesmo quando as taxas caírem. A advogada lembra ainda que, apesar de ser o meio mais barato, a compra na planta pode ser a mais afetada pela crise de crédito no mercado internacional. O valor da prestação no ato da assinatura do contrato poderá ser bem diferente do projetado no início, porque se as taxas de juros estiverem mais altas, o consumidor terá que desembolsar bem mais todo mês. “Aí, um imóvel que custaria R$ 70 acaba saindo por R$ 100”, alerta. O vice-presidente da Área Imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Jackson Câmara, diz que é cedo para falar em redução de oferta e aumento de valores. “As construtoras ainda não alteraram seus planos e suas condições”, garante. “Mesmo diante da possibilidade de alta dos valores dos imóveis, que já estavam elevados, não vale a pena encarar os juros e as turbulências de agora”, frisa Leandro Oliveira.