As incertezas do cenário econômico internacional não deverão afetar os investimentos em lançamentos imobiliários no curto prazo, mas impactos podem ocorrer no próximo ano, na opinião de especialistas. Isto seria um reflexo da dificuldade na captação de recursos por parte das empresas. De acordo com o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão, a instabilidade poderá provocar a redução de recursos disponíveis no mercado. “Se esta crise se prolongar, poderemos ter impactos no setor”, disse. Apesar disso, ele lembra que os reflexos na indústria da construção civil deverão se dar em menor escala. “As fontes de recursos para o setor já estão bem definidas”, afirmou. Conforme Simão, as principais fontes são a cardeneta de poupança e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Walter Bernardes, lembrou que um dos canais de captação de recursos que deverá apresentar retração será a Securitização de Recebíveis Imobiliários (SRI). “É um mercado que estava começando a se desenvolver no país, mas com a crise deverá sofrer um revés”, informou. As empresas que buscavam se captalizar nas bolsas de valores também deverão sentir os impactos da crise, conforme Bernardes. Segundo ele, o cenário deverá prejudicar os planos de construtoras que pretendem abrir capital. Apesar disso, em 2008 as construtoras não deverão sentir os impactos da crise nas bolsas de todo o mundo, conforme o presidente da Câmara da Indústria da Construção da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (CIC/Fiemg), Teodomiro Diniz Camargos. “Os recursos necessários para os lançamentos neste ano já foram captados”, afirmou. Conforme publicado anteriormente pelo DC, a incerteza em relação à captação de recursos no mercado já refletiu em revisão de metas de alguma empresas. A Inpar, por exemplo, reduziu as projeções do Valor Geral de Vendas (VGV) de lançamentos para 2008 e 2009. A expectativa para este ano passou de R$ 2,5 bilhões para R$ 1,65 bilhão. No próximo ano as projeções da empresa é de um VGV de R$ 1,85 bilhão, enquanto inicialmente era de R$ 3 bilhões. RAFAEL TOMAZ