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Crise reduz o emprego formal em Minas Gerais

Caged já revela cenário crítico. RAFAEL TOMAZ A geração de empregos em Minas Gerais apresentou o pior nível do ano em novembro, com saldo negativo de 33,921 mil postos de trabalho formais. Em relação a outubro, que apresentou a primeira retração do ano (-29,438 mil), a acentuação do saldo negativo foi de 15,23%. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Em relação ao mesmo mês do ano passado, o saldo também apresentou retração em Minas Gerais. Em novembro de 2007, foi verificado um resultado positivo de 10,964 mil empregos, conforme as informações do cadastro. Apesar disso, no acumulado do ano o saldo ainda é positivo no Estado. Entre janeiro e novembro é de 218,784 mil. Isso representa um incremento de 10,56%, ante ao mesmo intervalo do exercício passado, que registrou saldo de 197,845 mil postos de trabalho. O economista Cláudio Gontijo explicou que o resultado é reflexo da crise financeira. Conforme ele, o cenário já era esperado, pois diversos setores estão realizando corte de pessoal. Para ele o quadro deverá piorar em 2009 e os níveis de empregabilidade no Estado continuarão a registrar resultados negativos no próximo ano. Amortecedor – De acordo com Gontijo, o período natalino foi uma espécie de amortecedor neste final de ano. “O cenário deverá se agravar no primeiro trimestre de 2009”, disse. Segundo o economista, as medidas do governo federal para a manutenção do crédito são pontuais e não deverão salvar a economia e os empregos. O pior resultado no último mês foi do setor agropecuário, com saldo negativo de 22,313 mil empregos, conforme os dados do Caged. Apesar disso, apresentou melhora na comparação com outubro, quando foi verificado o resultado negativo de 28,079 mil. No acumulado do ano Na indústria da transformação o resultado passou de 366 postos de trabalho em outubro para um saldo negativo de 11,3 mil empregos formais em novembro. No período foram 24,043 mil admissões e 35,343 mil desligamentos, conforme as informações do Caged. O saldo da indústria no acumulado dos primeiros 11 meses de 2008 ainda é positivo, com 50,619 mil empregos. Apesar disso, há uma retração de 9% na comparação com o mesmo período do ano passado (55,218 mil). Para o presidente do Conselho de Relações Trabalhistas da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Osmani Teixeira de Abreu, a crise financeira mudou o cenário, tradicionalmente, registrado entre novembro e dezembro. Segundo ele, no período a indústria não contrata, pois os produtos para atender a demanda do final do ano já foram produzidos. Apesar disso, as demissões, como, é registrado, também não aconteciam. Alguns setores da indústria estão atravessando um período de forte queda na demanda. Construção civil apresenta retração A crise financeira refletiu nos empregos da indústria da construção civil no Estado em novembro. O saldo do setor passou de 1,516 mil em outubro para o resultado negativo de 10,489 mil empregos formais no último mês, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A retração também foi verificada em relação ao mesmo mês de 2007 (-968). A ampliação do saldo negativo foi de 983,58%, segundo as informações divulgadas ontem pelo MTE. No acumulado do ano o saldo na construção civil é positivo (38,520 mil), o que representa uma elevação de 43,85% na comparação com o mesmo período do exercício passado, que registrou 26,777 mil postos de trabalho. O vice-presidente de Política, Relações Trabalhistas e Recursos Humanos do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais, Ricardo Catão Ribeiro, afirmou que a redução no nível de empregos está relacionada com o cenário de crise, apesar dos efeitos sazonais. Conforme ele, a redução no volume de empregos no último mês foi influenciada pela finalização de alguns projetos no Estado. “Com as obras terminadas, algumas não começaram em virtude da crise”, disse o vice-presidente da entidade. O cenário negativo deverá ser responsável por um menor volume de investimentos por parte das construtoras mineiras. O setor aguardará pelo comportamento da economia para realizar novos lançamentos imobiliários. De acordo com Ribeiro, o período de chuvas ainda tem pouca influência no resultado. Conforme ele, este fator poderá contribuir para que o nível de empregos na construção civil continue a registrar saldo negativo neste mês. Para o próximo ano, conforme o vice-presidente, a manutenção dos empregos no setor já seria um resultado positivo. “A redução na geração de postos de trabalho é um quadro esperado”, disse. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o saldo da construção civil passou de 2,174 mil postos de trabalho para um resultado negativo de 4,529 mil empregos formais. (RT) Comércio é uma das poucas exceções O comércio em Minas Gerais conseguiu manter os empregos em novembro. O setor registrou saldo positivo de 10,544 mil postos de trabalho formais no último mês. Isso representa um incremento de 108,1%, ante ao período imediatamente anterior, conforme os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Já na comparação com o mesmo mês do ano passado foi verificada uma retração de 3,85%. Em novembro do ano passado o setor registrou um saldo positivo de 10,967 mil empregos formais. No acumulado entre janeiro e novembro o resultado é 12,1% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. No acumulado dos primeiros 11 meses de 2008 o saldo foi de 38,139 mil, ante 34,020 mil postos de trabalho em igual intervalo de 2007. A chefe do Departamento de Economia da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas), Silvânia de Araújo, afirmou que o saldo positivo reflete a manutenção das vendas durante o período natalino. Segundo ela, as contratações temporárias também foram significativas para o resultado. Apesar disso, conforme Silvânia de Araújo, o saldo poderia ser melhor este ano. “Algumas empresas optaram por reduzir o número de trabalhadores temporários devido a crise”, disse. Estima-se que somente em Belo Horizonte deverão ser criados cerca de 7 mil empregos temporários em 2008 para atender a demanda do Natal. Em relação à manutenção dos empregos no comércio no próximo ano, a chefe do Departamento de Economia da Fecomércio afirmou que é necessário avaliar o comportamento do mercado. “Se houver desaceleração da economia os níveis de emprego não serão mantidos”, informou. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) o saldo do comércio foi de 3,231 mil empregos formais em novembro. O resultado representa uma elevação de 94,3% na comparação com o período imediatamente anterior. O saldo de empregos em todo os setores na RMBH em novembro foi negativo em 5,537 mil postos de trabalho, sendo ainda menor que em outubro (5,066 mil). (RT)