Impacto. Vereador e vice-diretor da Ademg alegam que, para receber jogos, região tem que mudar Moradores e Crea afirmam que bairros não suportariam adensamento Valquiria Lopes Em risco. Bairro Ouro Preto, tendo ao fundo o Mineirão; vereador quer descaracterizar região para dar suporte a turista na época da Copa A realização dos jogos da Copa do Mundo de 2014 no Brasil está sendo usada como argumento de defesa para a verticalização da Pampulha, em Belo Horizonte, onde está o Mineirão. O gigante da Pampulha, como é conhecido, é candidato a sediar partidas do campeonato. Por isso, o vereador Wellington Magalhães (PMN) alega que há necessidade de criação, na região, de infra-estrutura para receber o turista, como a construção de hotéis e prédios para prestação de serviços. Ele é autor do projeto 1.579/07, que prevê a mudança do uso e ocupação do solo na região e está em tramitação na Câmara. Mas se depender da opinião dos representantes das associações de bairros da região e do Executivo municipal, o texto já estaria derrotado. Foi o que ficou sinalizado ontem durante sessão especial na Casa para discutir o texto. As associações de bairro afirmam que o projeto põe em risco o patrimônio da Pampulha e a qualidade de vida dos moradores. “Queremos ver a área dinamizada, mas somos contra a verticalização”, afirmou a consultora técnica da Secretaria de Políticas Urbanas, Gina Rende, que representou o Executivo ontem na reunião. A proposta, de acordo como presidente da Associação de Moradores da Pampulha, Flávio Campos, é mal vista por toda a comunidade. Durante a sessão, apenas o próprio vereador – que é um dos três autores da proposta – e o vice-diretor da Administração de Estádios de Minas Gerais (Ademg), o ex-vereador César Masci, foram favoráveis à aprovação. A proposta é defendida por eles com alegação de que a região precisa sair do engessamento e também se modernizar para receber os turistas que virão à cidade. “Não queremos acabar com o patrimônio da Pampulha, mas entendemos que a região precisa mudar sua estrutura”, afirma Magalhães. O representante da Ademg reitera dizendo que é recomendação da Federação Internacional de Futebol (Fifa) que haja infra-estrutura para receber as pessoas que virão para a Copa, e que, por isso, é preciso flexibilizar a região para novas construções. Não foi detalhado como seriam absorvidos os impactos do possível adensamento. Na reunião de ontem, que ocorreu a pedido de Magalhães, o vereador afirmou que o projeto não será votado neste ano, mas disse que a partir de janeiro pode incluí-lo na pauta junto com a proposta do Plano Diretor. Obstáculos. A falta de infra-estrutura como rede de esgoto e de vias urbanas capazes de dar fluidez ao tráfego é apontada como grande obstáculo para o novo adensamento proposto com a verticalização. Na avaliação da arquiteta Jurema Rugani, que integra a Câmara Arquitetônica do Conselho Regional de Engenharia de Minas Gerais (Crea-MG), o processo de mudança do perfil da região deve ser ponderado para que a área não sofra estrangulamentos como o Belvedere vem sofrendo. “O adensamento não chega sozinho. Com ele, a cidade passa a ter mais lixo, mais carros e mais poluição.” Na tentativa de avaliar a opinião pública, Magalhães disse que vai fazer visitas à região e promover novas discussões. Números 34 bairros e dez vilas integram a região da Pampulha 150 mil pessoas moram hoje na região. Em 2000, eram 142, 6 mil 33 km² área total da Pampulha, sendo. 900 mil m2 de áreas verdes 16 áreas da Pampulha podem mudar com a verticalização Prefeito eleito garantiu que vetaria qualquer projeto Para virar lei, o projeto que propõe a verticalização da Pampulha tem que ser aprovado pelo prefeito. Em entrevista a O TEMPO, às vésperas de ser eleito, o futuro prefeito Marcio Lacerda se manifestou contrário à verticalização. “Se eu for prefeito, eu veto qualquer projeto de verticalização da Pampulha. A avenida Otacílio Negrão de Lima não tem condição de receber mais tráfego. Então, se eu for prefeito, eu veto qualquer projeto de verticalização, mesmo se eu arrumar alguns adversários por causa disso”, afirmou à época. Na Câmara Municipal, a matéria também enfrenta resistência. Em outubro foi criada, a pedido do vereador Hugo Thomé (PMN), uma frente parlamentar para barrar o projeto. A região da Pampulha é uma Área de Diretrizes Especiais. Atualmente, somente imóveis de até nove metros de altura são permitidos. Também há proibições para comércio e indústrias.