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Dias melhores virão?

Quebra-cabeça. Nem otimistas, muito menos pessimistas. Entidades do setor imobiliário e da construção civil preferem o meio-termo para definir a crise e falar sobre os rumos do mercado para este ano Alessandra Mizher Um problema deve ser analisado por todos os ângulos. Por isso, neste mês de janeiro, o caderno Imóveis & Construção continua com sua proposta de discutir a influência da crise financeira mundial no mercado imobiliário do país. Para isso, ouviu a opinião de diferentes lados da mesma moeda. Depois das análises dos responsáveis pela comercialização dos empreendimentos e construtores, abrimos espaço para a opinião de representantes das principais entidades do setor. Diante do cenário macroeconômico de retração, as perspectivas continuam boas para 2009, segundo grande parte dos entrevistados. Para Walter Bernardes de Castro, presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), o principal termômetro para o setor é a análise do crédito imobiliário para o próximo ano. “Ainda temos que esperar muitas coisas acontecerem, pois é cedo para definirmos qualquer coisa. É claro que a crise já chegou para muitos setores, inclusive o da construção civil. Mas ainda é impossível detectar o tamanho do buraco que ela poderá causar.” Desaceleração. Para este ano, Walter acredita que poderá haver uma desaceleração do crescimento, principalmente por conta da dificuldade de liberação de dinheiro para as empresas. “O empresariado da construção civil vem sofrendo com a burocracia para liberação de crédito, mesmo com o anúncio de um pacote de recursos do governo federal. Sem dinheiro para investir, muitos construtores podem não conseguir suportar os fortes efeitos da crise financeira mundial.” TERMÔMETRO. A liberação de crédito imobiliário é um importante termômetro para avaliar o setor. Segundo o Ariano Cavalcanti de Paula, presidente da Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI-Secovi), é fundamental que o governo consiga manter a quantidade de crédito para os compradores. “Se as taxas de juros e a quantidade de crédito continuarem semelhantes às aplicadas em 2008, não haverá crise para derrubar o mercado imobiliário do país”, completa. Construção civil. Para dirigentes, o melhor é ser realista diante dos possíveis efeitos do atual momento da economia Equilíbrio para driblar a grande crise mundial Nem otimismo nem pessimismo. Essa é a melhor maneira de se portar diante de uma das maiores crises financeiras mundiais de todos os tempos, principalmente quando está em jogo um dos mais importantes setores da economia: a construção civil. Como explica Teodomiro Diniz Camargos, presidente da Câmara da Indústria da Construção Civil da Federação da Indústria de Minas Gerais (Fiemg), é importante ser realista em relação aos possíveis efeitos da crise no mercado imobiliário. “Não se deve desesperar antes de saber as reais consequências da recessão. A crise é de confiança e pode ser alterada, principalmente por especulações e boatos.” Para Teodomiro, antes de qualquer análise, é fundamental que as construtoras sejam analisadas separadamente por seu público alvo. “As empresas que constróem para as classes populares não sofrerão tanto com a crise financeira, principalmente com a grande quantidade de crédito existente para essas camadas populares. Os produtos para as classes médias sofreram um pequeno tranco, mas já conseguiram retomar em dezembro. Entretanto, as construtoras voltadas para classes com maior faixa de renda vêm sentido a crise mais fortemente. Muitas estão preferindo esperar para tomar decisões importantes”, conta. Segundo Paulo Dias, presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis de Minas Gerais (Sindimóveis-MG), o setor imobiliário deve receber uma atenção especial do governo federal em momento de crise. “A construção civil é um dos segmentos que mais gera emprego. Por isso, o poder público deve realmente ficar atento em relação às medidas anticrise.” Entretanto, segundo especialistas, há um setor da construção que já está sendo afetado fortemente pela crise: o de obras industriais. Para o Sindicato da Indústria da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais (Sicepot-MG), entidade representante das empresas que atuam no planejamento e execução de obras de infra-estrutura, como rodoviárias, urbanas, de saneamento e infra-estrutura, além de obras industriais, entre outras, o setor já vem sentindo a retração desde o fim do ano passado, e deve se intensificar em 2009. “Teremos um ano difícil, principalmente para obras industriais. Grandes empresas que estão sofrendo com a diminuição de exportações não irão investir agora na expansão de seus parques industriais. Isso irá afetar construtoras voltadas para a obras industriais”, explica Marcus Salum, presidente do Sicepot-MG. Mas a situação não é tão grave quanto se parece. Segundo Salum, os investimentos públicos não devem ser tão afetados com a crise, principalmente com as medidas do governo federal para aceleração do crescimento (as obras do PAC). “O risco seria se os municípios perdessem tributos, mas isso não está acontecendo. Como recado para os governantes digo que em crise, jamais deve-se cortar investimentos em infra-estrutura”, completa. Dica de profissional Paulo Tavares, presidente em exercício do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Minas Gerais (Creci-MG), explica que alguns tipos de imóveis são praticamente imunes aos efeitos da crise financeira mundial. Belo Horizonte. Na cidade, por exemplo, opções para atender à classe média, de dois ou três quartos, localizados na região centro-sul da capital ou em áreas de crescimento imobiliário, estão em falta. Nicho. Assim, empresas que investirem nestes tipos de imóveis não irão encontrar dificuldade para sua comercialização em qualquer época. Desafio. Na crise, deve-se descobrir qual opção imobiliária não poderá ser atingida pela recessão. Cada mercado tem seu diferencial. Isso explica a dificuldade para mapear o mercado em meio à tempestade. Cenário promissor Locação contraria previsões O desempenho do mercado de locação em Belo Horizonte vem contrariando todas as previsões para o setor de construção civil diante crise financeira mundial. Segundo pesquisa realizada mensalmente pelo Instituto de Pesquisas Econômicas e Administrativas da UFMG (Ipead) e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (Secovi-MG), enquanto a inflação na capital fechou 2008 em 4,59%, os aluguéis residenciais na cidade aumentaram 15,29%. Os dados registrados na pesquisa comprovam que o mercado de locação na capital mineira está escapando dos efeitos de uma das mais fortes crises mundiais. Segundo o Ariano Cavalcanti de Paula, presidente da Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi), o aquecimento do setor pode ser explicado pela demanda reprimida de imóveis para aluguel. “O mercado, principalmente na capital, vinha sofrendo muito com a falta de opções imobiliárias. A procura por imóveis de locação sempre foi alta. A oferta ainda é baixa. Assim, este segmento sofrerá pouco com a crise mundial”. Além disso, como acredita Ariano, as pessoas continuarão em busca de imóveis. “Não podemos fechar o olho para a crise, mas não acredito que ela irá provocar o fim do crescimento do segmento imobiliário. As pessoas precisam morar em algum lugar. Alguns vão continuar comprando e outros deverão optar por imóveis de aluguel. O segmento imobiliário continuará aquecido”, completa.