Minhas senhoras e meus senhores, hoje é um dia muito singular para mim. Um dia de muita emoção, pois encerro um ciclo importante da minha vida. Às vésperas de completar 11 anos à frente da CBIC, no meu quarto e último mandato, presido hoje meu último ENIC, pois no próximo mês de junho, passo o bastão da entidade ao meu querido amigo José Carlos Martins. Nos últimos meses, tenho dedicado um tempo especial para preparar a transição entre esse momento da minha vida como representante de entidade empresarial, e os novos desafios que me aguardam. Essa não é uma tarefa simples porque minha atuação como presidente da CBIC me levou a assumir várias outras responsabilidades em diferentes espaços de atuação, como a Confederação Internacional das Associações de Contratantes (CICA), a Federação Interamericana da Indústria da Construção (FIIC), o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República (CDES) e a Associação Internacional dos Conselhos Econômicos e Sociais (AICESIS), que reúne representações de mais de 70 países. Vivi intensamente cada uma dessas experiências, onde tive oportunidades de um rico e verdadeiro aprendizado. Esses foram anos incríveis, que deixaram marcas profundas em mim. Anos de muito trabalho, muitas alegrias, muitas amizades. É muito comum, em ocasiões como estas, em que se encerra um ciclo, fazer um grande balanço das ações realizadas no período. Afinal, foram 11 anos de muitas conquistas em quatro mandatos consecutivos, muitos projetos, muitos avanços, muitos desafios, que enfrentamos juntamente com dezenas de companheiros e parceiros que, de maneira determinada e dedicada, participaram direta ou indiretamente da nossa administração. Mas eu quero driblar esta tradição! Entendo que as realizações e conquistas de uma entidade como a CBIC não são resultado de uma única gestão, mas consequência do trabalho dos presidentes que me antecederam e que contribuíram para que a Câmara chegasse ao estágio que chegou. Assim como o trabalho que busquei desenvolver não se encerra com a minha saída, mas é um desafio que passo às mãos do José Carlos e dos próximos que virão depois dele. Mas não posso deixar de fazer uma referência a um tema que foi uma verdadeira obsessão minha e dos demais amigos que me acompanharam ao longo desses anos. Um assunto que mobilizou as nossas energias e a nossa atenção durante cada segundo que estive aqui, desde o primeiro dia do meu mandato: o desafio de buscar contribuir para a solução do problema da falta de moradias no país. Um desafio que, a meu ver, encontrou a sua resposta definitiva. Quem assistiu a minha primeira posse, em agosto de 2003, certamente se lembrará de um detalhe muito importante do meu discurso. Lancei como grande objetivo do meu mandato buscar, junto com meus companheiros, uma solução para o problema de moradia popular no país. Agora, ao encerrar minha atuação na CBIC, 11 anos depois, tenho a consciência tranquila, de ter trabalhado intensamente pela causa e participado, ativa e determinadamente, junto a dezenas de outros parceiros, na construção do projeto “Moradia Digna” e depois do programa “Minha Casa Minha Vida”, seguramente o melhor projeto de moradia de interesse social do Brasil, que já contratou, desde 2009, mais de 3,3 milhões de unidades, com todos os benefícios daí advindos. Amigas e amigos aqui presentes. O ENIC que começa hoje é fruto do trabalho dedicado e exaustivo de todos os companheiros goianos, liderados pelo Carlos Alberto, pelo Ilézio e pelo Mário Valois, e acontece num daqueles momentos da vida nacional, no qual dúvidas e incertezas nos induzem a uma reflexão mais profunda e objetiva. Certamente não estamos navegando em águas calmas e sob um céu de brigadeiro. Temos uma inflação que ameaça ultrapassar o teto estabelecido, o que é muito preocupante; temos juros novamente em elevação, como instrumento de controle e equilíbrio da economia; dificuldades em aportar recursos suficientes e definir modelos que sejam verdadeiramente atraentes e eficientes na transformação da infraestrutura brasileira; temos uma indústria, na sua maioria, com grandes dificuldades, principalmente em relação aos níveis de produtividade e competitividade. Precisamos buscar novas formas de retomar a rota do desenvolvimento, mantendo o equilíbrio e a consistência necessários para a sustentabilidade do processo de crescimento. E neste contexto, mais uma vez, a indústria da construção e do mercado imobiliário poderá ter papel de destaque. Temos nos preparado muito nos últimos anos para enfrentar os grandes desafios do futuro, alguns deles já superados em economias mais avançadas. Temos tido especial atenção a temas modernos e objetivos: – Preocupação com a inovação e com a sustentabilidade – são dezenas de projetos inovadores que já são realidade e outros tantos que estão em certificação. Destaque para o projeto do PISAC – Parque de Inovação e Sustentabilidade do Ambiente Construído. – Atenção constante ao desafio de eliminar o déficit de moradias no país. O nosso sonho é transformar o MCMV em projeto de estado, e com isto afastar qualquer possibilidade de interrupção deste fabuloso programa. Quero, a propósito, comemorar a notícia que recebemos da senhora em audiência no último dia 28 de abril, quando Vossa Excelência anunciou a continuidade do programa com a sua terceira etapa, projeto que está em fase final de elaboração. – Preocupação com o gravíssimo estado do saneamento básico no país – infelizmente não conseguimos viabilizar ainda o projeto “Sanear é Viver”, realizado a várias mãos e coordenado pela CBIC; – Apreensão com os investimentos em infraestrutura, que exigem recursos muito elevados, muita criatividade e um ambiente de negócios menos hostil. Há uma demanda forte do setor, senhora presidenta, em relação à inclusão de pequenas e médias empresas nas obras de infraestrutura. Unidas em consórcio, essas empresas estarão habilitadas a executar muitas destas obras. Para isto, será necessário que se estude um modelo específico que permita a participação destas empresas. Como sempre, estamos preparados para apresentar ao governo uma proposta nesta direção. – Preocupação com o excesso de burocracia: recentemente publicamos estudo demonstrando o desastre que o excesso de burocracia traz ao cidadão consumidor do mercado imobiliário. Estudo semelhante está em gestação para o setor de infraestrutura; – Inquietação com o atual quadro trabalhista – uma área desatualizada e na contramão das necessidades do país. Vivenciamos hoje, senhora presidenta, um verdadeiro terrorismo, decorrente, na maioria das vezes da má interpretação da legislação, e em outros casos, que infelizmente não são raros, da má fé, de alguns que detém a missão de fiscalizar e controlar. Estamos perdendo tempo e recursos em ações judiciais baseadas em critérios subjetivos, que não levam a nada, na grande maioria dos casos, mas encarecem os nossos produtos e desorganizam as nossas operações. Urge uma grande e moderna reforma trabalhista. Mas enquanto as reformas não acontecem, seria muito importante que o Ministério do Trabalho se posicionasse objetivamente sobre os itens apresentados pela CBIC – cota de deficientes e de menor aprendiz, subempreiteiros, critérios mais uniformes em relação a fiscalização e sobretudo, um tema que tem sido explorado na maioria das vezes de forma arbitrária do item relativo ao trabalho análogo à escravidão. – Apreensão com a melhoria da qualidade das nossas obras. Tivemos participação determinante na edição da recente Norma de Desempenho e estaremos acompanhando sua implantação. O setor tem procurado, principalmente através de processos construtivos mais modernos e inovadores, aumentar a possibilidade de oferecer um produto com mais qualidade e em condições mais adequadas ao mercado consumidor. – Atenção constante ao estabelecimento de parcerias produtivas, com os governos e com todos os atores que participam da cadeia da construção – parcerias que se tornaram básicas para o bom desempenho do setor e que serão cada vez mais importantes no futuro, para garantir eficiência, qualidade, produtividade e o desenvolvimento sustentável do país. – Apreensão com o quadro de empregos no setor – obras da copa em fase final; mercado imobiliário menos produtivo este ano; vários conjuntos habitacionais do programa MCMV sendo entregues; lentidão nas obras de infraestrutura; ou seja, o balanço final de mão de obra do setor caminhando para uma situação preocupante. – E mais recentemente preocupação com o desenvolvimento sustentado das cidades brasileiras. Daí a importância de um projeto inédito e muito promissor, que tem como objetivo envolver a sociedade civil organizada nos municípios, em torno dos problemas e das ações da gestão pública, conseguindo uma sinergia bem positiva e eficiente entre os governos e a sociedade, para a obtenção dos resultados planejados e desejados pelas diversas comunidades. Da mesma forma que vossa excelência se preocupa bastante com a qualidade dos nossos produtos e com o bom atendimento aos nossos trabalhadores e nossos clientes, a CBIC, dando continuidade as suas ações nestas áreas esta lançando neste evento cinco publicações da maior relevância. – O “Guia Contrate Certo”, que é uma orientação aos nossos empresários para contratações adequadas dos empreiteiros e subempreiteiros; – O “Guia Nacional pela Elaboração do Manual de Uso, operação e manutenção dos edifícios” que vai orientar os empresários na elaboração dos manuais que normalmente são entregues aos consumidores por ocasião da entrega das obras. – Uma pesquisa sobre “a inovação na construção civil sob a ótica do consumidor” que ajudará na elaboração dos nossos projetos; – “Construindo segurança e saúde”, um simulador de custos de acidentes e afastamentos do trabalho, que ao final, induz o empresário a investir e cuidar melhor do treinamento de suas equipes visando melhor segurança nos canteiros de obras; – “Sistema ERA” para gestão de energia, agua e resíduos, visando maior sustentabilidade de nossos produtos. Percebe-se que a nossa agenda (e aqui somente enumerei alguns dos pontos mais importantes) é ampla e muito densa. Mas o José Carlos está bem familiarizado com ela e certamente a conduzirá com maestria, buscando soluções e sugestões adequadas. Amigas e amigos, Nestes últimos 11 anos, cumprido mandato que me foi outorgado pela Assembleia Geral da CBIC, procurei conduzir os destinos de nossa entidade com muito profissionalismo, equilíbrio, coerência e dedicação. Como diria o folclórico Dario Peito de Aço, o Dadá Maravilha, ídolo do glorioso Clube Atlético Mineiro, atual campeão da “Taça Libertadores” e meu time de coração. Aliás nosso, não é presidenta?? “Eu procurei dar o melhor de si”. Tenho a consciência tranquila de que conseguimos despertar o interesse de muitos companheiros nos quatro cantos do país e imprimir um ritmo a altura da importância do nosso setor. A CBIC é cada vez mais uma entidade respeitada e imprescindível para pensar o desenvolvimento do país, e seguramente continuará dando sua contribuição nos anos futuros. Não vejo como qualquer governo possa pensar o país sem incluir o nosso setor entre suas prioridades. E, nesse contexto, a nossa CBIC já se consolidou como interlocutor legítimo e protagonista de ações fundamentais para o crescimento sustentado do Brasil. Antes de entrar na fase final de meu pronunciamento, e repetindo a solenidade que fazemos há 10 anos na abertura dos nossos ENIC `s, gostaria de convidar para estar ao meu lado minha querida amiga e colaboradora Maria Helena Mauad, que preside os trabalhos do Fórum de Ação Social e Cidadania da CBIC, que anualmente premia empresas e entidades que se destacaram ao longo do ano, com o “PRÊMIO CBIC DE RESPONSABILIDADE SOCIAL”. O prêmio tem o objetivo de fortalecer o desenvolvimento de iniciativas inovadoras, economicamente viáveis, ambientalmente equilibradas e socialmente inclusivas. Isto inclui ações internas na empresa ou na comunidade na qual a empresa atua. Inclui ações na área da educação, das relações humanas, na melhoria do ambiente de trabalho, principalmente na saúde e segurança de nossos trabalhadores. Nos dez anos de sua existência, já premiamos 46 projetos de responsabilidade social; 23 empresas socialmente responsáveis; 23 entidades do setor da construção que desenvolvem práticas sustentáveis e mais recentemente, premiamos dois colaboradores da construção, considerados trabalhadores modelo. Passo a palavra para a mestre de cerimônias, que conduzirá a premiação. Quero agora fazer os meus agradecimentos. Momento perigoso, pois além do fator emoção, corremos o risco da omissão. Desde já me perdoem se eventualmente esquecer alguém. Afinal, são 11 anos de trabalho. Em primeiro lugar quero agradecer a todos os membros das quatro diretorias que tive a honra de presidir. Vice-presidentes, diretores, conselheiros e presidentes de comissões, que foram companheiros leais, fiéis e de grande valor para a nossa administração e para o bom desempenho do setor. Muito obrigado a todos vocês! Muito obrigado às 72 entidades que compõem o quadro associativo da CBIC, representando seguramente mais 50.000 empresas das 27 unidades da Federação, muitas delas aqui presentes. Muito obrigado pelas suas presenças. Essas entidades se desdobraram ao longo destes 11 anos para dar suporte local à nossa CBIC, trazendo sugestões, debatendo os grandes temas, motivando seus empresários, colaborando nas nossas decisivas e importantes ações no Congresso Nacional, enfim, dando sua importante colaboração ao setor e ao país. Obrigado a todos os parceiros da imensa cadeia produtiva da construção. Estivemos sempre juntos, em especial por ocasião da UNC- União Nacional da Construção, em 2006, quando elaboramos documento inédito que foi o embrião do PAC e do MCMV. Não podemos nos distanciar. A força de nossa cadeia é muito expressiva e, unidos, certamente poderemos prestar melhores serviços ao nosso país. Meus agradecimentos especiais ao governo federal, parceiro público principal da CBIC. Muito especialmente a senhora, presidenta Dilma Rousseff, que desde o governo Lula, então como Ministra da Casa Civil, nos acolheu, nos ouviu e nos respeitou como entidade de classe. Lembro-me muito bem, senhora Presidenta, por ocasião de uma audiência em que eu e o José Carlos Martins estivemos em seu gabinete, quando a senhora, certamente num final de dia cansativo e difícil, nos disse: que bom que vocês chegaram, enfim vou ouvir boas propostas, como sempre faz a CBIC. Tenha certeza, senhora presidenta que esta é e será sempre a orientação da nossa Câmara: ajudar ao nosso país, na certeza de que o nosso setor é parte importante e integrante do nosso desenvolvimento. Em nome de Vossa Excelência, gostaria de agradecer a todos os ministros, presidentes de órgãos e empresas públicas, e respectivas equipes, que sempre nos acolheram nestes 11 anos com respeito e atenção. E, particularmente, quero desejar a Vossa Excelência todo o sucesso do mundo, na busca de seus projetos futuros. Obrigado a toda a mídia que sempre reconheceu o nosso papel na economia, prestigiando nossos eventos, abordando com competência nossos temas, procurando informar à sociedade, da melhor maneira possível, as coisas do complexo mundo da indústria da construção e do mercado imobiliário. Continuem prestigiando a CBIC, fonte inesgotável de bons projetos, boas sugestões e boas informações. E se preparem! Vocês não ficarão livres de mim. Ano que vem estaremos juntos novamente no ENIC da Bahia. Um agradecimento especial hoje aos companheiros de Goiás, que não mediram esforços na realização deste espetacular ENIC – o 86º. Obrigado ao Carlos Alberto, ao Ilézio, ao Mario Valois, e todos os integrantes de suas equipes. Obrigado ao Paulo Afonso, amigo de longa data, que hoje representa aqui a CNI, outra grande parceira da CBIC. Transmita por favor, ao presidente Robson Andrade, os nossos mais sinceros agradecimentos pela profícua parceria que fizemos ao longo de todo este tempo e que nos deu as condições necessárias para desenvolver os nossos projetos, que ele entendeu muito bem são projetos da indústria nacional, e, portanto de grande interesse para o país. Obrigado ao amigo e companheiro Gustavo Masi, do Paraguai, aqui representando o nosso presidente da FIIC, Juan Ignácio Silva, que nos prestigia nesta solenidade e que representa muito bem os empresários dos 18 países que integram essa Federação. Quero fazer agora um agradecimento todo especial às minhas amigas e meus amigos que conviveram comigo todos esses anos na CBIC- funcionários e assessores. Os atuais, os antigos, e os que já não estão lá mais conosco. Vou me lembrar por toda vida, sobretudo dos momentos muitos agradáveis que passamos juntos. Vou me lembrar de cada manhã que chegava à CBIC, visitando sala por sala, de cada beijo, de cada abraço, ou simplesmente de cada saudação amiga. Sem a dedicação e o empenho de vocês, certamente não estaríamos aqui hoje celebrando os bons resultados que obtivemos em todos estes anos. Muito obrigado a todos e que sejam muito felizes junto a suas famílias. Espero que a vida nos coloque sempre em contato. Um agradecimento todo especial ao meu amigo e parceiro, José Carlos Martins. Desnecessário dizer, Zé, a importância que você teve ao longo dos oito anos que esteve ao meu lado, em cada dia, em cada minuto da nossa vida na CBIC. Não é à toa que sua eleição foi um sucesso, o que representa o reconhecimento de todos os companheiros do setor pela sua competência, pelo seu trabalho e pela sua dedicação e pela certeza de que você será um grande presidente da CBIC. Serei eternamente grato a você. E você sabe que poderá contar sempre comigo em qualquer momento de sua vida. Que você tenha muito sucesso junto aos seus novos pares, na condução dos destinos da CBIC. Um agradecimento final a minha família, aqui representada pela minha esposa Ângela Maria, meu filho Bruno e meu genro André Augusto. Nunca me faltaram apoio e palavras de incentivo, no desempenho de minhas funções. Muito obrigado. E, finalmente, para não dizer que não falei do futuro, quero agradecer o incentivo e a colaboração de todos os companheiros que me apoiam no meu projeto político, e dizer que tenho muita esperança de estar no ano que vem em Brasília, continuando a defender a indústria da construção e o mercado imobiliário, desta vez na Câmara dos Deputados. Muito obrigado