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É possível aumentar a inteligência das pessoas?

É possível aumentar a inteligência das pessoas?

Silvia Roscoe*

08/04/2014

O entrevistado das páginas amarelas da Veja, Stephen Kosslyn, um dos grandes pesquisadores na área da ciência cognitiva, diz que “a inteligência pode ser dramaticamente ampliada” e que a universidade do futuro não é fundamentada em livros, mas em ferramentas cognitivas que dão aos alunos bagagem intelectual para criar e ter sucesso.[1]

Estudos de neurocientistas do MIT (Massachusetts Institute of Technology), trabalhando com pesquisadores da Universidade de Harvard e de Brown, mostram que mesmo escolas de alto desempenho não influenciam a capacidade dos alunos de analisar problemas abstratos e pensar logicamente[2].

O fato das escolas conseguirem que os alunos tenham melhores resultados nos testes de conhecimento de matemática, leitura e ciência não significa que elas conseguem ajudar os alunos a desenvolver memória de trabalho, velocidade de processamento de informações e habilidade de resolver problemas abstratos.

E por que estas habilidades são tão importantes? Porque, muito mais que o conhecimento, elas são habilidades determinantes da capacidade do indivíduo adaptar-se à complexidade da realidade atual.

É verdade que habilidades de lidar com as próprias emoções e de relacionamento interpessoal são também fatores muito importantes na adaptação do indivíduo, mas, muitas vezes, quando intervimos na sua capacidade cognitiva, isso afeta sua forma de perceber a si mesmo e a realidade e, consequentemente, suas emoções e relacionamentos.

Reuven Feuerstein, psicólogo e educador especialista em desenvolvimento cognitivo, criou um Programa de Enriquecimento Instrumental que tem dois objetivos principais:

1-       O enriquecimento de estratégias cognitivas do indivíduo, levando a maior facilidade de aprendizado e resolução de problemas.

2-       A correção de funções cognitivas deficientes e desenvolvimento de estratégias em indivíduos com necessidades especiais[3].

Tenho utilizado dois dos quatorze instrumentos do Programa de Enriquecimento Instrumental, aliados com técnicas de coaching e jogos,  em programas de Desenvolvimento de Líderes com resultados surpreendentes:

– Os gestores identificam e trabalham estratégias cognitivas que os ajudam no melhor planejamento de suas atividades e de sua equipe, reduzindo desta forma o número de erros e o tempo gasto com tarefas secundárias.

– Analisam e atuam sobre causas fundamentais dos problemas.

– Percebem a importância da motivação intrínseca para o envolvimento dos colaboradores.

– Aprendem estratégias de desenvolvimento cognitivo, emocional e interpessoal.

– Têm maior consciência de como suas ações impactam na motivação e resultados organizacionais.

Trabalho com Desenvolvimento de Líderes há mais de 20 anos, mas não conhecia até então uma forma tão poderosa para gerar autoconhecimento do gestor e melhoria de sua autoliderança, liderança pessoa a pessoa, liderança de equipe e liderança sistêmica.

Hoje tenho consciência de que não basta falar com as pessoas sobre planejamento ou mandá-las fazer cursos de gerenciamento de projetos, se elas não têm desenvolvidas as ferramentas cognitivas necessárias para planejar.

Como diz o entrevistado da Veja, e demonstra a pesquisa do MIT, é preciso investir no desenvolvimento de ferramentas cognitivas que dão aos alunos bagagem intelectual para criar e ter sucesso!

*Silvia Roscoe é consultora e coach, sócia do MS Desenvolvimento de Pessoal Ltda., escritório integrante da Unidade de Serviços Jurídicos do Sinduscon-MG.



[1] Veja – 2 de abril de 2014.

[2] Massachusetts Institute of Technology. “Even when test scores go up, some cognitive abilities don’t.” Sciencedaily 11 December 2013.

[3] FEUERSTEIN, Reuven et al – The Feuerstein Instrumental Enrichment Program.  Jerusalem, ICELP Publications, 2006.