Os economistas do Sinduscon-MG Daniel Furletti e Ieda Maria Pereira Vasconcelos fizeram um raio-x da economia brasileira e do setor da construção civil para os participantes da palestra desta sexta-feira à tarde (13) coordenada pelo Banco de Dados, durante o 88º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC).O evento é promovido pela Comissão Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e realizado pelo Sinduscon Paraná-Oeste, em Foz do Iguaçu (PR). Segundo eles, sem a recuperação da confiança, a economia brasileira não votará a crescer.
Durante a apresentação, Furletti e Ieda detalharam o atual cenário brasileiro: desequilíbrio fiscal; incertezas políticas; baixo patamar de confiança; queda na produção industrial; recessão econômica; desemprego elevado e crescente; inflação superior ao teto da meta e juros altos. Segundo eles, a conjuntura econômica e política vivida até então, não criava condições para superar esse quadro negativo.
As estimativas apontam que o Brasil não reverterá a situação de 2015 e continuará em recessão em 2016. No período, a produção nacional medida pelo PIB (Produto Interno Bruto) deverá registrar queda superior a 7%, a taxa de investimento continuará baixa (em torno de 18% do PIB), assim como a taxa de poupança nacional (cerca de 14% do PIB). Segundo os economistas, para ter um crescimento sustentado, o Brasil precisaria de elevar os investimentos para um patamar de cerca de 25% do PIB.
“Um dos maiores problemas do país é o desequilíbrio das das contas públicas, que deverão encerrar 2016 com deficit superior a R$ 96 bilhões”, comentou Vasconcelos.
Construção
Com o cenário econômico ruim, o setor da construção civil perdeu o patamar histórico de mais de 3 milhões de trabalhadores com carteira assinada. Esse número recuou para 2,6 milhões, uma prova da desaceleração do setor. O quadro é comprovado também em sondagem feita entre os empresários da construção civil, realizada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Segundo os empresários, os principais problemas enfrentados hoje pelo setor são as taxas de juros, seguido por demanda interna insuficiente, inadimplência, elevada carga tributária e falta de capital de giro.
Ambos os economistas afirmam que para 2016 o cenário continuará sendo de dificuldades. Pesquisa feita pelo Banco Central junto a analistas do mercado financeiro prevê mais inflação e menos crescimento. Para o setor da construção, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) espera queda de 5% no nível de atividade. “Será o terceiro ano consecutivo de resultado negativo”, disse Vasconcelos.
Mudanças
De acordo com os palestrantes, para retomar os eixos o Brasil precisa dinamizar os investimentos; utilizar outro modelo para fugir da crise, diferente do adotado à luz do consumo; melhorar solidez fiscal e controle da inflação; promover reformas necessárias; investir em infraestrutura e aumentar a produtividade.
Para a construção, Ieda e Daniel acreditam que um dos caminhos é a PPP (Parceria Público-Privada) e concessões. Todos os dados apresentados estão disponíveis no Banco de Dados da CBIC (www.cbicdados.com.br).
Fonte: CBIC Hoje